Diário de um Banana: Uma Comédia de Amadurecimento (Ainda) Pertinente em 2025
Confesso: em 2010, quando Diário de um Banana estreou, eu não estava exatamente na fila do cinema aguardando ansiosamente. Filmes para o público infanto-juvenil, naquela época, ainda me pareciam um terreno árido para um crítico de cinema com o meu currículo. Mas 15 anos depois, revisitar esse longa-metragem dirigido por Thor Freudenthal me trouxe uma surpresa agradável, e, sim, até mesmo uma certa nostalgia.
A trama acompanha Greg Heffley, um garoto que se vê em meio à turbulenta jornada da transição para o ginásio. Greg aspira a grandezas, mas a realidade, repleta de colegas estranhos, valentões e situações hilárias, o joga de cabeça em um mar de constrangimentos e descobertas. É uma premissa simples, mas que funciona perfeitamente como um retrato caricato e, por vezes, surpreendentemente realista, da angústia e da descoberta de si próprio na pré-adolescência.
Freudenthal opta por uma direção eficiente, sem grandes arroubos, focando na construção dos personagens e na exploração do humor físico e situacional que permeia o roteiro de Jackie Filgo, Jeff Filgo, Jeff Judah e Gabe Sachs. A adaptação da obra literária, embora tenha simplificado alguns pontos da história original, mantém a essência da narrativa, que é, em última análise, uma celebração da amizade e das dificuldades de se navegar pelo labirinto da vida escolar.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Thor Freudenthal |
| Roteiristas | Jackie Filgo, Jeff Filgo, Jeff Judah, Gabe Sachs |
| Produtores | Nina Jacobson, Brad Simpson |
| Elenco Principal | Zachary Gordon, Robert Capron, Steve Zahn, Devon Bostick, Rachael Harris |
| Gênero | Comédia, Família |
| Ano de Lançamento | 2010 |
| Produtoras | Dayday Films, Color Force, Dune Entertainment, Fox 2000 Pictures |
As atuações, especialmente a de Zachary Gordon como Greg, são um ponto alto do filme. Ele equilibra a arrogância e a insegurança do personagem com maestria, tornando-o simpático, mesmo com seus defeitos. Robert Capron como Rowley, o melhor amigo, rouba a cena com sua interpretação adorável e leal. O restante do elenco, com Steve Zahn, Devon Bostick e Rachael Harris, entrega performances sólidas que sustentam o núcleo familiar levemente disfuncional, mas carinhoso, do filme.
Mas Diário de um Banana não está isento de críticas. Como um crítico que se orgulha de sua perspicácia, devo admitir que o personagem principal é, sim, como algumas críticas contemporâneas (e algumas revisitas de 2025 como a minha) observaram, moralmente ambíguo. Greg não é exatamente um herói, e às vezes suas ações são questionáveis. Essa ambiguidade é, por um lado, um reflexo realista da complexidade dos jovens em formação, mas, por outro, pode incomodar aqueles que esperam um protagonista mais claramente “bom”. Outro ponto fraco é a transição entre os formatos live-action e animação (utilizando desenhos e rabiscos), que em alguns momentos parece um pouco abrupta.
No entanto, o filme acerta em cheio ao abordar temas importantes, como amizade, família e a busca pela identidade. O uso do recurso de quebra da quarta parede, presente no livro e mantido na adaptação cinematográfica, cria uma conexão direta e íntima com o público, tornando a experiência mais imersiva. O filme é, essencialmente, uma jornada de autodescoberta, culminando em um final levemente agridoce, mas otimista. Este “amadurecimento” não é o épico da trajetória do herói, mas sim o tipo de lição aprendida na própria pele – em suma, uma representação da vida real.
Ao revisitar o filme em 2025, percebi que Diário de um Banana transcendeu um pouco o seu público-alvo inicial. Sim, é um filme divertido e perfeito para uma tarde com a família, mas também aborda questões mais profundas sobre a adolescência, de maneira leve e inteligente. Não é um filme que vou rever semanalmente, mas certamente vale a pena assistir, principalmente para aqueles que apreciam a comédia de amadurecimento, mesmo que, 15 anos depois, alguns aspectos de sua produção se mostrem um tanto datados. Recomendo o streaming em plataformas digitais para o público familiar e para quem aprecia uma boa dose de nostalgia – ou para quem quer ver se minhas considerações se sustentam.




