Animale: Uma Fúria Selvagem que Nos Envolve
Lançado em 2024 e chegando aos cinemas brasileiros em 15 de maio de 2025, Animale prometia ser mais do que um simples filme de terror com elementos fantásticos. E, em grande parte, cumpriu essa promessa. A trama, ambientada na região da Camargue, na França, acompanha Nejma, uma jovem determinada a vencer a tradicional corrida de touros. Mas um touro selvagem e uma série de assassinatos misteriosos lançam uma sombra sinistra sobre suas ambições e sobre toda a comunidade. É um thriller envolvente, que equilibra o drama pessoal de Nejma com o crescente horror que assola a região. A sinopse não entrega muito, o que é ótimo, pois a experiência de assistir Animale é descobrir seus mistérios aos poucos.
A direção de Emma Benestan, que também assina o roteiro ao lado de Julie Debiton, Vincent Le Port e Yasmine Benkiran, é primorosa. Ela consegue construir uma atmosfera densa e claustrofóbica, explorando com maestria a beleza bruta e a aura quase mítica da Camargue. As paisagens selvagens se tornam personagens quase tão importantes quanto os humanos, espelhando o lado obscuro e imprevisível da natureza que irrompe na narrativa. A fotografia é deslumbrante, capturando a luz intensa do sol e as sombras profundas da noite com precisão.
O roteiro, por sua vez, se destaca pela construção gradual da tensão. Ele não apela para sustos baratos, preferindo criar uma sensação crescente de pavor através de suspensos calculados e simbolismos sutis. A trama, embora inicialmente centrada na corrida de touros e nos sonhos de Nejma, se desdobra para revelar uma complexidade maior, explorando temas como a relação conflituosa entre o homem e a natureza, e o impacto da violência na psique humana. A mitologia local, sutilmente integrada à narrativa, adiciona uma camada adicional de intriga, elevando a obra além do comum gênero de terror.
Atributo | Detalhe |
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Diretora | Emma Benestan |
Roteiristas | Emma Benestan, Julie Debiton, Vincent Le Port, Yasmine Benkiran |
Produtores | Julie Billy, Naomi Denamur, Cassandre Warnauts, Jean-Yves Roubin |
Elenco Principal | Oulaya Amamra, Damien Rebattel, Vivien Rodriguez, Claude Chaballier, Elies-Morgan Admi-Bensellam |
Gênero | Fantasia, Drama, Terror |
Ano de Lançamento | 2024 |
Produtoras | June Films, Frakas Productions, France 3 Cinéma, Wild Bunch, RTBF |
As atuações também merecem destaque. Oulaya Amamra é cativante como Nejma, transmitindo com eficácia a determinação, o medo e a fragilidade da personagem. O restante do elenco dá um excelente suporte, construindo personagens verossímeis e complexos.
Mas, como todo filme, Animale não é perfeito. O ritmo, em alguns momentos, pode parecer lento para quem busca sustos contínuos e ação desenfreada. Há alguns elementos da trama que poderiam ter sido melhor desenvolvidos, deixando algumas pontas soltas. A exploração do tema da “body dysmorphia”, embora presente, poderia ter sido mais profunda e menos insinuada.
Contudo, esses pequenos deslizes não ofuscam a força geral do longa. A mensagem central do filme é inquietante: a natureza, quando provocada, pode se revoltar com uma fúria incontrolável, espelhando, talvez, a violência intrínseca ao ser humano. A direção feminina, aqui, é crucial para a sensibilidade com que esse tema é abordado.
Ao sair do cinema, no dia 23 de setembro de 2025, me senti profundamente impactado. Animale não é um filme fácil de digerir. Ele exige atenção, reflexão e, por vezes, até coragem para encarar a escuridão que habita em seu centro. Mas é justamente essa complexidade e essa audácia que o tornam tão memorável. Recomendo Animale a todos os amantes de terror psicológico e aos que buscam uma experiência cinematográfica mais profunda e desafiadora, desde que estejam preparados para uma jornada sombria, mas gratificante. A recepção da crítica, até o momento, tem sido majoritariamente positiva, consolidando Animale como uma obra promissora do cinema de terror europeu.