A Sete Palmos

A Sete Palmos: Uma Dança Agridoce com a Morte e a Família

Vinte e quatro anos após sua estreia, A Sete Palmos continua a provocar reações extremas. Enquanto alguns a consideram uma obra-prima inesquecível, outros a abandonam antes mesmo de completar a primeira temporada. Após uma maratona recente, eu entendo ambos os lados dessa equação complexa, e esta resenha tenta decifrar o enigma do sucesso – e do fracasso – da série criada por Alan Ball.

A trama gira em torno da família Fisher, donos de uma casa funerária, que enfrentam suas próprias perdas e lutas internas, tudo sob o olhar tragi-cômico de uma realidade sombria, porém, dolorosamente familiar. A ausência do filho pródigo, Nate, durante as festas de fim de ano funciona como um gatilho, expondo as fragilidades e os mecanismos de defesa de cada membro desta família tão peculiar. O que se segue é uma exploração visceral e profundamente humana do luto, da família, e da dificuldade inata de lidar com a mortalidade.

A direção, com sua estética sombria e elegantemente melancólica, acompanha a narrativa com maestria. A câmera ora se aproxima dos personagens, revelando seus medos mais profundos, ora se distancia, oferecendo um panorama da desolação que permeia suas vidas. O roteiro de Alan Ball, por sua vez, é uma obra de arte: diálogos afiados, cheios de sarcasmo e ironia, que revelam a complexidade dos personagens e a sua capacidade de amar e odiar com a mesma intensidade. A escolha das locações também colabora para o clima denso e reflexivo da série.

AtributoDetalhe
CriadorAlan Ball
ProdutoresChristian Taylor, Christian Williams, Laurence Andries, Lori Jo Nemhauser, Robert Del Valle, Kate Robin, Scott Buck, Rick Cleveland, Joey Soloway, Nancy Oliver
Elenco PrincipalPeter Krause, Michael C. Hall, Frances Conroy, Lauren Ambrose, Freddy Rodríguez
GêneroDrama
Ano de Lançamento2001
ProdutorasHBO, The Greenblatt Janollari Studio, Actual Size Films

O elenco, um verdadeiro time de estrelas, entrega atuações impecáveis. Peter Krause, como Nate, Michael C. Hall, como David, Frances Conroy, como Ruth, e Lauren Ambrose, como Claire, constroem personagens tão reais e complexos que transcendem a tela. Cada um deles carrega o peso de seus dramas pessoais com uma naturalidade desconcertante, e suas interações, repletas de tensão e afeto, são um verdadeiro banquete para os olhos (e o coração). Freddy Rodriguez, como Federico, adiciona um toque de calor e humanidade que equilibra a frieza do ambiente funeral.

No entanto, A Sete Palmos não é uma série para todos. A lentidão da narrativa, a ausência de arcos de personagens mais “convencionais” e a exploração de temas sombrios podem alienar aqueles que buscam uma experiência televisiva mais leve e imediata. Algumas das sub-tramas parecem se estender além do necessário, e a profundidade da dor retratada pode ser opressiva para alguns espectadores.

Apesar de suas imperfeições, A Sete Palmos transcende o gênero drama. Ela se debruça sobre temas universais, como a morte, a família, a fé e a busca por significado numa existência finita. A série nos confronta com nossa própria mortalidade, nos obriga a encarar nossas próprias fragilidades e a celebrar a beleza e a complexidade da vida humana, mesmo em meio à dor. Essa honestidade brutal é, sem dúvida, uma de suas maiores forças.

É compreensível que alguns espectadores não consigam se conectar com os Fisher. A série não busca necessariamente a identificação, mas sim a empatia. Ela nos convida a testemunhar a jornada dessa família disfuncional, a sentir a dor e o amor que os unem, mesmo que nos faça desconfortáveis por vezes.

Em última análise, A Sete Palmos é uma experiência televisiva singular, que exige paciência e abertura para a dor. Se você busca uma série que o faça pensar, sentir e, sim, chorar – e se você se permitir mergulhar na complexidade de seus personagens – esta é uma jornada que vale a pena empreender. Minha recomendação? Assista. Você pode até não amar, mas dificilmente esquecerá.

Trailer

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