A Grande Muralha

A Grande Muralha: Uma Obra de Escala Épica, Mas de Alma Fragmentada

Nove anos se passaram desde que A Grande Muralha chegou aos cinemas brasileiros em 23 de fevereiro de 2017, e, olhando para trás, me pego refletindo sobre a complexa herança que este longa-metragem deixou. Não se trata de um filme fácil de classificar, e muito menos de ignorar. É uma obra grandiosa, visualmente deslumbrante, que tenta equilibrar a fantasia épica com um toque de história, mas que, no final das contas, tropeça em seu próprio excesso de ambição.

A trama acompanha dois mercenários, William (Matt Damon) e Tovar (Pedro Pascal), em busca de “pó negro” no século XV. Perdidos e perseguidos por uma criatura misteriosa, eles se deparam com a imponente Grande Muralha da China, onde são aprisionados por uma força militar feminina liderada pela implacável Comandante Lin Mae (景甜). O que se segue é uma batalha épica contra uma horda de monstros, que, segundo a lenda, surge a cada sessenta anos para ameaçar o Império Celestial.

A direção de Zhang Yimou é, sem dúvida, o ponto alto do filme. A estética visual é absolutamente deslumbrante, uma sinfonia de cores vibrantes, paisagens impressionantes e coreografias de luta impecáveis. As batalhas em larga escala são um espetáculo à parte, e a forma como Zhang utiliza a grandiosidade da Muralha como cenário é magistral. Ele demonstra, mais uma vez, seu talento inegável para criar imagens memoráveis e impactantes. Como alguém que aprecia a precisão estética, sou capaz de passar horas apenas admirando a beleza dos trajes, a elegância das armas e a força visual das cenas de guerra. Lembro-me de ter ficado especialmente impressionado com a maneira como a armamento flutua pelo ar em câmera lenta, demonstrando claramente a fascinação do diretor com esse aspecto.

AtributoDetalhe
DiretorYimou Zhang
RoteiristasCarlo Bernard, Tony Gilroy, Doug Miro
ProdutoresThomas Tull, Peter Loehr, Jon Jashni, Charles Roven, Wang Hong
Elenco PrincipalMatt Damon, 景甜, Willem Dafoe, 劉德華, Pedro Pascal
GêneroAção, Aventura, Fantasia
Ano de Lançamento2016
ProdutorasUniversal Pictures, Atlas Entertainment, Le Vision Pictures, China Film Group Corporation, Legendary Pictures, Legendary East

Porém, a beleza visual não salva o roteiro de seus problemas. A narrativa, apesar de seu potencial, é superficial e pouco desenvolvida. Os personagens, com exceção talvez da Comandante Lin Mae, que apresenta uma força e complexidade consideráveis, são arquétipos unidimensionais, e a trama se move de forma um tanto mecânica, com os personagens reagindo aos acontecimentos mais do que conduzindo-os. A tentativa de fundir elementos históricos com monstros mitológicos gera um atrito narrativo, criando um estranho e, por vezes, desconfortável, desequilíbrio entre o épico fantástico e os aspectos historicamente inspirados. É como se dois filmes diferentes tivessem sido colados sem uma transição suave.

As atuações são um tanto desiguais. Matt Damon cumpre seu papel, mas seu personagem William não tem a profundidade que poderia ter. Já Willem Dafoe, como Ballard, brilha com sua usual intensidade, adicionando um toque de charme e mistério à história. O elenco chinês, por outro lado, se mostra mais orgânico e cativante, elevando algumas das cenas com suas performances mais nuançadas.

Os pontos fortes de A Grande Muralha estão claramente na sua estética e na ambição de sua escala. É uma obra audaciosa, uma aventura visualmente rica que vale a pena ser vista pelo menos uma vez por qualquer amante do gênero fantástico. Porém, suas fraquezas residem em sua narrativa rasa, personagens pouco desenvolvidos e algumas escolhas narrativas questionáveis, que diminuem seu impacto geral.

No que tange aos temas e mensagens, o filme toca em aspectos da defesa da pátria, a bravura feminina e a luta contra o medo do desconhecido. Apesar disso, o filme não aprofunda esses temas, preferindo focar na ação espetacular em detrimento do desenvolvimento de ideias mais complexas.

Concluindo, A Grande Muralha é um filme que se assemelha a uma joia incompleta. Um espetáculo visual magnificente, com momentos de pura beleza e ação alucinante, mas que peca por um roteiro superficial e uma estrutura narrativa que não consegue sustentar toda a sua grandiosidade. Recomendo sua exibição, mas principalmente para aqueles que apreciam filmes de fantasia de grande escala e com um forte apelo visual. Se você está procurando uma história profunda e personagens complexos, talvez seja melhor procurar em outro lugar. A experiência certamente é memorável em termos visuais, mas talvez não deixe uma marca duradoura na sua memória narrativamente. A pergunta que fica no ar é: poderia o filme ter sido melhor? Sem dúvida. Mas mesmo com suas falhas, ele certamente continua sendo um filme impressionante, que merece ser revisitado, se não for apenas pela qualidade da direção, mas também como um curioso exemplo de coprodução internacional com elementos narrativos e visuais muitas vezes contrastantes.

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