A Lenda dos Guardiões: Um voo turbulento entre o épico e o infantil
Quatorze anos se passaram desde que A Lenda dos Guardiões chegou aos cinemas brasileiros em 8 de outubro de 2010. Revisitá-lo em 2025, à luz da memória e da vasta produção animada que se seguiu, me trouxe reflexões complexas sobre o filme de Zack Snyder. A sinopse, resumidamente, nos apresenta Soren, uma jovem coruja fascinada pelas lendas dos Guardiões de Ga”Hoole, e seu irmão ciumento, Kludd. Após um incidente, os irmãos são capturados pelas corujas Puros, e Soren embarca em uma jornada épica para encontrar os lendários Guardiões e salvar seu mundo.
A animação, produzida pela Animal Logic, apresenta um visual interessante, com um design de personagens que, apesar de datado pelas normas atuais, mantém um certo charme. A escolha pela estética mais realista em vez de um estilo cartoon mais jovial é uma decisão que se mostra tanto uma força quanto uma fraqueza. De um lado, permite a construção de algumas sequências de ação verdadeiramente impressionantes. De outro, não consegue evitar um tom às vezes sombrio e pesado, que pode desagradar os espectadores mais jovens, o público-alvo declarado.
Zack Snyder, conhecido por sua estética visual grandiosa, imprime sua assinatura aqui. As batalhas aéreas são, sem dúvida, o ponto alto do filme, ricas em detalhes e movimento. Entretanto, a narrativa sofre com a mesma tendência que marca muitos dos seus trabalhos: a preferência pelo espetáculo visual em detrimento do desenvolvimento de personagens mais profundos. O roteiro, assinado por John Orloff e Emil Stern, apesar de apresentar uma premissa cativante de “irmão contra irmão” e “choque de clãs”, peca em profundidade, especialmente no desenvolvimento de Kludd, que se limita a ser um antagonista unidimensional, movido por ciúmes.
Atributo | Detalhe |
---|---|
Diretor | Zack Snyder |
Roteiristas | John Orloff, Emil Stern |
Produtor | Zareh Nalbandian |
Elenco Principal | Jim Sturgess, Ryan Kwanten, Hugo Weaving, Helen Mirren, Geoffrey Rush |
Gênero | Animação, Aventura, Família, Fantasia |
Ano de Lançamento | 2010 |
Produtoras | Warner Bros. Pictures, Village Roadshow Pictures, Animal Logic, GOG Productions |
A lista de dubladores é de tirar o chapéu: Jim Sturgges, Ryan Kwanten, Hugo Weaving, Helen Mirren e Geoffrey Rush emprestam suas vozes a personagens carismáticos, mas, novamente, o roteiro não lhes permite explorar toda sua potencialidade. As performances de voz são excelentes individualmente, porém, a falta de profundidade da trama restringe o impacto emocional que poderiam ter.
O filme se esforça em abordar temas importantes como amizade, heroísmo e a complexidade das relações fraternas, porém, esses temas se perdem em meio a uma trama apressada e algumas escolhas narrativas questionáveis. A mensagem final, apesar de positiva, acaba sendo um pouco superficial, deixando em aberto a sensação de que o potencial da história não foi totalmente explorado.
Lembro-me da recepção em 2010, com críticas mistas, exatamente como reflete o trecho que vocês me apresentaram. Concordo com a avaliação de que A Lenda dos Guardiões tem elementos que agradam, mas falha em integrar tudo em um todo coeso. A estética impecável, os dubladores renomados e as cenas de ação empolgantes salvam o longa de ser um completo fracasso. No entanto, seu roteiro previsível e personagens pouco desenvolvidos limitam seu alcance e memorabilidade.
Concluindo, A Lenda dos Guardiões é um filme de animação que oferece momentos de pura adrenalina, mas que deixa a desejar na profundidade emocional. Recomendo a sua visualização principalmente para crianças e fãs de animações de aventura com belas sequências de ação. Porém, aqueles que buscam uma trama mais complexa e personagens mais memoráveis talvez se sintam um tanto decepcionados. Ele funciona como um entretenimento visualmente interessante, mas não alcança a excelência narrativa que seu elenco e a premissa poderiam proporcionar. Em resumo, um voo turbulento, com momentos de beleza, mas um pouso um tanto desajeitado.