Eu sei o que você está pensando: “Mais uma comédia romântica ambientada na Itália? Com uma jovem recém-saída de um relacionamento e um britânico cético? Ah, por favor!” E olha, eu te entendo perfeitamente. Em um mundo onde somos bombardeados por produções que gritam originalidade a cada fotograma, às vezes a gente se cansa um pouco da receita batida. Mas aqui está o segredo: nem toda refeição precisa ser uma experiência gastronômica revolucionária. Às vezes, o que a alma pede é aquele prato caseiro, familiar e que aquece o coração. E para mim, Amor em Verona, lançado lá em 2022, é exatamente isso.
Três anos se passaram desde que este filme chegou silenciosamente aos nossos streamings, e cá estou eu, revendo-o, não por obrigação, mas por um tipo de carinho que só algumas histórias conseguem despertar. Por que escrevo sobre ele agora? Porque, em meio ao caos da vida e à busca incessante por algo “novo”, a beleza da simplicidade bem executada e do conforto narrativo muitas vezes é subestimada. É sobre a pausa, a respiração, a permissão para sonhar com uma vida diferente, mesmo que por duas horas.
A premissa, como já sabemos, não é das mais inéditas. Julie, interpretada com uma doçura palpável por Kat Graham, decide que uma viagem à mágica Verona, Itália, será o bálsio perfeito para um coração recém-partido. Quem nunca fez planos grandiosos para curar uma ferida amorosa, né? O roteiro, assinado pelo próprio diretor Mark Steven Johnson, nos joga de cabeça na ironia do destino: a casa de sonho que Julie reservou, uma charmosa villa italiana, também foi alugada para outra pessoa. E essa outra pessoa é Charlie, vivido com um charme desarmante por Tom Hopper, um britânico cético, com aquela postura inicialmente fechada que sabemos que o cinema adora desconstruir.
Olha, o clichê está lá, gritando. Um homem e uma mulher, forçados a conviver em um cenário paradisíaco, vindos de mundos opostos, destinados a se odiar para depois, inevitavelmente, se apaixonar. Mas aqui é onde o filme me pega. Não é o que acontece, mas como acontece e quem nos guia por essa jornada. Kat Graham, com os olhos que parecem guardar todas as lágrimas do término e, ao mesmo tempo, um inextinguível brilho de esperança, nos convence da vulnerabilidade de Julie. Ela não é apenas uma mocinha em busca de um novo amor; ela está em busca de si mesma, de um novo propósito pós-ruptura, tentando entender o que a vida, ou melhor, essa vacation inesperada, pode oferecer. E Charlie, com seu cinismo britânico tão bem articulado por Hopper, não é apenas um obstáculo irritante. Ele é alguém que, por trás da fachada de “nada me toca”, guarda suas próprias cicatrizes, suas próprias dúvidas. A química entre os dois? Ah, essa é a chama que acende a história, um jogo de olhares, de farpas divertidas, que lentamente se transforma em algo mais profundo. É um mostrar, não contar de como duas almas, inicialmente desalinhadas, começam a vibrar na mesma frequência.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Mark Steven Johnson |
Roteirista | Mark Steven Johnson |
Produtores | Mark Steven Johnson, Stephanie Slack, Margret H. Huddleston, Dave Jordan |
Elenco Principal | Kat Graham, Tom Hopper, Raymond Ablack, Laura Hopper, Sean Amsing, Emilio Solfrizzi, Lorenzo Lazzarini, Vincent Riotta, Solimano Pontarollo, Stefano Skalkotos |
Gênero | Romance, Comédia |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtoras | Grumpy Entertainment, Off Camera Entertainment |
E Verona, gente! A cidade por si só é um personagem que pulsa vida, romance e história. Não é apenas um pano de fundo genérico. Mark Steven Johnson nos mergulha em suas ruelas de pedra, nos leva aos mercados vibrantes, nos faz sentir o aroma do café recém-passado e ouvir os sinos das igrejas. A produção da Grumpy Entertainment e Off Camera Entertainment capta a essência italiana de uma forma que te faz sentir o desejo de pegar o primeiro voo. É Verona, com seus segredos shakespearianos e sua aura de cidade dos amantes, que se torna a alcova perfeita para esse amor desabrochar. É quase como se a própria cidade estivesse conspirando, sussurrando: “A vida continua, querida. E o amor também”.
Os coadjuvantes são a cereja do bolo que adiciona sabor e cor. Raymond Ablack como Brandon, o ex-namorado que tenta uma segunda chance, oferece um contraponto interessante à evolução de Julie. Laura Hopper como Cassie adiciona um toque de amizade e cumplicidade. E os personagens locais, como Roberto (Sean Amsing), Silvio D’Angelo (Emilio Solfrizzi) e Carlo Caruso (Vincent Riotta), não são apenas figurantes. Eles são a alma da Itália, com suas particularidades, seu humor e sua hospitalidade, que ajudam a tecer a tapeçaria da vida de Julie e Charlie em Verona. São eles que dão a “vida” ao filme, garantindo que não seja apenas uma história de amor, mas uma imersão cultural.
Este filme não se propõe a ser um drama existencialista ou uma revolução cinematográfica. E é aí que reside seu charme. É uma comédia romântica que cumpre o que promete, com leveza, bom humor e uma dose generosa de paisagens de tirar o fôlego. É sobre a beleza de encontrar o amor quando você menos espera, sobre a resiliência de seguir em frente depois de um coração partido, e sobre a magia transformadora de uma viagem inesperada. É um convite para você se permitir sonhar, rir e, quem sabe, até suspirar um pouquinho. Em um mundo tão frenético, Amor em Verona é um lembrete gentil de que há beleza na simplicidade, e que às vezes, tudo o que precisamos é de uma boa história de amor para nos fazer acreditar na vida de novo. Um brinde à Verona, ao amor e às segundas chances.