Abril e o Mundo Extraordinário: Uma Paris Alternativa que Encanta e Intriga
Dez anos se passaram desde que Abril e o Mundo Extraordinário estreou nos cinemas brasileiros em 04 de novembro de 2015, e a memória desse filme de animação francês continua vívida em minha mente. Não é uma obra-prima perfeita, longe disso, mas possui um charme peculiar, uma atmosfera única que me cativa até hoje. A trama acompanha Avril, uma jovem que vive em uma versão steampunk da Paris de 1941, governada por Napoleão VI e ainda presa às tecnologias do século XIX. Seus pais, cientistas brilhantes, desapareceram misteriosamente, e Avril se lança numa jornada para encontrá-los, guiada por um gato falante e sua própria inteligência.
A animação 2D, uma escolha corajosa numa época dominada pelo 3D, é um dos grandes trunfos do longa. A estética é impecável, evocando um universo visual rico em detalhes, com uma Paris alternativa fascinante e personagens carismáticos. A paleta de cores, muitas vezes sombria e saturada, reflete a atmosfera misteriosa e sombria da trama, contrastando com momentos de humor leve e ágil. A direção de Franck Ekinci e Christian Desmares demonstra um talento notável para criar uma narrativa visualmente envolvente, que equilibra perfeitamente o fantástico com o real.
O roteiro, assinado por Benjamin Legrand e Franck Ekinci, é um ponto de destaque, embora apresente algumas pequenas falhas. A história é inteligente e bem construída, com reviravoltas inesperadas e uma trama que mantém o espectador engajado do início ao fim. A construção de Avril como personagem central é impecável, mostrando uma protagonista forte, inteligente e decidida, apesar das adversidades. A interação entre Avril e Darwin, seu gato falante, é um dos pontos mais charmosos e hilários do filme, adicionando leveza à trama mais densa. No entanto, alguns diálogos poderiam ser mais refinados e o ritmo da narrativa, em certos momentos, fica ligeiramente lento.
Atributo | Detalhe |
---|---|
Diretores | Franck Ekinci, Christian Desmares |
Roteiristas | Benjamin Legrand, Franck Ekinci |
Produtores | Denis Delcampe, Franck Ekinci, Brice Garnier, Sophia Harvey, David Jesteadt, Matthieu Liegeois, Michel Dutheil |
Elenco Principal | Marion Cotillard, Philippe Katerine, Jean Rochefort, Olivier Gourmet, Marc-André Grondin |
Gênero | Thriller, Aventura, Animação, Comédia, Fantasia, Ficção científica |
Ano de Lançamento | 2015 |
Produtoras | StudioCanal, Je suis bien content, Kaïbou, Need Productions, ARTE France Cinéma, Jouror Distribution, RTBF, Proximus, Tchack |
As atuações de dublagem francesa são impecáveis. Marion Cotillard, Philippe Katerine, Jean Rochefort e o restante do elenco emprestam suas vozes com talento e emoção aos personagens, tornando-os palpáveis e memoráveis. A escolha da animação 2D permite que as expressões faciais sejam mais precisas e expressivas, dando ainda mais profundidade aos personagens.
Os pontos fortes de Abril e o Mundo Extraordinário residem na sua originalidade visual e na construção de um mundo alternativo rico e intrigante. A exploração do tema da ciência, do poder e da busca pela família em um contexto histórico alternativo é uma combinação poderosa e bem executada. Por outro lado, o filme poderia ter se beneficiado de um ritmo mais acelerado em alguns momentos e um maior aprofundamento em alguns aspectos da sua mitologia interna.
O filme aborda temas como a busca pela identidade, a importância da família e o perigo do poder ilimitado. A mensagem subjacente é a de que a verdadeira grandeza não reside na dominação, mas na busca pelo conhecimento e na perseverança em face das adversidades. A figura do avô, Pops, é particularmente interessante, representando a memória e a tradição em contraste com as novas tecnologias.
Em resumo, Abril e o Mundo Extraordinário é um filme de animação que merece ser revisitado, mesmo dez anos após o seu lançamento. Apesar de suas pequenas imperfeições, a beleza visual, a trama envolvente e a construção de personagens memoráveis compensam qualquer falha. Recomendo fortemente a sua exibição, principalmente para aqueles que apreciam animação 2D, narrativas alternativas e uma boa dose de aventura e humor. Em tempos de tão poucas propostas originais no cinema, esta Paris alternativa merece uma visita. A sua originalidade e o seu charme atemporal o tornam um filme que transcende modismos e permanece como uma opção valiosa em qualquer plataforma digital.