After: Depois da Promessa

After: Depois da Promessa – Um ciclo vicioso de paixão e desespero

Três anos se passaram desde a estreia de After: Depois da Esperança, e a saga de Tessa e Hardin retorna às telas em After: Depois da Promessa. Para aqueles que não acompanharam a jornada turbulenta deste casal, a trama gira em torno do relacionamento conturbado de Tessa Young, uma jovem estudante, e Hardin Scott, um rapaz rebelde e enigmático. O filme, lançado em 2022 no Brasil, explora a evolução do relacionamento dos protagonistas, mostrando como as dificuldades enfrentadas fortaleceram – ou será que quebraram? – sua união, e as revelações sobre suas famílias que os forçam a confrontar suas semelhanças.

A direção de Castille Landon, embora competente em conduzir a narrativa, não consegue escapar da armadilha de muitas adaptações literárias de romances jovens adultos: a superficialidade. Os conflitos, embora explorados com algum aprofundamento em comparação com os filmes anteriores, carecem de uma densidade emocional que os tornaria verdadeiramente impactantes. O roteiro de Sharon Soboil, por sua vez, segue a fórmula já estabelecida, com os altos e baixos da relação central servindo mais como um mecanismo de alimentar a narrativa do que de explorar a complexidade do relacionamento. Há um certo preciosismo na maneira como os diálogos são construídos, muitas vezes mais focados na estética do que na verossimilhança.

Josephine Langford e Hero Fiennes Tiffin, mais uma vez vestindo as peles de Tessa e Hardin, demonstram uma química inegável na tela. A evolução dos personagens, no entanto, é algo que me deixa dividida. A Tessa que vemos aqui, longe de ser a menina inocente do início da saga, parece às vezes caricata em sua tentativa de independência e rebeldia. Já Hardin, enquanto se esforça para se desvencilhar de sua imagem de bad boy, nunca chega a transparecer um amadurecimento profundo, caindo constantemente nos mesmos padrões de comportamento. Os atores, devo admitir, fazem o que podem com o material que lhes é dado, mas o roteiro os limita.

A força do filme reside na sua capacidade de manter o público engajado na relação central, mesmo com suas repetições e previsibilidades. A construção da narrativa, embora baseada em fórmulas já consagradas, funciona para quem busca entretenimento leve e melodramático. No entanto, a fraqueza reside na falta de profundidade emocional. A relação entre Tessa e Hardin, apesar de sua intensa química, nunca chega a alcançar um nível de complexidade que justifique a quantidade de filmes dedicados à saga. A ausência de uma análise mais crítica das temáticas abordadas – amor, família, identidade – acaba por deixar um vazio que não é preenchido pela estética nem pela performance dos atores.

Em resumo, After: Depois da Promessa é um filme que cumpre sua função de entreter, mas que dificilmente ficará gravado na memória. A fórmula já se mostra gasta, e a repetição dos mesmos padrões narrativos e emocionais impede que a saga alcance um patamar superior. Recomendo o filme apenas para os fãs fervorosos da saga, aqueles que precisam ver a conclusão de uma história que acompanharam desde o início. Para outros espectadores, há opções mais ricas e gratificantes disponíveis nas plataformas de streaming. A embalagem pode ser atraente, mas, como certa crítica já apontou, o presente dentro da caixa está vazio. E dessa vez, não há a promessa de um futuro mais interessante.