After: Depois da Verdade

After: Depois da Verdade – Um Romance Adolescente que Nos Toca (mesmo que a gente não admita)

Cinco anos se passaram desde o lançamento de After: Depois da Verdade, em 15 de março de 2021, e a lembrança da polêmica que cercava a adaptação cinematográfica do fenômeno Wattpad ainda ecoa. A verdade é que, apesar de todas as críticas, o filme conseguiu algo que muitos produções hollywoodianas ambiciosas falham em alcançar: conectar-se com seu público alvo de forma visceral. E sim, sou eu, o velho cínico, admitindo isso.

O filme, resumidamente, mostra a tentativa de Tessa em superar o relacionamento tumultuado com Hardin, um jovem atormentado e apaixonado, após uma revelação chocante. A trama se move entre momentos de intensa paixão e dolorosas rupturas, explorando a complexidade de um amor jovem e repleto de inseguranças. O roteiro, baseado no livro de Anna Todd, não busca a sutileza, e isso é, ao mesmo tempo, seu ponto forte e sua maior fraqueza.

A direção de Roger Kumble, embora não inovadora, é eficiente em conduzir a narrativa emocional, apostando em close-ups que capturam a intensidade dos olhares e a fragilidade dos personagens. As atuações são o ponto central da experiência. Josephine Langford e Hero Fiennes Tiffin carregam a química explosiva de Tessa e Hardin nas costas, entregando interpretações convincentes, apesar das falhas do roteiro em construir personagens mais complexos. Dylan Sprouse, como Trevor, e o resto do elenco, oferecem um apoio satisfatório, embora seus personagens muitas vezes pareçam unidimensionais.

O roteiro, escrito por Anna Todd e Mario Celaya, é onde o filme peca. A narrativa é extremamente melodramática, repleta de clichês do romance adolescente, e em muitos momentos, previsível até a exaustão. A escolha por dialogos excessivamente sentimentais, às vezes beira o ridículo. A referência a “O Morro dos Ventos Uivantes”, mencionada em algumas críticas, é pertinente. Há uma tentativa de elevação literária, um desejo de profundidade emocional que, infelizmente, se perde na superficialidade de algumas escolhas narrativas.

No entanto, e aqui está o meu ponto crucial, a superficialidade não é necessariamente um defeito fatal. A força de After: Depois da Verdade reside exatamente na sua entrega sem pudor do melodrama adolescente. Ele abraça os clichês, os exageros e a paixão avassaladora sem pedir desculpas. E isso, num mundo de cinema tão focado em realismo e complexidade, funciona de forma surpreendentemente eficaz. É um filme que, como dito na crítica que mencionei antes, “você esquece assim que sai do cinema, mas vai voltar a ver”. E eu concordo, por mais que eu me sinta quase envergonhado de admitir.

O filme explora temas universais como o primeiro amor, a descoberta da identidade e a busca por um lugar no mundo. A mensagem, ainda que subjacente, é sobre a importância de lutar por aquilo que acreditamos, mesmo quando as probabilidades estão contra nós. Essa mensagem ressoa, principalmente em um público mais jovem.

Em suma, After: Depois da Verdade é um filme imperfeito, mas encantador em sua imperfeição. Não se trata de uma obra-prima cinematográfica, mas sim de uma experiência cinematográfica que, mesmo cinco anos depois, consegue instigar discussões e gerar identificação. Se você está procurando um filme intelectualmente estimulante, este não é o seu lugar. Mas se você quer se entregar a duas horas de romance adolescente intenso, com todas as suas glórias e fraquezas, então, sim, este filme é para você. Recomendo assistir principalmente se você já conhece a franquia ou gosta de dramas românticos que não temem o melodrama. É um guilty pleasure que, acredite, você vai desfrutar.