Ad Astra – Rumo às Estrelas

Por que eu escolhi escrever sobre ‘Ad Astra – Rumo às Estrelas’ hoje, em pleno 17 de outubro de 2025? Bom, a gente vive num mundo onde filmes vêm e vão na velocidade da luz, mas alguns, ah, esses ficam. Eles se aninham na memória, naqueles cantinhos onde guardamos as grandes perguntas da vida. E ‘Ad Astra’ é, sem dúvida, um desses. Não é uma aventura espacial qualquer, sabe? É uma jornada para dentro, disfarçada de odisseia interplanetária, e isso me pega de um jeito que pouca coisa no cinema consegue.

Imagina só: você é Roy McBride, um engenheiro espacial, e a cada batimento cardíaco, a cada pensamento, uma calma quase assustadora te acompanha. Brad Pitt incorpora Roy com uma maestria que, juro, te deixa sem fôlego. Não é só a falta de expressão, mas os olhos, a forma como ele se move – tudo ali grita um controle férreo, quase patológico. É esse “leve grau de autismo” no roteiro de James Gray e Ethan Gross que nos dá a chave para entender Roy. Ele não é feito para sentir em demasia, ele é feito para funcionar. E funciona bem, mesmo quando despenca de uma torre espacial na Terra em pane.

Mas então, o universo decide chacoalhar a sua ordem. Surge a notícia de que seu pai, H. Clifford McBride (um Tommy Lee Jones tão distante quanto a Nebulosa de Órion), um lendário astronauta perdido há duas décadas em uma missão rumo a Netuno, talvez esteja vivo. E pior, talvez seja o responsável por uma série de surtos energéticos que ameaçam a existência humana. É aí que a ficção científica vira um drama tão íntimo que parece que você está invadindo a terapia de alguém. Roy precisa ir. Precisa cruzar a galáxia, da Lua, passando por Marte, até os confins do nosso sistema solar, para confrontar o passado e, quem sabe, encontrar-se.

‘Ad Astra’ nos leva a uma Lua colonizada que mais parece um shopping center de beira de estrada com tiroteios de piratas espaciais, e depois para um Marte que é pura burocracia interestelar. Mas o visual, meu Deus, o visual! James Gray, com a ajuda de uma equipe de produção formidável que inclui o próprio Brad Pitt e nomes como Dede Gardner e Rodrigo Teixeira, transformou o espaço em um espetáculo de solidão e beleza crua. A luz nos anéis de Netuno, o vazio imenso entre as estrelas, cada quadro é uma pintura que evoca tanto o sublime quanto o aterrador. Não é à toa que críticos apontaram como o visual eleva a experiência. É como se a própria galáxia estivesse tentando te abraçar e te engolir ao mesmo tempo.

Atributo Detalhe
Diretor James Gray
Roteiristas James Gray, Ethan Gross
Produtores Brad Pitt, James Gray, Dede Gardner, Anthony Katagas, Jeremy Kleiner, Rodrigo Teixeira, Arnon Milchan
Elenco Principal Brad Pitt, Tommy Lee Jones, Liv Tyler, Ruth Negga, Donald Sutherland
Gênero Ficção científica, Drama
Ano de Lançamento 2019
Produtoras New Regency Productions, MadRiver Pictures, Plan B Entertainment, RT Features, Bona Film Group, TSG Entertainment, Keep Your Head Productions, 20th Century Fox, Regency Enterprises

A cada “spacewalk” de Roy, a cada encontro ou desencontro (como o breve, mas pungente, de Liv Tyler como Eve), a cada sussurro ou grito silenciado, o filme aprofunda-se na relação pai-filho. Que tipo de legado um pai astronauta deixa para um filho que nunca pôde ser apenas filho? É uma reflexão sobre a busca por conexão, sobre a idealização, sobre a perda de um ente querido que está fisicamente ausente, mas emocionalmente presente como um buraco negro no peito. A performance de Pitt é um espetáculo à parte de contenção. Ele não chora, ele não grita descontroladamente; em vez disso, ele deixa a dor se manifestar em microexpressões, em uma quietude que fala mais alto que qualquer berro. É ali que a gente sente a humanidade dele, a vulnerabilidade que ele tenta tanto esconder.

Não espere um filme de ação frenética, tá? ‘Ad Astra’ se move com a gravidade de um planeta gigante. Ele te convida a pensar, a sentir a vastidão, a questionar o que realmente significa ir “rumo às estrelas”: é uma busca externa ou uma fuga interna? Ruth Negga como Helen Lantos e Donald Sutherland como Thomas Pruitt adicionam camadas importantes à jornada de Roy, mas o cerne é sempre ele, sozinho com seus demônios e com a ausência de seu pai.

Para quem gosta de ficção científica que te faz coçar a cabeça e o coração, que disfarça um drama metafísico numa embalagem de aventura espacial, ‘Ad Astra’ é um prato cheio. É “art house” na sua forma mais acessível, uma obra que não tem medo de ser introspectiva, de explorar a solidão em seu estado mais puro e implacável. Ele não é perfeito, claro – que filme é? –, mas suas imperfeições são, de certa forma, parte do seu charme, da sua honestidade em não buscar respostas fáceis para perguntas complexas demais. Lançado em 2019, ele permanece, para mim, como um farol no oceano escuro do cinema, lembrando-nos que, às vezes, a maior jornada não é para fora, mas para dentro de nós mesmos, em busca do nosso próprio lugar no cosmos. E isso, ah, isso vale cada segundo.

Trailer

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