A Última Missão

A Última Missão: Um tiro certeiro no coração do clichê, ou um tiro pela culatra?

Sete anos se passaram desde o lançamento de A Última Missão em 2018, e confesso que, ao revisitar esse longa-metragem de ação, minhas impressões se mostraram mais complexas do que eu lembrava. O filme acompanha War on Terror, um caçador de recompensas (nome que, por si só, já grita clichê), em uma jornada por Londres atrás de um agente da CIA. A busca o leva a uma violenta confrontação com um ex-companheiro militar e seu exército particular, num embate que promete – e em parte cumpre – explodir a tela.

Direção, Roteiro e Atuações: Um trio de acertos e erros

Matthew Hope, que assume a direção e o roteiro, demonstra um talento inegável para construir cenas de ação frenéticas e visualmente impactantes. As sequências de luta são coreografadas com precisão, com um ritmo que prende o espectador. A Londres cinzenta e úmida serve como pano de fundo perfeito para a atmosfera tensa e visceral do filme. Porém, o roteiro, infelizmente, peca por um excesso de previsibilidade. A trama se desenvolve de forma linear, sem grandes surpresas, e os personagens, apesar de interpretados por um elenco competente – Sylvia Hoeks, William Fichtner e Gbenga Akinnagbe merecem destaque por suas performances sólidas – caem em arquétipos bem desgastados do gênero. Milo Gibson, filho de Mel Gibson, entrega uma atuação razoável, mas seu personagem carece de profundidade. Elliot Cowan, por sua vez, é eficiente, mas acaba sendo mais um rosto na multidão de soldados.

Pontos Fortes e Fracos: Uma balança instável

O maior trunfo de A Última Missão reside mesmo na ação. As cenas de luta são visceralmente realistas, e a fotografia contribui para uma atmosfera tensa e claustrofóbica. A escolha de Londres como cenário também é inteligente, adicionando um toque de realismo e permitindo a exploração de locações interessantes. No entanto, o roteiro previsível e os personagens estereotipados são seus calcanhares de Aquiles. A trama se perde em algumas sub-tramas desnecessárias e o desenvolvimento dos personagens é superficial, o que prejudica o envolvimento emocional do espectador. A sensação que fica é a de que o filme poderia ter sido muito mais do que é.

Temas e Mensagens: Uma reflexão superficial sobre lealdade e traição

Embora o filme não se proponha a ser uma profunda análise social, ele aborda superficialmente temas como lealdade, traição e as consequências das ações em guerras. A relação entre o protagonista e seu ex-companheiro militar é um ponto central, explorando os laços que se rompem em meio ao caos e à violência. No entanto, essa exploração é superficial e pouco aprofundada, servindo mais como um pretexto para as cenas de ação do que para uma reflexão contundente sobre os temas abordados.

Conclusão: Uma diversão efêmera, mas com potencial desperdiçado

A Última Missão é um filme de ação competente, com cenas de luta bem coreografadas e uma fotografia atraente. No entanto, seu roteiro previsível e seus personagens estereotipados impedem que ele se eleve acima da média. Se você busca uma experiência de ação pura e simples, sem grandes pretensões narrativas, poderá se divertir. Mas se espera uma trama mais original e personagens mais complexos, é melhor procurar em outro lugar. Não se trata de um filme ruim, mas sim de um filme que desperdiça seu potencial. Recomendo com ressalvas, principalmente para aqueles que não se importam com a ausência de uma narrativa profunda e preferem uma boa dose de adrenalina. Acho que, sete anos depois, ele permanece como um exemplo interessante de como uma boa direção e elenco podem ser ofuscados por um roteiro fraco. A experiência, no entanto, não é totalmente negativa; é um filme que se assiste sem arrependimentos, embora com a certeza de que poderia ter sido muito melhor.