A Série Pokémon: Horizontes

Pokémon: Horizontes – Uma Jornada Renovada ou um Passo em Vão?

Dois anos se passaram desde que a série Pokémon: Horizontes estreou em 2023, e agora, em setembro de 2025, posso finalmente sentar e articular minhas impressões sobre essa adição à longa e sinuosa saga dos monstros de bolso. A promessa era audacioso: novas terras, novos Pokémon, novos mistérios. A realidade? Bem, foi uma experiência complexa, e acredito que merece uma análise honesta, livre de nostalgia cega.

A sinopse oficial, “Dois jovens aventureiros em uma jornada eletrizante visitam novas terras, revelam antigos mistérios e encontram Pokémon e Poké Bolas inéditos”, vende a ideia perfeitamente. A série entrega exatamente isso, porém com um sabor peculiar. Não há grandes spoilers aqui, apenas a confirmação de que a premissa básica é cumprida com maestria, embora a execução tenha pontos que merecem um debate mais profundo.

O que funciona impecavelmente em Horizontes é a animação. A OLM, Shogakukan-Shueisha Productions, TV Tokyo e TV Tokyo Medianet entregaram uma obra visualmente deslumbrante. As paisagens são vibrantes, os movimentos fluidos, e os novos Pokémon são criaturas encantadoras que expandem o universo Pokémon de forma criativa. A direção, nesse sentido, é impecável. A escolha das cores, os ângulos de câmera e a construção das cenas de ação são, sem dúvida, destaques da temporada.

No entanto, o roteiro, ah, o roteiro… Ele é, infelizmente, o calcanhar de Aquiles da série. Embora a premissa seja fascinante, a execução se torna, em alguns momentos, previsível e até mesmo desinteressante. A trama principal se desenvolve de forma lenta, com muitos episódios dedicados a fillers que, embora não sejam ruins em si, não acrescentam muito à narrativa maior. A caracterização dos personagens principais, Liko, Roy e Dot, interpretados respectivamente por Suzuki Minori, Terasaki Yūka e Yoshino Aoyama, é onde a série tropeça. Enquanto as atuações de voz são excelentes, transmitindo perfeitamente a energia juvenil e a curiosidade dos personagens, suas personalidades e arcos narrativos poderiam ter sido muito mais explorados. Senti falta de profundidade em seus relacionamentos e em suas motivações individuais.

Um dos pontos fortes, sem dúvida, é a introdução de novos elementos. As novas Pokébolas e os Pokémon que aparecem são criativos e se integram de forma relativamente harmônica ao universo já existente. A exploração de novas regiões também é um trunfo significativo. Senti-me imersivo em alguns cenários e verdadeiramente curioso sobre os mistérios que eram revelados.

Entretanto, a falta de um conflito central bem estruturado e a lentidão narrativa prejudicaram consideravelmente a experiência. A série se perde em alguns momentos, tornando-se menos um conto épico de aventura e mais um registro de aventuras episódicas.

Em relação aos temas e mensagens, Horizontes toca em pontos interessantes sobre amizade, perseverança e respeito à natureza, mas não os explora com a profundidade que poderia e deveria. As mensagens ficam subentendidas, sem muita ênfase ou impacto real na narrativa.

Concluindo, Pokémon: Horizontes é uma série de animação bonita, com excelentes momentos e novas adições interessantes ao universo Pokémon. No entanto, sofre de um roteiro irregular e de uma trama principal fraca. Recomendo a série para fãs dedicados de Pokémon que apreciarão os novos elementos e a animação impecável, mas com a ressalva de que, para quem espera uma história profunda e envolvente, pode se sentir decepcionado. A experiência é agradável, mas não chega a ser excepcional. A expectativa gerada não se traduz totalmente em satisfação, um pecado imperdoável para uma franquia com o legado de Pokémon. Uma segunda temporada, se houver, precisa resolver as falhas narrativas e focar mais na construção de seus personagens para alcançar seu potencial total.