A Ressurreição da Múmia: Um Desenterramento Deceptivo?
Confesso que cheguei à sessão de A Ressurreição da Múmia com expectativas moderadas. Filmes de terror com múmias, convenhamos, são um território batido, repleto de clichês e, muitas vezes, de atalhos narrativos baratos. Mas a promessa de uma abordagem diferente, pelo menos em termos de um vendedor ambulante obcecado pela ressurreição de uma princesa egípcia, me instigou a dar uma chance a este longa-metragem lançado em 30 de março de 2023 no Brasil. Duas coisas me surpreenderam: a qualidade da produção não foi tão ruim quanto eu temia, mas, por outro lado, o filme sofre de uma certa inércia narrativa que o impede de realmente decolar.
A Trama: Uma Busca por Imortalidade e Destruição
A sinopse já entrega o básico: Everett Randolph, um vendedor sem escrúpulos interpretado por Chris Bell, encontra um sarcófago amaldiçoado e se torna obcecado pela ideia de trazer a princesa mumificada, Khenmetptah (Raven Lee), de volta à vida. A jornada dele, acompanhada por um elenco de personagens caricatos, incluindo o divertido Sykes (Carl Wharton) e o mais sisudo Charlie (Marcus Langford), é marcada por eventos sobrenaturais, sustos baratos e uma dose considerável de sangue. Não vou revelar os detalhes para não estragar a (relativamente pouca) surpresa, mas a premissa, embora clichê, abre espaço para explorar temas interessantes sobre ganância, poder e a busca por imortalidade.
Direção, Roteiro e Atuações: Uma Mistura de Acertos e Erros
Steve Lawson, que também assina o roteiro, demonstra um bom controle da direção, especialmente nas cenas de suspense. A atmosfera sombria, bem construída, contribui para a tensão crescente. A fotografia, embora não inovadora, cumpre seu papel, criando um visual apropriado para o gênero. No entanto, o roteiro peca por uma previsibilidade excessiva. O arco narrativo parece preguiçoso em alguns momentos, com a trama se desenvolvendo de forma pouco orgânica. As atuações são um ponto misto. Chris Bell entrega um Everett convincente, apesar da sua personagem ser um pouco unidimensional. Já Raven Lee, como Khenmetptah, brilha em seus momentos de tela. O restante do elenco se mostra competente, mas nada excepcional.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Steve Lawson |
| Roteirista | Steve Lawson |
| Elenco Principal | Carl Wharton, Chris Bell, Marcus Langford, Raven Lee, Sophie Marlowe |
| Gênero | Terror, Fantasia |
| Ano de Lançamento | 2023 |
| Produtora | Creativ Studios |
Pontos Fortes e Fracos: Um Equilíbrio Precário
Um dos pontos fortes de A Ressurreição da Múmia é, sem dúvida, a atmosfera. Lawson consegue criar momentos genuinamente tensos, explorando o lado psicológico do medo. O design de produção e a maquiagem também são dignos de nota, contribuindo para a imersão do espectador no universo sobrenatural do filme. Infelizmente, a trama linear e previsível acaba por prejudicar o impacto geral. O roteiro se apoia muito em sustos baratos e em um desenvolvimento de personagens raso, impedindo que a narrativa alcance seu pleno potencial.
Temas e Mensagens: Uma Reflexão Superficial
O filme aborda temas como ganância e a obsessão pela imortalidade, mas de forma superficial. Embora esses temas sejam interessantes, a exploração é pouco profunda, servindo mais como pano de fundo para a trama de terror do que como um elemento central. A busca de Everett por poder e riquezas através da ressurreição de Khenmetptah poderia ter sido explorada com mais nuances, permitindo uma reflexão mais significativa sobre os perigos da ambição desmedida.
Conclusão: Vale a Pena Assistir?
A Ressurreição da Múmia é um filme de terror mediano. Embora não seja um desastre completo, tampouco se destaca pela originalidade ou inovação. Ele oferece alguns sustos e uma atmosfera competente, mas seu roteiro previsível e desenvolvimento de personagens fraco o impedem de ser uma experiência verdadeiramente memorável. Recomendo apenas para fãs do gênero que não se importem com um filme que não irá reinventar a roda, mas que ainda assim oferece um entretenimento razoável para uma noite de terror casual. Se você estiver procurando por algo mais substancial, talvez seja melhor procurar outra opção em alguma plataforma de streaming. Afinal, olhando para trás em 2025, a memória que fica é de um filme que se esforçou, mas acabou não entregando o que prometeu.




