O Máskara

Existe algo de profundamente nostálgico em revisitar filmes que nos marcaram em certas fases da vida, e poucas obras dos anos 90 evocam essa sensação tão vividamente quanto O Máskara. Para mim, é quase como abrir uma cápsula do tempo, um convite direto para o caos vibrante e a comédia sem limites que definiram uma era. Voltar a Edge City, aqui em 2025, é mais do que apenas assistir a um filme; é sentir o pulso de uma década que não tinha medo de ser exagerada, extravagante e, acima de tudo, hilária.

Lembro-me da primeira vez que vi Stanley Ipkiss, um sujeito de banco, decente, mas socialmente desajeitado, tão distante do seu potencial que a gente sentia uma pontada de pena. O sucesso com as mulheres? Uma miragem distante. Os dias de Stanley eram uma sequência de pequenas humilhações, culminando naquele que parecia o pior de todos. É neste ponto de desespero que o destino (ou talvez a mitologia nórdica, na figura de Loki) intervém, entregando a ele uma estranha máscara encontrada no mar. E é aí que a magia acontece, ou, para ser mais preciso, a anarquia.

Quando Stanley coloca a máscara, ele não apenas muda de cor – seu rosto ganha um tom de verde vibrante – ele se transforma. O Máskara emerge, um ser sem freios, impulsionado por uma coragem para fazer as coisas mais arriscadas e divertidas que Stanley jamais ousaria. É uma libertação pura, um mergulho no surrealismo que transcende qualquer lógica. A dual identity não é apenas uma conveniência de enredo; é o cerne da piada, a manifestação física do desejo reprimido de ser alguém diferente, alguém especial. A velocidade sobre-humana e o humor não-convencional são apenas a cereja do bolo neste universo de slapstick comedy desenfreada, onde até balões se tornam escudos e os olhos saltam para fora da cabeça.

A genialidade de O Máskara reside em grande parte na performance de Jim Carrey. Ele não interpreta Stanley Ipkiss e O Máskara; ele é os dois, navegando entre a timidez patológica e a exuberância cartunesca com uma fluidez que desafia a gravidade. Sua fisicalidade é lendária, e aqui ela encontra um palco perfeito. Carrey não só se move como um desenho animado que ganhou vida, mas também dá voz a um arsenal de wisecrack humor que se tornaria icônico. Vinte e um anos depois, e ainda é impressionante ver a energia que ele injeta em cada quadro, fazendo com que a transformação seja não apenas visual, mas visceral. É por causa dele que a gente compra a ideia de um “superhero” que está mais interessado em pregar peças do que em salvar o mundo da maneira tradicional.

AtributoDetalhe
DiretorChuck Russell
RoteiristaMike Werb
ProdutorRobert Engelman
Elenco PrincipalJim Carrey, Peter Riegert, Peter Greene, Amy Yasbeck, Richard Jeni
GêneroRomance, Comédia, Crime, Fantasia
Ano de Lançamento1994
ProdutorasDark Horse Entertainment, New Line Cinema

Claro, nem tudo são flores em Edge City. A trama se adensa com a entrada de Tina Carlyle, a bela e sensual cantora do Coco Bongo, a discoteca do momento. A atração de O Máskara por ela é instantânea, e daí surge a vertente de romance que dá um tempero a mais à narrativa. Mas o problema de Stanley (e de O Máskara) é Dorian Tyrrell, um gângster sem escrúpulos que também namora Tina. Peter Greene faz um vilão convincente, um super villain que busca se apoderar da supernatural power da máscara para o mal, transformando a comédia em um filme de crime com toques de fantasia. A corrida contra o tempo para destruir O Máskara e roubar seu poder adiciona a tensão necessária, enquanto o detetive Mitch Kellaway (Peter Riegert) se esforça para entender o caos que assola a urban setting. E não podemos esquecer de Charlie Schumaker, o amigo fiel, e Peggy Brandt (Amy Yasbeck), que adiciona suas próprias complicações à vida de Stanley. Ah, e Milo, o cãozinho leal, que rouba a cena mais de uma vez!

Penso nas críticas da época e até nas mais recentes. É verdade que, revendo hoje, “algumas das piadas não se encaixaram tão bem” e que o conceito em si de um ser tão “ridículo”, mesmo dentro dos limites deste universo, pode ser um pouco demais para alguns. Não é tão “citável” quanto eu lembrava, por exemplo. Mas essa é a beleza da nuance, não é? O filme, baseado em comic da Dark Horse, nunca se propôs a ser uma obra-prima de sutileza. Era uma grande brincadeira, uma zombaria da realidade que, no seu excesso, encontrava a sua verdade. A transformação de Stanley, sua jornada para o jail cell e de volta, e a forma como a máscara permite a ele, e depois a Dorian, exercer poder, é uma exploração divertida do que significa ser “livre” ou “poderoso”.

No fim das contas, O Máskara é uma celebração da comédia e da imaginação. É um filme que te puxa para dentro do seu turbilhão de cores e piadas, deixando você, mesmo que por um breve momento, esquecer a seriedade da vida. Com um ritmo que alterna entre a calma de Stanley e a fúria verde do Máskara, o filme nos lembra que, às vezes, a melhor forma de enfrentar nossos medos e frustrações é simplesmente… rir deles. E se for com um rosto verde, melhor ainda. Afinal, quem não gostaria de ter um pouco daquela magia de Loki para colocar ordem no caos da vida, mesmo que por umas horinhas? Isso sim é o verdadeiro poder da máscara, muito além de qualquer vilão.

Trailer

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