Natal em Hollywood

Um Natal em Hollywood: Brilho efêmero ou calor duradouro?

Confesso, meus caros cinéfilos, que cheguei a Natal em Hollywood com certo ceticismo. Mais um filme natalino, mais uma fórmula batida de romance e comédia… pensei. Mas, para minha surpresa – e talvez para decepção de alguns puristas – o longa-metragem de Alex Ranarivelo, lançado no Brasil em 01 de dezembro de 2022, conseguiu me surpreender. Lançado há quase três anos, ele ainda ecoa em mim, não por sua originalidade revolucionária, mas por um charme peculiar e uma honestidade inesperada.

O filme acompanha Jessica, uma cineasta de sucesso especializada em filmes natalinos, interpretada com graça por Jessika Van. Sua trajetória profissional, porém, encontra um impasse criativo, e a pressão para entregar um novo sucesso de bilheteria a deixa abalada. Em meio ao caos das festas de fim de ano em Hollywood, ela se cruza com Christopher (Josh Swickard, sempre charmoso), que traz um vento fresco e, digamos, menos “glitter” à sua vida – uma mudança que se prova essencial para sua jornada. A sinopse é simples, previsível, até. Mas, como um bom vinho, a experiência vai além da primeira impressão.

Ranarivelo, na direção, opta por uma estética clean e eficiente, sem firulas desnecessárias. A fotografia, apesar de não ser memorável, serve bem ao tom geral do filme, que oscila entre a leveza da comédia romântica e a introspecção da protagonista. O roteiro de John Ducey, embora não invente a roda, funciona. Ele sabe exatamente o que pretende entregar: um filme leve, divertido e com uma mensagem de autodescoberta que, apesar de clichê, ressoa de forma genuína. Não há reviravoltas chocantes, mas há uma sinceridade no desenvolvimento dos personagens que compensa a falta de originalidade na trama.

As atuações são um ponto forte. Jessika Van carrega o filme nas costas com uma performance convincente, transmitindo a vulnerabilidade e a força de Jessica com naturalidade. Josh Swickard é o contraponto perfeito, representando um charme sem ser excessivamente piegas. Missi Pyle, como a agente Theresa Frost, rouba a cena em cada aparição, com sua performance divertida e ácida.

Mas, é claro, nem tudo são flores. O filme cai em alguns clichês comuns do gênero, e algumas piadas podem não funcionar para todos. A narrativa, apesar de fluida, não foge de um ritmo previsível, que pode tornar a experiência um tanto morna para espectadores que buscam uma trama mais complexa. A trilha sonora, embora adequada, não se destaca.

A mensagem principal de Natal em Hollywood vai além do mero romance. O filme explora a pressão por sucesso, a busca pela auto-realização profissional e a importância de encontrar um equilíbrio entre a vida pessoal e a carreira. Apesar de ser abordado de forma leve, o tema se mostra relevante, especialmente para aqueles que se identificam com a jornada de Jessica. No contexto de 2022, acredito que o filme atingiu um público faminto por histórias leves e confortáveis, em meio ao estresse da pandemia ainda recente, mas sua mensagem de resiliência continua pertinente até hoje. A recepção, de forma geral, foi positiva, sem alcançar grande impacto mas ganhando reconhecimento por sua simplicidade cativante.

Em resumo, Natal em Hollywood não é uma obra-prima cinematográfica, mas é um filme charmoso, agradável e que cumpre o que promete. Se você está procurando um filme leve e divertido para assistir na sua maratona de filmes natalinos (ou em qualquer época do ano, diga-se de passagem), vale a pena conferir. Recomendo-o principalmente para aqueles que apreciam comédias românticas com um toque de sinceridade e uma pitada de auto-reflexão. É um filme que talvez você não lembre daqui a dez anos, mas que certamente lhe proporcionará um momento de entretenimento leve e agradável no presente. Não espere grandes surpresas, mas espere um abraço cinematográfico acolhedor.