A Mãe e a Maldição: Uma Deusa em Chamas, mas com Algumas Brasas Apaçadas
Saiu finalmente, em 17 de setembro de 2025, A Mãe e a Maldição, e devo dizer que minhas expectativas – altas, devo admitir – foram parcialmente atendidas. O filme, dirigido por Vishal Furia, apresenta uma premissa tentadora: uma mãe comum descobre poderes divinos e se transforma em Kali para proteger sua família de uma maldição demoníaca. A sinopse, sem spoilers, é simples e eficaz: uma ameaça sobrenatural paira sobre uma família, e uma mãe, com a ajuda de seus novos e inesperados poderes, precisa confrontá-la. A promessa de folk horror com um toque feminista, anunciada na campanha de marketing, era de tirar o fôlego. Mas a execução? Ah, a execução é uma história à parte.
A escolha de Kajol como Ambika foi um golpe de mestre. Ela transita com maestria entre a vulnerabilidade de uma mãe protetora e a força bruta da deusa Kali, entregando uma performance visceral e memorável. Ronit Roy, Indraneil Sengupta e o restante do elenco dão um bom suporte, mas é Kajol que carrega o filme nas costas. A direção de Furia, embora competente em criar a atmosfera de suspense e terror, sofre em alguns momentos de uma certa previsibilidade na construção da narrativa. Há momentos de genuína tensão, cenas que prendem a respiração, mas outras, infelizmente, se perdem em clichês do gênero.
O roteiro, escrito por Saiwyn Quadras, Aamil Shaheen Khan e Ajit Jagtap, é onde o filme encontra seus maiores obstáculos. A trama, apesar de sua premissa original, se perde em alguns meandros desnecessários, prejudicando o ritmo e a coesão. Existem pontas soltas, subtramas que não se resolvem de forma satisfatória e um terceiro ato que, apesar da grandiosidade visual da transformação de Ambika em Kali, carece de impacto emocional. O potencial de explorar temas complexos como a maternidade, a fé e a luta contra o mal, presentes no conceito inicial, é parcialmente desperdiçado.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Vishal Furia |
| Roteiristas | Saiwyn Quadras, Aamil Shaheen Khan, Ajit Jagtap |
| Produtores | Jyoti Deshpande, Ajay Devgan |
| Elenco Principal | Kajol, Ronit Roy, Indraneil Sengupta, Jitin Gulati, Kherin Sharma |
| Gênero | Terror |
| Ano de Lançamento | 2025 |
| Produtoras | Jio Studios, Ajay Devgn FFilms |
Porém, não vamos jogar a criança fora com a água do banho. A Mãe e a Maldição tem seus pontos fortes. A fotografia é impecável, capturando a atmosfera sombria e opressora. A trilha sonora também merece elogios, contribuindo significativamente para a criação de uma atmosfera tensa e arrepiante. A abordagem feminista, colocando uma mulher no centro da luta contra forças sobrenaturais, é um respiro de ar fresco no gênero que muitas vezes se concentra em protagonistas masculinos. A inserção dentro do “Shaitaan Universe”, embora não totalmente explorada neste filme, sugere um universo rico e promissor para futuras produções.
A principal decepção reside na falta de originalidade em alguns aspectos. Apesar da temática interessante, o filme tropeça em alguns clichês previsíveis do horror sobrenatural. A falta de uma exploração mais profunda das implicações da transformação de Ambika em Kali também foi uma pena. A oportunidade de mergulhar nas complexidades de sua jornada, o peso de sua nova identidade, e o conflito entre a mãe amorosa e a deusa vingativa ficou sub-explorada.
No fim das contas, A Mãe e a Maldição é um filme irregular. A atuação brilhante de Kajol e a atmosfera bem construída são seus pontos mais altos. No entanto, o roteiro falho e alguns elementos previsíveis impedem que alcance seu potencial máximo. Recomendo a sua assistida para aqueles que apreciam filmes de terror com uma protagonista feminina forte e uma estética visual impactante, mas com a ressalva de que a experiência pode ser um pouco desigual. A produção de Jio Studios e Ajay Devgn FFilms, por sua vez, investiu numa proposta ousada, e apesar dos desvios, mostra-se promissora para o futuro do horror indiano no cenário internacional. A expectativa para os filmes que irão construir este universo é grande.




