A Estrada de Lichia

Ah, A Estrada de Lichia. Um título que, à primeira vista, pode soar tão bucólico quanto uma canção de ninar campestre. Mas, acredite, caros leitores, por trás dessa aparente tranquilidade, reside uma das sagas mais tensas e inventivas que tive o prazer de experienciar este ano. Desde 7 de junho, quando a Tencent Penguin Pictures nos apresentou esta joia, eu me peguei completamente imerso nessa corrida contra o tempo, contra a burocracia e, no fim das contas, contra a própria natureza humana.

Você já se viu numa situação onde o impossível é a única opção? Onde falhar não é sequer um cenário contemplado, porque as consequências seriam catastróficas? Eu já, mas minhas apostas nunca foram tão altas quanto as de Li Shande, o protagonista dessa série arrebatadora. Pense bem: lichias. Aquelas pequenas joias tropicais, com sua polpa translúcida e doçura inconfundível. Para nós, um deleite. Para Li Shande, uma sentença de morte disfarçada de missão imperial.

Li Shande (Lei Jiayin, numa atuação que é um primor de sutileza e intensidade), um ex-supervisor que teve a infelicidade de cruzar o caminho errado ou, mais provavelmente, de ser um peixe pequeno demais num oceano de tubarões, é rebaixado e forçado a se tornar o “Enviado da Lichia”. A tarefa? Entregar lichias fresquíssimas de Lingnan (uma distância assombrosa de mais de 5.000 li, ou seja, uns 2.500 km, para os curiosos de plantão) até Chang’an. Tudo isso como um presente de aniversário para a caprichosa Nobre Consorte. O problema? As lichias, diz o ditado, “mudam de cor em um dia, perdem a fragrância em dois e o sabor em três”. Três dias para cruzar um continente! Como é que isso, em nome dos céus, poderia ser feito?

É essa pergunta que me manteve, e tenho certeza que manterá você, grudado na tela, episódio após episódio. O criador Ma Boyong, que já nos presenteou com narrativas históricas tão densas quanto um bom vinho tinto, consegue mais uma vez transformar um detalhe aparentemente trivial da história chinesa num épico de proporções titânicas. Ele nos mostra que os maiores dramas humanos, as maiores demonstrações de engenhosidade e resiliência, muitas vezes nascem das pressões mais absurdas.

AtributoDetalhe
CriadorMa Boyong
DiretorCao Dun
Elenco PrincipalLei Jiayin, Yunpeng Yue, Nashi, Vivienne Tien, Lv Liang, Gong Lei, Feng Jiayi, Lu Fangsheng, Zhao Wei, 蔡鹭
GêneroDrama
Ano de Lançamento2025
ProdutorasTencent Penguin Pictures, Liu Bai Entertainment, Tencent Video

A série, sob a direção meticulosa de Cao Dun (outro nome que traz um selo de qualidade, vide seu trabalho em “The Longest Day in Chang’an”), não nos entrega soluções fáceis. Pelo contrário. Cada etapa da jornada de Li Shande é um martírio, uma charada que exige não só inteligência, mas uma teimosia quase sobre-humana. Vemos as mãos de Li Shande tremendo enquanto ele estuda mapas antigos, o suor escorrendo pela testa enquanto ele tenta negociar com oficiais corruptos ou com um povoado desconfiado. Não nos dizem que ele está desesperado; nós sentimos a desesperança roendo suas entranhas.

E não é só Li Shande nessa cruzada. O elenco é uma orquestra bem afinada, onde cada instrumento tem sua partitura. Yunpeng Yue, como Zheng Pingan, talvez seja a pitada de alívio cômico necessário para não sucumbirmos à tensão, mas com uma lealdade que transcende qualquer brincadeira. Nashi, Vivienne Tien, Lv Liang, Gong Lei – todos eles preenchem o cenário com personagens que são engrenagens vitais nessa máquina narrativa. Alguns são aliados improváveis, outros são obstáculos intransponíveis, espelhos de uma burocracia que parece se alimentar do desespero alheio. A Nobre Consorte, mesmo sem ser uma presença constante, paira como uma sombra onipresente, um lembrete constante da fragilidade da vida de Li Shande.

A Estrada de Lichia é mais do que uma série sobre transportar frutas. É uma meditação sobre a resiliência do espírito humano diante da adversidade. É sobre como um sistema, por mais opressor que seja, pode ser desafiado pela simples persistência de um indivíduo. É sobre amizade, sacrifício e a busca pela dignidade, mesmo quando somos forçados a realizar os feitos mais humildes.

A cada plano que nos leva de vilarejos empoeirados a opulentos palácios, a cada close nos olhos cansados de Li Shande, somos lembrados de que esta não é apenas uma história do passado. Quantas vezes, em nossas próprias vidas, não nos sentimos como Li Shande, carregando o peso de expectativas irrealistas, lutando contra prazos apertados e recursos escassos? A série nos faz perguntar: o que você faria se o sabor e a fragrância da sua própria vida dependessem de uma entrega impossível?

Eu, particularmente, saí de cada episódio com uma mistura de exaustão e admiração. Exaustão pela tensão constante, admiração pela forma como Ma Boyong e Cao Dun conseguem nos fazer sentir a umidade pegajosa de Lingnan, o cheiro de suor e poeira da estrada, o frio das noites enquanto uma equipe exausta luta contra o tempo. É uma experiência imersiva que eu, sem hesitar, recomendaria a qualquer um que busque mais do que mero entretenimento numa série de TV. É uma história que fica com você, fermentando, fazendo-o refletir sobre o quão longe a engenhosidade humana pode ir quando empurrada ao limite. E, acredite, essa estrada é longa, mas a viagem, surpreendentemente, vale cada quilômetro.

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