A Múmia: Tumba do Imperador Dragão – Uma Descida aos Infernos (ou, pelo menos, ao Vale da Desilusão)
Faz quase dezessete anos (desde 22/09/2025, para ser exato) que a franquia “A Múmia” tentou se reinventar com “A Múmia: Tumba do Imperador Dragão”, e a memória desse filme me assombra até hoje, não pela grandiosidade de seus efeitos especiais – que, diga-se de passagem, envelheceram bem mal – mas pela desastrosa tentativa de capturar a magia dos dois primeiros filmes. A premissa é simples: o Imperador Dragão, um poderoso governante chinês e seu exército são amaldiçoados e aprisionados; anos depois, o jovem Alex O’Connell, filho de Rick e Evelyn, acidentalmente o ressuscita, desencadeando uma ameaça que a família terá de enfrentar.
A sinopse engana. Enquanto a ideia de um exército de terracota amaldiçoado e um imperador mumificado soa promissora, a execução deixa muito a desejar. Rob Cohen, na direção, opta por uma abordagem frenética e visualmente barulhenta que, longe de ser empolgante, se torna cansativa. A câmera treme, a edição é atropelada e a narrativa salta de um ponto a outro sem a necessária coesão, resultando numa experiência confusa e pouco envolvente. Os cenários grandiosos da China antiga, que deveriam causar impacto, são ofuscados pela falta de planejamento na construção da atmosfera e do ritmo.
O roteiro de Miles Millar e Alfred Gough, por sua vez, pecou por se perder em uma avalanche de elementos sem conseguir integrá-los organicamente à trama principal. O filme se esforça em criar uma aventura épica, mas tropeça em diálogos fracos, com piadas forçadas que caem no vazio e uma progressão narrativa previsível e pouco inteligente. A tentativa de mesclar elementos de aventura, ação e fantasia resulta num caldeirão sem sabor, onde cada ingrediente se dilui e se perde no todo.
Atributo | Detalhe |
---|---|
Diretor | Rob Cohen |
Roteiristas | Miles Millar, Alfred Gough |
Produtores | Sean Daniel, Stephen Sommers, Bob Ducsay, James Jacks |
Elenco Principal | Brendan Fraser, Maria Bello, John Hannah, Luke Ford, 梁洛施 |
Gênero | Aventura, Ação, Fantasia |
Ano de Lançamento | 2008 |
Produtoras | Universal Pictures, Relativity Media, The Sommers Company, Alphaville Films, Beijing Happy Pictures, Shanghai Film Group, Internationale Filmproduktion Blackbird Erste |
O elenco, infelizmente, não consegue salvar a situação. Brendan Fraser, Maria Bello e John Hannah, o trio icônico dos filmes anteriores, entregam performances competentes, apesar do material com que têm que trabalhar. Luke Ford, como Alex, se esforça, mas seu personagem é superficial e pouco desenvolvido, perdendo-se em meio aos eventos. Já 梁洛施 (Lin) permanece como um personagem estereotipado e mal aproveitado. Se o elenco não é o problema, o texto e a direção, sim, não lhes permitiram brilhar.
O filme tem alguns pontos positivos, como algumas sequências de ação que, apesar da frenética e confusa edição, apresentam boa coreografia de luta. A inclusão de elementos da mitologia chinesa e a ambientação na Grande Muralha da China, embora superficialmente explorados, constituem um esforço louvável para expandir o universo da franquia. No entanto, essas qualidades são insuficientes para compensar a fraca narrativa e a direção caótica.
“A Múmia: Tumba do Imperador Dragão” sofre da síndrome do “mais do mesmo”, mas sem a graça e a inteligência do original. A tentativa de adicionar elementos da cultura chinesa soa como uma adição forçada, pouco orgânica, e desprovida da pesquisa necessária. A mensagem, se existe alguma, é perdida no meio de um turbilhão de efeitos especiais e perseguições desordenadas. A ausência de um conflito verdadeiramente intrigante e a previsibilidade da trama são fatores decisivos para o fracasso do longa.
Em suma, “A Múmia: Tumba do Imperador Dragão” é um exemplo claro de como uma franquia de sucesso pode desandar ao tentar se reinventar sem o devido cuidado e criatividade. A recepção negativa da crítica, que eu corroboraria em 2025, se justifica completamente. Não recomendo sua exibição para quem busca um filme de aventura emocionante e bem construído, a menos que queira se divertir com um entretenimento de baixa qualidade. A nostalgia pode até levar alguns a assisti-lo por curiosidade, mas não esperem maravilhas. Se você pretende ver um filme da Múmia, assista aos dois primeiros, e ignore este. É uma decepção, e a memória disso permanece vívida até hoje.