Ainbo: Uma Guerreira que Merece Muito Mais do que a Floresta
Quatro anos se passaram desde que a pequena Ainbo, guerreira amazônica animada, chegou às telas em setembro de 2021. E, cá entre nós, o tempo só fez aumentar a minha sensação de injustiça em relação à recepção que esse longa recebeu. Ainbo: A Guerreira da Amazônia não foi um sucesso estrondoso, mas merecia muito mais reconhecimento do que obteve. A história acompanha a jovem Ainbo, que vive na pacata aldeia de Candámo, no coração da Amazônia, até que a ameaça da destruição da sua floresta e de sua cultura, causada pela ganância humana, a força a embarcar numa jornada épica para salvar sua casa. Acompanhada de seus amigos animais, ela enfrentará perigos, descobrirá segredos ancestrais e lutará contra as forças da escuridão representadas pelos Yakuruna, entidades que residem no coração de seres gananciosos.
A direção de José Zelada e Richard Claus demonstra uma sensibilidade notável na construção do mundo amazônico. A animação, embora não se compare à de grandes estúdios, possui um charme próprio, com cores vibrantes e uma estética que captura a beleza exuberante e a aura mágica da floresta. Há momentos em que a animação se mostra um pouco datada, mas isso de certa forma contribui para um visual singular e, ouso dizer, até charmoso em sua simplicidade. A trilha sonora, infelizmente, passa um pouco despercebida. Poderia ter sido mais marcante, contribuindo ainda mais para a imersão na atmosfera mágica e épica da narrativa.
O roteiro, escrito por Larry Wilson, Jason Cleveland, Richard Claus e Brian Cleveland, apresenta uma trama simples, mas eficaz. A história de Ainbo é carregada de simbolismo e metáforas sobre a preservação ambiental e a importância da conexão com a natureza, e funciona de forma eficiente para o público infantil, sem deixar de lado a possibilidade de uma reflexão mais profunda para os adultos. Há momentos de pura fantasia e aventura, perfeitamente equilibrados com mensagens importantes sobre responsabilidade ambiental e respeito às culturas indígenas. As atuações de voz, especialmente a de Lola Raie como Ainbo, são convincentes e carregadas de emoção.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretores | José Zelada, Richard Claus |
| Roteiristas | Larry Wilson, Jason Cleveland, Richard Claus, Brian Cleveland |
| Produtores | José Zelada, Richard Claus, Sergio Zelada, Cesar Zelada |
| Elenco Principal | Lola Raie, Alejandra Gollas, Thom Hoffman, Bernardo de Paula, Dino Andrade |
| Gênero | Aventura, Animação, Família, Fantasia |
| Ano de Lançamento | 2021 |
| Produtora | Tunche Films |
Os pontos fortes de Ainbo são indiscutíveis: a bela representação da Amazônia, a protagonista forte e inspiradora, a mensagem ecológica urgente e a combinação eficaz de aventura e fantasia. O filme certamente diverte e sensibiliza, principalmente as crianças, que veem em Ainbo um modelo inspirador. Porém, o filme peca pela falta de originalidade em certos aspectos, sendo previsível em alguns momentos. A animação, como já mencionado, embora charmosa, poderia ter sido mais polida em termos técnicos. A ausência de uma trilha sonora mais marcante também é uma pena.
Apesar das suas pequenas falhas, Ainbo: A Guerreira da Amazônia se destaca pela sua mensagem poderosa e pela representação da cultura indígena amazônica. A representação da natureza é algo admirável, buscando inspirar respeito pelo meio ambiente e pela rica biodiversidade da região. Não se trata apenas de uma história de aventura; é um filme que provoca reflexões importantes sobre sustentabilidade e o impacto da humanidade no planeta. O filme busca emular a coragem e a força de diversas personagens femininas da cultura amazônica, transmitindo uma mensagem de empoderamento feminino que transcende as fronteiras da animação.
Em conclusão, Ainbo: A Guerreira da Amazônia é um filme que merece uma segunda chance. É uma produção que, apesar de alguns deslizes técnicos, consegue transmitir uma mensagem vital e inspiradora. Recomendo fortemente o filme para famílias com crianças, principalmente para aqueles que buscam alternativas animadas que fujam do padrão hollywoodiano. Embora não seja uma obra-prima de animação, a importância de sua mensagem ecologicamente responsável e o seu charme particular o tornam uma experiência cinematográfica válida e enriquecedora, especialmente considerando sua abordagem ao tema ambiental e sua valorização da cultura indígena. Em 2025, a importância desse filme só se tornou mais evidente, à luz dos contínuos desafios ambientais que enfrentamos. É uma produção que, infelizmente, passou despercebida, mas que merece ser redescoberta.




