Exército do Amanhã

Exército do Amanhã: Uma Invasão Vegetal que Deixa a Desejar

Confesso, cheguei a Exército do Amanhã (2022) com expectativas moderadas. O trailer prometia ação frenética em um cenário pós-apocalíptico chinês, temperado com aquele toque de ficção científica que a indústria cinematográfica asiática, particularmente de Hong Kong, sabe tão bem entregar. A verdade, porém, é que o filme se revela uma experiência… mista. Três anos depois de seu lançamento, relembrá-lo me deixa com uma sensação ambígua, um coquetel de admiração e frustração que me obriga a escrever esta resenha.

A trama, em poucas palavras, gira em torno de um meteorito que espalha uma planta alienígena mortal pela China. Um grupo de soldados, liderados pelo durão Tai Loi (um Louis Koo sempre convincente), forma um esquadrão para conter a ameaça e salvar o que resta da região afetada. Mas logo a situação se complica, revelando uma ameaça extraterrestre de proporções muito maiores do que aparenta inicialmente. Esta sinopse básica esconde alguns twists interessantes, mas, infelizmente, a execução deixa a desejar em vários pontos.

A direção de 吳炫輝 demonstra uma certa incapacidade de equilibrar as cenas de ação, que são bem coreografadas e visualmente interessantes (apesar de algumas apostas em CGI que demonstram sua idade), e os momentos de drama, que se perdem em diálogos previsíveis e desenvolvimento de personagens pouco convincente. A trama se precipita, atropelando o potencial de explorar a complexidade da situação pós-apocalíptica e o impacto psicológico na população.

O roteiro, assinado por 劉浩良 e Mak Tin-Shu, é, sem rodeios, o maior ponto fraco do filme. A premissa de uma invasão vegetal alienígena, por si só, não é ruim, mas a forma como ela é desenvolvida é extremamente simplista e, como alguns críticos já apontaram, um pouco “sem inspiração”. A ameaça alienígena carece de profundidade, sendo pouco mais que um obstáculo visual para a ação. As motivações dos personagens são rasas, e as relações entre eles não convencem plenamente.

Apesar do roteiro, o elenco salva a pele em alguns momentos. Louis Koo, 劉青雲, 劉嘉玲 e o resto do time demonstram o profissionalismo que se espera de atores de sua calibre, entregando atuações sólidas, mesmo com o material que tinham em mãos. Eles conseguem transmitir emoção e humanidade aos seus personagens, mesmo diante de diálogos clichês e um desenvolvimento de personagens pouco aprofundado.

Os pontos fortes de Exército do Amanhã se limitam principalmente às sequências de ação e alguns momentos de suspense bem construídos. A fotografia, em alguns momentos, é bastante competente e contribui para a atmosfera tensa do filme. Por outro lado, o roteiro previsível, o desenvolvimento superficial dos personagens e a simplificação da ameaça alienígena comprometem seriamente a experiência.

O filme, em essência, aborda temas de sobrevivência, sacrifício e a luta contra forças avassaladoras. No entanto, esses temas são superficialmente tratados, perdendo-se em meio à ação desenfreada. Não há uma mensagem profunda ou um questionamento complexo que prenda o espectador além da pura e simples diversão.

Em resumo, Exército do Amanhã é um filme com um potencial desperdiçado. É uma produção que poderia ter sido muito melhor com um roteiro mais consistente e uma exploração mais profunda dos seus temas centrais. Apesar do elenco talentoso e algumas cenas de ação bem executadas, a simplicidade e a falta de originalidade da trama o tornam uma experiência mediana, longe da obra-prima que poderia ter sido. Recomendo apenas para quem busca um filme de ação simples e sem grandes pretensões, disponível nas plataformas de streaming. Não espere grandes surpresas, porém; a aventura espacial é um tanto… herbácea. Se você é um fã ávido de ficção científica, talvez seja melhor procurar por outras opções.