The Old Way – À Maneira Antiga

A vingança é um prato que se serve frio, e em The Old Way – À Maneira Antiga, ela é servida com um toque de poeira do deserto e um quê de melancolia. Lançado em 2023, esse faroeste, visto por mim em 2025 nas plataformas digitais, não é uma obra-prima, mas possui um charme peculiar que me cativou, apesar de suas imperfeições.

Uma Vingança em Tons de Sepia

A trama gira em torno de Colton Briggs (Nicolas Cage), um pistoleiro aposentado que vive uma vida pacata com sua filha, Brooke (Ryan Kiera Armstrong). A tranquilidade é quebrada pela chegada de James McCallister (Noah Le Gros), filho de um homem que Colton matou anos atrás, vindo buscar sua vingança. Pai e filha são forçados a confrontar o passado violento de Colton e a lutar pela sobrevivência, numa jornada repleta de ação e tensão. O filme se desenrola numa dança tensa entre o passado e o presente, mostrando como as escolhas de um pai afetam profundamente o destino de sua filha.

Cage e a Filha de Sangue Frio

A performance de Nicolas Cage, como sempre, é uma montanha-russa. Ele se entrega ao papel de Colton com uma intensidade quase palpável, transmitindo a amargura de um homem marcado pela violência, mas também um instinto protetor feroz por sua filha. A jovem Ryan Kiera Armstrong é a revelação aqui, roubando a cena com sua interpretação poderosa e surpreendentemente madura de Brooke. A química entre pai e filha é um dos pontos fortes do filme, transmitindo uma relação complexa e visceral que transcende os clichês de faroeste. O restante do elenco, incluindo Clint Howard e Shiloh Fernandez, cumpre seu papel com competência, sem brilhar excessivamente.

Um Roteiro que Resvala e Acerta

O roteiro de Carl W. Lucas apresenta uma premissa interessante, explorando temas como a herança do passado, a natureza da vingança e a complexidade da relação pai-filha. Entretanto, em alguns momentos, a narrativa se perde em clichês do gênero, e o ritmo poderia ser mais ágil. A reviravolta no terceiro ato, embora previsível, contribui para um clímax satisfatório. A fotografia, no entanto, é impecável, retratando as paisagens desérticas do Colorado com uma beleza crua e imponente. Os cenários são quase personagens em si, adicionando uma profundidade visual ao filme que compensa algumas falhas no roteiro.

A Velha Maneira de Fazer um Faroeste?

“The Old Way” não reinventa a roda do gênero faroeste. Como mencionado em uma crítica que li, é um “western padrão de perseguição para obter justiça, com ótimas paisagens e um toque único”. Esse “toque único” reside, na minha opinião, na relação pai-filha e na interpretação visceral de Nicolas Cage. O filme é cru, violento, e às vezes, um pouco previsível, mas consegue prender a atenção do espectador com sua atmosfera densa e personagens complexos. Os momentos de ação são bem coreografados, sem serem excessivos. A decisão de focar na relação entre pai e filha, em detrimento de uma trama mais complexa, embora arriscada, funciona razoavelmente bem.

Para Quem Recomendo “The Old Way”?

Recomendo “The Old Way” aos amantes de faroestes que apreciam um bom drama familiar em meio a tiroteios e perseguições. Se você busca um filme com uma narrativa original e inovadora, talvez fique um pouco desapontado. Mas se está disposto a mergulhar numa história crua, com boas atuações e uma fotografia de tirar o fôlego, este longa-metragem é uma ótima opção. Não espere um clássico instantâneo, mas uma experiência cinematográfica satisfatória, apesar de seus defeitos. Do ponto de vista de um crítico experiente, “The Old Way” não entra para a história dos grandes faroestes, mas ocupa um lugar decente na prateleira dos filmes que valem a pena ser vistos, especialmente para os fãs de Nicolas Cage e dos gêneros western e drama.