Minha Noiva é de Matar: Uma Comédia Negra que Mordeu Mais do que Mastigou
Cinco anos se passaram desde que Minha Noiva é de Matar chegou às plataformas digitais em 2020, e confesso: só agora tive a oportunidade de assistir a essa curiosa produção italiana. E, acreditem, a espera valeu (quase) a pena. A premissa, no mínimo, intrigante – um cara inseguro e desastrado conhecendo a família rica e aparentemente perfeita da noiva – prometia uma comédia pastelão com pitadas de suspense. E, em partes, ela cumpre.
A sinopse, sem spoilers, nos apresenta Orlando, um jovem interpretado por Gabriel Lo Giudice com uma energia nervosa palpável, que precisa enfrentar o desafio de impressionar os Liviatani, uma família de empresários poderosos. Seu melhor amigo, Biagio (Giovanni Anzaldo), um contraponto hilário ao seu personagem principal, o acompanha nessa jornada ao inferno. Ou seria ao paraíso? Aí que está o pulo do gato.
Riccardo Papa, diretor e um dos roteiristas ao lado de Antonio Cardia, opta por uma direção que oscila entre o slapstick bem-humorado e momentos de suspense que, infelizmente, não são tão bem desenvolvidos. A câmera parece se divertir com o caos que Orlando provoca, explorando os cenários suntuosos da mansão Liviatani com uma certa ironia, contrapondo a opulência com a insegurança do protagonista. Há momentos de grande criatividade visual, especialmente nas cenas mais cômicas, onde a edição rápida e a trilha sonora contribuem para a atmosfera frenética. No entanto, a transição entre a comédia e o suspense se mostra abrupta em algumas ocasiões, prejudicando o ritmo e o impacto emocional.
| Atributo | Detalhe | 
|---|---|
| Diretor | Riccardo Papa | 
| Roteiristas | Riccardo Papa, Antonio Cardia | 
| Elenco Principal | Gabriel Lo Giudice, Federica Sabatini, Fortunato Cerlino, Antónia Lišková, Giovanni Anzaldo | 
| Gênero | Comédia, Crime | 
| Ano de Lançamento | 2020 | 
| Produtora | Play Entertainment | 
As atuações são um ponto alto. Gabriel Lo Giudice convence como o Orlando desengonçado e hilariamente atrapalhado. Federica Sabatini, como Diana, consegue ser enigmática sem cair no estereótipo da “mulher misteriosa”, e Fortunato Cerlino e Antónia Lišková, como os pais de Diana, conseguem transmitir a frieza e a arrogância da alta sociedade italiana com maestria. Giovanni Anzaldo, como Biagio, rouba a cena com sua interpretação impecável do melhor amigo sarcástico e observador.
O roteiro, por sua vez, é um caso à parte. Ele funciona bem na construção da comédia, com diálogos espirituosos e situações hilárias. Mas o suspense, a grande promessa da sinopse, é deixado de lado em favor de gags que, por vezes, se repetem e perdem a graça. O mistério que se esconde atrás das paredes da mansão é revelado de forma um tanto anti-climática, deixando a sensação de que a trama poderia ter sido explorada de maneira mais profunda e impactante.
Minha Noiva é de Matar é, em essência, uma comédia italiana leve e divertida, com momentos de suspense que não chegam a assustar, mas que garantem algumas reviravoltas inesperadas. Seu maior ponto forte reside no carisma do elenco e em alguns momentos de genialidade cômica. No entanto, a trama deixa a desejar, pecando por um desenvolvimento desigual e um final que não justifica completamente o mistério proposto.
Se você busca uma comédia leve e despretensiosa para assistir em uma tarde descompromissada, Minha Noiva é de Matar pode ser uma boa pedida. Mas se espera um thriller psicológico intenso, prepare-se para uma decepção. A obra flerta com a excelência, mas não consegue entregar completamente o que promete, permanecendo, no fim das contas, um divertido, porém, inacabado aperitivo. Recomendo-a com ressalvas, especialmente para aqueles que apreciam o humor pastelão italiano e não se importam com um desenvolvimento de trama um tanto irregular.




