Quando a gente mergulha no vasto universo das séries de detetives, especialmente aquelas vindas do Japão, é fácil se deparar com uma miríade de equipes, estratégias e dramas. Mas existe uma que, para mim, se destaca não só pela sua resiliência, mas pela sua essência: AIBOU: Tokyo Detective Duo. Por que decidi escrever sobre ela hoje, em 15 de outubro de 2025? Porque, mesmo depois de tantos anos, e olha que a série original estreou em 2002, ela continua a me surpreender e a me fazer pensar sobre justiça, moralidade e o complexo tecido da sociedade. Não é apenas uma série de crime; é uma lente para a alma humana.
O que me fisgou logo de cara em AIBOU, desde a primeira vez que me deparei com ela, foi a sua abordagem, tão diferente daquela “horda de detetives” que vemos em tantas outras produções. Aqui, o foco está em dois. Dois homens, suas mentes e suas convicções. No centro desse redemoinho intelectual e moral está Ukyo Sugishita, interpretado com uma maestria inigualável por Yutaka Mizutani. Ukyo não é o detetive padrão. Ele não segue à risca o manual da polícia, não se curva facilmente à burocracia ou à política. As suas investigações são guiadas por uma bússola interna, uma busca implacável pela verdade e pela justiça, mesmo que isso signifique desafiar o sistema ou antagonizar seus superiores. É como assistir a um mestre enxadrista em ação, sempre dez jogadas à frente, com uma mente afiada que dissecava cada detalhe, cada incongruência.
E é aqui que entra o brilho e, para mim, um dos maiores trunfos da série: a dinâmica de parceria. Sabe aquele ditado “em time que está ganhando não se mexe”? Pois bem, AIBOU ousou mexer, e de quebra, mostrou que a evolução pode ser a chave da longevidade. Ao longo das temporadas, Ukyo teve vários “aibou” – parceiros – cada um trazendo sua própria paleta de cores para a tela. Houve Kaoru Kameyama, o mais impulsivo, talvez o coração da dupla; depois Takeru Kanbe, mais reservado e observador, um contraste intrigante; e Toru Kai, com sua própria carga emocional e dramas familiares. Cada troca de parceiro era como um sopro de ar fresco, uma chance de explorar novas camadas da personalidade de Ukyo e de como ele interagia com diferentes visões de mundo.
Atualmente, e isso é algo que me fascina desde a 14ª temporada, Ukyo conta com Wataru Kaburagi ao seu lado. Kaburagi é um ponto de inflexão na trajetória de parcerias de Ukyo. Ele não vem das ruas, não tem a poeira da experiência policial acumulada nos ombros. É um burocrata, transferido temporariamente para a polícia metropolitana. Pensar nisso é quase poético: um intelectual convicto e um burocrata pragmático. Como essas duas forças antagônicas, mas complementares, se unem para desvendar os mais intrincados mistérios? É a prova de que a série não se contenta com o previsível. Ela joga com as expectativas do público, propondo que a justiça pode ser buscada e encontrada por caminhos inusitados, mesmo que um dos navegadores nunca tenha segurado um distintivo antes. Essa é uma das sutilezas que nos convida a pensar: o que realmente faz um “bom policial”? Seria a experiência de campo, ou a capacidade de raciocínio e a integridade moral?
Atributo | Detalhe |
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Elenco Principal | 水谷豊, 山中崇史, 川原和久, 山西惇, 片桐竜次 |
Gênero | Drama, Crime, Mistério |
Ano de Lançamento | 2002 |
Produtoras | TV Asahi, Toei Company |
Mas não é só de Ukyo e seus parceiros que AIBOU vive. O elenco de apoio é a espinha dorsal que constrói o universo da Polícia Metropolitana de Tóquio. Personagens como Keiji Serizawa (interpretado por Takashi Yamanaka), Kenichi Itami (Kazuhisa Kawahara), Rokuro Kakuta (Atsushi Yamanishi) e Kanji Uchimura (Ryuji Katagiri) não são meros figurantes. Eles são peças cruciais, seja adicionando humor com suas tiradas e frustrações, representando o lado burocrático e muitas vezes obstinado da instituição, ou servindo como contraponto às ideias de Ukyo. Eles dão textura à narrativa, transformando uma simples investigação em um retrato mais amplo de um sistema.
As produções da TV Asahi e Toei Company, desde o início, em 2002, garantem que a qualidade técnica seja um pilar sólido. A forma como os gêneros Drama, Crime e Mistério se entrelaçam é impecável. Os roteiros são meticulosos, repletos de reviravoltas que raramente parecem forçadas. A série não se apressa em revelar os culpados; ela te convida a participar da dedução, a seguir as pistas junto com Ukyo, a sentir a frustração quando ele encontra um beco sem saída e a euforia quando a peça final se encaixa. É essa imersão intelectual e emocional que me faz voltar a AIBOU temporada após temporada.
Hoje, em 2025, quase um quarto de século depois de seu lançamento, AIBOU: Tokyo Detective Duo é mais do que uma série; é um marco cultural na televisão japonesa. Ela transcendeu a tela, tornando-se um símbolo de como uma narrativa bem construída, com personagens complexos e uma visão inabalável sobre a justiça, pode não apenas entreter, mas também provocar reflexão. Se você busca uma série que te desafie, te intriga e te faça questionar os limites da moralidade em um mundo cinzento, então dê uma chance a essa dupla. Garanto que você não irá se arrepender de se juntar a Ukyo Sugishita em suas incansáveis jornadas pela verdade.