Alerta Vermelho

Alerta Vermelho: Uma Comédia de Ação que Deveria Ter Sido Mais Esperta

Quatro anos se passaram desde que Alerta Vermelho invadiu as telas, e a lembrança do filme continua a me assombrar, não de forma negativa, mas por uma espécie de curiosidade frustrada. A premissa é tão boa, a escalação tão irresistível – Dwayne “The Rock” Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot em uma trama de roubo de arte com a Interpol no encalço – que a decepção final se torna ainda mais palpável. O longa, dirigido e escrito por Rawson Marshall Thurber, promete uma comédia de ação eletrizante, mas entrega, no fim das contas, algo mais próximo de um passeio divertido, porém superficial, no universo dos filmes de ação hollywoodianos.

A sinopse, sem spoilers, é simples: um agente do FBI, John Hartley (Johnson), precisa capturar o astuto ladrão de arte Nolan Booth (Reynolds) e, juntos, eles se veem forçados a caçar a criminosa mais procurada do mundo, a enigmática Sarah Black, também conhecida como “The Bishop” (Gadot). A dinâmica entre os três protagonistas, uma espécie de “Ocean”s Eleven” sem o requinte e a complexidade, é o motor central da trama, e é aí que residem tanto os pontos altos quanto os baixos do filme.

A direção de Thurber é competente, mas sem grande impacto. As cenas de ação são frenéticas, como se espera de um filme com esse elenco, mas falta uma assinatura estética, uma marca autoral que o eleve além do ordinário. O roteiro, também assinado por Thurber, peca pela previsibilidade. O humor, embora consiga arrancar algumas risadas, se baseia em gags fáceis e repetitivas, explorando excessivamente a química (inegável, diga-se de passagem) entre Reynolds e Johnson. A própria premissa, que poderia levar a uma exploração interessante do universo da arte e do crime internacional, fica relegada a um segundo plano, em favor de sequências de ação genéricas e piadas de banheiro.

Gal Gadot, embora entregue uma atuação convincente, não encontra a mesma profundidade que seu papel poderia permitir. O filme não se aprofunda na motivação de sua personagem, limitando-se a transformá-la em uma espécie de vilã arquetípica, desaproveitando seu potencial. Johnson e Reynolds, por outro lado, entregam o que se espera deles: carisma e bom humor em doses generosas. A química entre eles é a salvação do filme, funcionando como um poderoso catalisador para os momentos mais fracos do roteiro.

O maior problema de Alerta Vermelho, no entanto, é a sua falta de ambição. A crítica que aponta o roteiro como “primitivo” não está totalmente errada. O filme se contenta em ser apenas uma comédia de ação palatável, sem se arriscar em uma narrativa mais complexa ou ousada. A exploração dos temas de justiça, traição e a própria obsessão pelo valor da arte é superficial, funcionando como um mero pano de fundo para as piadas e as perseguições automobilísticas.

O contexto de produção, com um investimento considerável e um elenco de estrelas, contribuiu para expectativas elevadas. Embora não tenha sido um fracasso de bilheteria, o filme recebeu críticas mistas, com muitos apontando a sua falta de originalidade. Lembro-me de, em 2021, ter assistido ao longa com amigos e saído do cinema com uma sensação estranha: divertido, sim, mas longe de ser memorável. Talvez a promessa de uma sequência (ainda sem previsão para o futuro) justifique um pouco essa falta de profundidade; talvez tenha sido uma estratégia para criar uma base de fãs para futuras explorações da história.

Em resumo, Alerta Vermelho é uma comédia de ação palatável que, apesar do seu elenco de estrelas e premissa promissora, não consegue se elevar acima da média. É um filme que se assiste sem grandes expectativas, capaz de proporcionar algumas risadas e momentos de entretenimento, mas que se esquece rapidamente assim que os créditos finais rolam. Recomendo para aqueles que buscam um filme leve e despretensioso para uma noite de domingo, sem grandes pretensões cinematográficas. Para quem busca algo mais sofisticado, porém, sugiro buscar outras opções.