Nova York, 1926: um turbilhão de magia e mistério se desenrola nas ruas da cidade que nunca dorme. Em Animais Fantásticos e Onde Habitam, acompanhamos Newt Scamander, um magizoologista excêntrico em uma jornada mundial para catalogar e proteger criaturas mágicas. Um pequeno acidente – digamos, alguns animais escapando de sua maleta mágica – o coloca no meio de uma trama que ameaça o equilíbrio entre o mundo bruxo e o mundo dos No-Majs (os trouxas, para os íntimos). A partir daí, uma improvável equipe de heróis se une para recuperar as criaturas antes que elas causem mais caos, deparando-se com forças obscuras e perigos inimagináveis.
Um Mundo Mágico, Um Roteiro Contraditório
J.K. Rowling, a mente brilhante por trás de Harry Potter, assume também a autoria do roteiro, e a magia da escrita original se faz presente. A construção do mundo bruxo americano, com suas particularidades e peculiaridades, é fascinante. A ambientação na década de 1920 é impecável, transportando o espectador para uma época de glamour e mistério. Porém, a trama se revela um tanto ambiciosa demais. O filme parece querer abraçar diversas narrativas simultaneamente: a comédia leve com o No-Maj Jacob, a investigação sobre a ameaça crescente à comunidade bruxa e uma pitada de suspense que flerta com algo mais sombrio. Essa fragmentação, apesar de intrigante em sua proposta, resulta em um ritmo um pouco irregular e em algumas subtramas que poderiam ter sido mais bem desenvolvidas. Há momentos em que o filme se perde em si mesmo, deixando de explorar a fundo alguns personagens e suas motivações.
Elenco Charmoso e Direção Competente
David Yates, o diretor já experiente no universo mágico de Rowling, conduz a narrativa com maestria visual, embora a edição em alguns pontos pareça apressada, prejudicando a imersão completa do espectador. O elenco principal é, sem dúvida, um ponto forte. Eddie Redmayne entrega uma atuação encantadora e peculiar como Newt, encontrando o equilíbrio perfeito entre a excentricidade e a vulnerabilidade do personagem. Katherine Waterston e Alison Sudol como as irmãs Goldstein também brilham, trazendo profundidade e nuances a suas personagens. Dan Fogler, como Jacob Kowalski, rouba a cena com seu carisma e humor, sendo um contraponto essencial para a seriedade da trama. Colin Farrell, por sua vez, entrega uma performance impactante como Percival Graves.
Uma Jornada com Altos e Baixos
O filme consegue momentos de pura magia cinematográfica, com efeitos visuais deslumbrantes e criaturas fantásticas que cativam a imaginação. A maleta mágica de Newt, repleta de seus animais extraordinários, é uma verdadeira maravilha visual. No entanto, alguns elementos da narrativa se mostram previsíveis e pouco surpreendentes. A resolução de certos conflitos também parece um tanto abrupta, e algumas pontas soltas ficam sem o devido fechamento. O filme parece estar mais preocupado em estabelecer o cenário para as futuras continuações do que em se consolidar como uma obra completa por si só.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | David Yates |
Roteirista | J.K. Rowling |
Produtores | Steve Kloves, Lionel Wigram, J.K. Rowling, David Heyman |
Elenco Principal | Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Colin Farrell |
Gênero | Fantasia, Aventura |
Ano de Lançamento | 2016 |
Produtoras | Heyday Films, Warner Bros. Pictures |
Um Conto de Magia, Aceitação e Preconceito
Apesar de seus pontos fracos, Animais Fantásticos e Onde Habitam aborda temas relevantes, como a importância da aceitação da diferença e o preconceito contra aqueles que são considerados “diferentes”. A relação entre o mundo bruxo e o mundo No-Maj, com seus conflitos e segredos, é uma metáfora interessante para os desafios da coexistência em um mundo plural e diverso.
Vale a Pena Assistir?
Apesar de suas falhas, Animais Fantásticos e Onde Habitam é um filme que consegue entreter e emocionar. Sua ambientação cuidadosa, elenco talentoso e criaturas mágicas cativantes compensam alguns deslizes narrativos. É um filme que merece ser assistido, especialmente pelos fãs do universo Harry Potter, mesmo que não se trate de uma obra-prima perfeita. Recomendo sua exibição, principalmente para quem busca uma aventura mágica e um escape para um mundo fantástico, mesmo com a ressalva de que a trama fica um pouco a desejar em seu fechamento. Para aqueles que procuram um filme impecável em todos os aspectos, talvez a experiência não seja tão satisfatória, mas para mim, a magia e os personagens superam as imperfeições. Afinal, mesmo um filme que tenta ser três ao mesmo tempo ainda pode ser uma experiência agradável, como certa crítica por aí mencionou.