Rose, a menina que carregava o inferno em seus olhos: Uma resenha de A Maldição de Rose
Seis anos se passaram desde que A Maldição de Rose chegou às plataformas digitais em 2019, e confesso que só agora, em setembro de 2025, me aventurei a assistir a essa produção que, devo admitir, me deixou dividido. Não é um filme impecável, longe disso, mas carrega uma aura peculiar que me prendeu até o final, apesar de seus tropeços.
O longa-metragem nos apresenta Rose, uma jovem traumatizada pelo assassinato brutal de sua família pelas mãos do próprio pai. Enviada a um convento em algum lugar do nordeste dos Estados Unidos – a imprecisão geográfica, aliás, me pareceu proposital, contribuindo para a atmosfera opressiva –, ela tenta encontrar paz, mas os demônios que assombravam seu pai parecem seguir-lhe os passos. Essa sinopse, concisa e sem spoilers, resume bem a premissa central.
Devo dizer que a direção de Brandon Slagle, apesar de não apresentar grandes inovações técnicas, consegue criar uma atmosfera tensa e claustrofóbica. A fotografia, em tons escuros e sombrios, reflete perfeitamente o estado psicológico da protagonista, e a escolha dos cenários – o convento frio e imponente – contribui para a sensação crescente de opressão. No entanto, o roteiro de Elliot Diviney, apesar de apresentar uma ideia interessante, peca por alguns desvios narrativos e diálogos um tanto previsíveis. Há momentos em que a trama se arrasta, perdendo o fôlego que a direção tenta imprimir.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Brandon Slagle |
| Roteirista | Elliot Diviney |
| Produtores | Devanny Pinn, Jonathan Bennett |
| Elenco Principal | Teilor Grubbs, David Goryl, Jonathan Bennett, Punnavith Koy, Devanny Pinn |
| Gênero | Terror, Thriller |
| Ano de Lançamento | 2019 |
A atuação de Devanny Pinn como a Rose adulta é um ponto alto do filme. Ela consegue transmitir a fragilidade e a força da personagem com uma intensidade admirável. Teilor Grubbs, como a jovem Rose, também entrega uma performance convincente, mas a transição entre as atuações, de adulto para criança, não foi tão suave quanto poderia ter sido. Jonathan Bennett e David Goryl, no entanto, apesar de seus esforços, parecem um pouco perdidos em papéis pouco desenvolvidos.
Os pontos fortes de A Maldição de Rose residem em sua atmosfera tensa e no desempenho de Devanny Pinn. O filme toca em temas complexos, como o trauma, a culpa e a fé, e tenta explorar a relação entre a herança familiar e o destino. A metáfora do passado que persegue Rose é bem construída, apesar de sua execução não ser perfeita. No entanto, os pontos fracos são tão evidentes quanto: o roteiro irregular, com momentos de lentidão e previsibilidade, prejudica a experiência como um todo. A falta de desenvolvimento dos personagens secundários também é uma falha significativa.
Por fim, a produção independente, com a participação de Devanny Pinn e Jonathan Bennett como produtores, se nota. Apesar das limitações óbvias, o filme demonstra uma certa ambição, tentando explorar os limites do gênero terror psicológico. Sua recepção na época do lançamento foi, acredito, modesta, e, honestamente, não o vejo como um filme destinado a atingir um público massivo. Mas, e aqui está minha opinião controversa, A Maldição de Rose possui um charme sombrio que o diferencia de outras produções do mesmo gênero. Ele não reinventou a roda, nem pretendeu fazê-lo, mas ofereceu um passeio pelos corredores escuros da mente de uma mulher em busca de redenção.
Recomendo A Maldição de Rose para aqueles que buscam um filme de terror psicológico com uma atmosfera densa e uma protagonista bem construída. A experiência pode ser desigual, com momentos de brilho e outros de fraqueza, mas a jornada de Rose vale a pena, se você souber o que esperar. Afinal, nem toda maldição precisa de efeitos especiais mirabolantes para ser assustadora; algumas moram nos olhos de quem a carrega.




