A Rebelião: Um Resquício de Potencial Perdido em Chicago
Seis anos se passaram desde que A Rebelião chegou aos cinemas brasileiros em 28 de março de 2019. Ainda me lembro da expectativa, alimentada por um trailer promissor que prometia uma ficção científica visceral, ambientada numa Chicago pós-apocalíptica, dividida entre colaboradores e rebeldes após uma invasão alienígena. A realidade, infelizmente, se mostrou um tanto diferente do sonho.
O filme nos apresenta a Chicago quase uma década após o contato extraterrestre, mostrando a vida cotidiana em meio aos escombros de um mundo que já não é mais o mesmo. A trama acompanha personagens de ambos os lados do conflito, explorando as complexas relações de poder e as consequências de uma ocupação alienígena. Não entrarei em detalhes para evitar spoilers, mas posso dizer que a premissa é fascinante, e o roteiro de Rupert Wyatt e Erica Beeney, inicialmente, parece promissor.
A direção de Wyatt, apesar de competente em termos técnicos, pecou na execução. Há momentos de real tensão e algumas sequências de ação bem coreografadas, mas a narrativa se perde em um mar de simbolismos mal desenvolvidos e uma ambição que supera a capacidade de concretização. O filme parece querer abraçar demasiados temas sem explorá-los a fundo, resultando numa sensação de superficialidade que compromete o impacto emocional. A fotografia, por outro lado, é um ponto alto, retratando a paisagem urbana devastada com uma beleza melancólica que captura a atmosfera sombria da trama.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Rupert Wyatt |
| Roteiristas | Rupert Wyatt, Erica Beeney |
| Produtores | David Crockett, Rupert Wyatt |
| Elenco Principal | John Goodman, Ashton Sanders, Jonathan Majors, Vera Farmiga, Kevin Dunn |
| Gênero | Ficção científica, Ação, Thriller |
| Ano de Lançamento | 2019 |
| Produtoras | Participant, Lightfuse & Gettaway |
O elenco, entretanto, entrega boas performances. John Goodman, Ashton Sanders, Jonathan Majors e Vera Farmiga se esforçam ao máximo para dar vida aos personagens, mesmo com um roteiro que, em muitos momentos, os deixa à deriva. A atuação de Majors, em especial, merece destaque, mostrando uma nuance que contrasta com a falta de profundidade de outros aspectos do filme. Kevin Dunn, como o policial chefe Igoe, também cumpre seu papel com maestria, acrescentando uma dimensão interessante à complexidade do conflito.
O que mais me decepcionou em A Rebelião foi a falta de nuance. Como alguém que acompanha o gênero sci-fi há anos, reconheço o potencial do tema da ocupação alienígena para explorar questões sociais e políticas de forma profunda e impactante. Entretanto, o filme se aproxima da abordagem maniqueísta, simplificando a complexidade do conflito e perdendo a oportunidade de criar personagens verdadeiramente memoráveis e um universo ficcional rico e coerente. O comentário social, que poderia ter sido incisivo, fica diluído em meio à ação e à confusão narrativa.
A recepção crítica em 2019 foi, digamos, mista. Lembro-me de críticas que se assemelhavam à que li, referindo-se a A Rebelião como uma produção com potencial, mas que não conseguiu alcançar seu objetivo. A comparação com filmes como “A Batalha de Argel” e “Distrito 9”, citada em alguns comentários, é justa em parte: o filme tentou, de forma falha, replicar a ambição temática daqueles filmes, sem conseguir a mesma profundidade ou o mesmo impacto.
Em resumo, A Rebelião é um filme que desperdiça uma excelente premissa. Apesar das boas atuações e de alguns momentos de brilho técnico, a narrativa confusa e a falta de profundidade na exploração dos seus temas impedem que se torne uma obra memorável. Recomendo o filme apenas para os entusiastas do gênero que apreciam filmes de ficção científica com estética pós-apocalíptica, mas com a ressalva de que a experiência pode ser frustrante para quem busca profundidade e uma narrativa coesa. Se você busca algo mais substancioso, procure por outros títulos na vasta biblioteca de sci-fi disponível em plataformas digitais. Em 2025, com o benefício da retrospectiva, A Rebelião permanece como um exemplo de como uma boa ideia pode ser mal executada.




