A Mala e os Errantes: Uma Comédia Romântica com Roubo em Nova York?
Em 2016, Adam Leon nos presenteou com A Mala e os Errantes, um filme que, a julgar pela sinopse, prometia uma deliciosa mistura de comédia, drama e romance em meio a um assalto em Nova York. Acompanhamos Ellie e Danny, dois criminosos improváveis unidos por um golpe que dá terrivelmente errado, e suas peripécias pelos cantos mais inesperados da cidade durante dois dias de verão. A trama, repleta de enganos de identidade, acidentes hilários e uma química crescente entre os protagonistas, deveria ter resultado numa comédia romântica leve e divertida. Mas, como muitas vezes acontece, a realidade se mostrou mais complexa.
O filme, apesar de seus defeitos, possui um charme singular. Leon, que também assina o roteiro, demonstra uma clara sensibilidade indie, optando por uma estética crua e realista, longe do glamour hollywoodiano. As locações em Nova York são utilizadas com maestria, mostrando a cidade em sua faceta mais diversificada, transitando entre bairros elegantes e regiões mais periféricas. No entanto, é precisamente neste realismo cru que reside um de seus maiores problemas. A direção, embora competente na construção de atmosfera, não consegue sempre equilibrar o tom. Há momentos de humor genuíno, pontuados por outros de um drama que se sente forçado, quase melodramático.
As atuações, de maneira geral, são sólidas. Grace Van Patten e Callum Turner transmitem uma química convincente, tornando crível a relação que se desenvolve entre seus personagens. A dinâmica entre eles, o fio condutor da narrativa, segura o filme em momentos em que o roteiro demonstra certa fragilidade. A escolha do elenco coadjuvante também é eficaz, com atuações competentes que complementam a dupla principal, sem roubar a cena desnecessariamente.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Adam Leon |
| Roteirista | Adam Leon |
| Produtores | Andrea Roa, David Kaplan, Jamund Washington, Joshua Astrachan |
| Elenco Principal | Callum Turner, Grace Van Patten, Michal Vondel, Mike Birbiglia, Louis Cancelmi |
| Gênero | Comédia, Drama, Romance |
| Ano de Lançamento | 2016 |
| Produtoras | Animal Kingdom, Rooks Nest Entertainment |
O problema central de A Mala e os Errantes, e aqui concordo em parte com a crítica que o descreveu como “contrived and ineffectual”, reside no roteiro. O plot, apesar de promissor, é previsível e mal desenvolvido em alguns pontos. A construção da trama se apoia em coincidências convenientes e situações um tanto artificiais, comprometendo a credibilidade da narrativa. A tentativa de equilibrar o tom entre a comédia pastelão, o drama de personagens à margem da sociedade e o romance juvenil resulta numa mistura que, frequentemente, parece desequilibrada, sem uma identidade definitiva.
A mensagem subjacente, apesar da execução irregular, é interessante. A Mala e os Errantes nos apresenta personagens perdidos e à margem da sociedade, buscando desesperadamente um propósito, um sentido em suas vidas atribuladas. O improvável romance que floresce entre Ellie e Danny é um reflexo dessa busca por conexão humana num cenário urbano hostil. O filme aborda temas como a solidão, a busca por pertencimento e a fragilidade dos sonhos, embora de forma superficial.
Em resumo, A Mala e os Errantes é um filme irregular, com pontos altos e baixos evidentes. Embora o charme da estética indie e as boas atuações de Van Patten e Turner o tornem assistível, o roteiro pouco inspirado e a falta de coesão narrativa o impedem de atingir seu pleno potencial. Atualmente, em 2025, se você busca uma comédia romântica leve e despretensiosa para assistir em plataformas digitais, pode dar uma chance ao filme, mas não espere uma obra-prima. A experiência será provavelmente uma mistura de momentos agradáveis com outros que te deixarão um pouco desapontado. Sua recomendação, portanto, é condicionada a uma expectativa moderada, sem grandes pretensões.




