Um Homem de Ação: Uma Aventura Anarquista que Rouba a Cena (ou Tenta)
Confesso: quando vi a sinopse de Um Homem de Ação, um filme sobre um anarquista espanhol que falsificava cheques de viagem para desafiar o sistema, pensei: “Mais um filme indie com ares de manifesto político, provavelmente chato e pretensioso”. Que bom que estava errado – mas também, que pena que não estava completamente certo.
O longa, lançado no Brasil em 30 de novembro de 2022, nos apresenta Lucio Urtubia, um personagem fascinante interpretado com energia bruta por Juan José Ballesta. O filme acompanha sua jornada de idealista rebelde a mestre da falsificação, sempre um passo à frente do implacável sistema bancário americano. A trama, sem revelar muito, gira em torno de suas audaciosas operações financeiras e sua luta ideológica, envolvendo alianças, traições e a constante ameaça da prisão. É uma história de David contra Golias, mas com muito mais dinamismo do que a descrição sugere.
A direção de Javier Ruiz Caldera demonstra uma habilidade interessante em equilibrar o drama pessoal de Lucio com a tensão da trama policial. Há momentos de suspense genuíno, que prendem a atenção, mesmo que o roteiro de Patxi Amezcua às vezes peca por um certo apressamento narrativo. Certos arcos secundários, especialmente os envolvendo seus cúmplices, poderiam ter sido mais desenvolvidos, aprofundando o impacto emocional da narrativa. A fotografia, por sua vez, é impecável, capturando a atmosfera dos anos 70 com uma precisão quase documental. No entanto, a edição, em alguns momentos, sentiu-se ligeiramente desajeitada, prejudicando o ritmo em certas cenas cruciais.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Javier Ruiz Caldera |
Roteirista | Patxi Amezcua |
Produtores | Javier Ugarte, Edmon Roch |
Elenco Principal | Juan José Ballesta, Miki Esparbé, Luis Callejo, Liah O'Prey, Alexandre Blazy |
Gênero | Drama, História |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtoras | La Pulga y el Elefante, Ikiru Films, La Terraza Films |
O elenco, como um todo, entrega uma performance razoável. Juan José Ballesta carrega o filme nas costas, mas a química entre os atores não é sempre convincente. Miki Esparbé, como Quico, é um contraponto interessante, mas seu personagem poderia ter sido melhor explorado. A atuação de Luis Callejo como Asturiano também é digna de nota, adicionando uma camada de complexidade à trama.
Onde Um Homem de Ação realmente brilha é em sua audácia. O filme não tem medo de se posicionar, de apresentar a história de um anarquista não como um vilão, mas como um revolucionário – mesmo que suas ações sejam, de fato, ilegais. A mensagem sobre a hipocrisia do sistema financeiro e a luta contra a injustiça é clara, embora talvez um pouco maniqueísta. A atitude quase “Robin Hood” de Lucio é o que torna o filme tão envolvente, apesar de seus defeitos.
O maior problema de Um Homem de Ação, na minha opinião, reside em sua ambição. O filme tenta abarcar muitos temas – anarquismo, política, luta de classes, crime organizado – e, em sua tentativa de abraçar tudo, acaba perdendo um pouco do foco. A narrativa poderia ser mais contida, mais focada em desenvolver os personagens e as relações entre eles.
No entanto, olhando para trás, em setembro de 2025, vejo Um Homem de Ação não como um filme perfeito, mas como uma experiência cinematográfica interessante e provocadora. Recomendo-o a quem busca um filme de ação que não seja o produto hollywoodiano padrão, a quem se interessa por histórias reais pouco convencionais e a quem não se assusta com uma pitada de anarquia na tela. A recepção crítica foi um tanto dividida, mas eu acredito que a ousadia do projeto, somado à energia contagiante de Ballesta, compensam as falhas narrativas e tornam a experiência cinematográfica válida, apesar de imperfeita. É um filme que fica com você, mesmo depois dos créditos finais. Vale a pena a conferida, especialmente em plataformas de streaming.