Underworld: Evolution – Uma Ode à Escuridão Estilizada (e Alguns Deslizes)
Em 2006, enquanto o mundo ainda se recuperava do impacto do primeiro Underworld, chegou às telas Underworld: Evolution, uma sequência que, para mim, continua sendo uma experiência cinematográfica complexa e fascinante, mesmo quase duas décadas depois, em 2025. O filme retoma a jornada de Selene, a implacável vampira interpretada por uma Kate Beckinsale no auge de sua beleza e poder, e seu amado Michael, o híbrido vampiro-lobisomem de Scott Speedman. Sua união, já desafiadora em si, precisa se fortalecer para enfrentar uma ameaça ancestral que coloca em risco a própria existência de suas espécies. A trama mergulha ainda mais fundo na mitologia complexa do universo Underworld, revelando segredos obscuros sobre as origens das criaturas noturnas e os conflitos centenários que as assolam. Sem spoilers, posso dizer que a ação é frenética e a trama, repleta de reviravoltas inesperadas.
A direção de Len Wiseman, que também comandou o primeiro filme, é impecável na construção de uma estética gótica urbana carregada de simbolismo. Budapest, com suas paisagens escuras e arquitetura imponente, serve como um cenário perfeito para o embate entre vampiros e lobisomens, um duelo coreografado com precisão e uma violência estilizada que, ainda em 2025, parece bastante moderna. A fotografia, sombria e saturada, contribui para a atmosfera tensa e opressiva do longa-metragem, que sabe equilibrar momentos de suspense visceral com cenas de ação explosivas.
O roteiro, atribuído a Danny McBride, por mais que se apresente de maneira mais complexa, peca em alguns pontos. Há momentos em que a trama se torna excessivamente confusa, perdendo-se em explicações sobre a evolução das espécies que, apesar de serem importantes para a narrativa, não são tão bem desenvolvidas quanto poderiam. A construção dos personagens, embora os atores se entreguem com convicção, também apresenta suas falhas. Embora Kate Beckinsale e Scott Speedman tragam carisma e força aos papéis principais, alguns personagens secundários, como o centenário vampiro Marcus (Tony Curran), poderiam ter sido mais explorados para agregar uma complexidade maior.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Len Wiseman |
Roteirista | Danny McBride |
Produtores | Tom Rosenberg, David Coatsworth, Gary Lucchesi, Richard S. Wright |
Elenco Principal | Kate Beckinsale, Scott Speedman, Tony Curran, Shane Brolly, Derek Jacobi |
Gênero | Fantasia, Ação, Thriller |
Ano de Lançamento | 2006 |
Produtoras | Screen Gems, Lakeshore Entertainment |
Contudo, onde Underworld: Evolution verdadeiramente brilha é na sua capacidade de construir uma mitologia própria. O filme explora temas universais como amor proibido, rivalidades ancestrais e a luta pela sobrevivência, utilizando a alegoria dos vampiros e lobisomens para construir uma metáfora sobre a natureza humana e a fragilidade da vida. A luta pela compreensão e a busca pela paz, ou pelo menos uma trégua, entre esses grupos é uma trama fascinante e de certa forma, esperançosa.
Os pontos fortes, além da direção e atuação principal já mencionados, residem na estética visual impactante e na criativa coreografia de luta. A trilha sonora, ao mesmo tempo épica e sombria, contribui significativamente para a imersão. Por outro lado, a trama confusa em alguns momentos e a falta de profundidade em alguns personagens secundários são os principais pontos fracos. Algumas decisões de roteiro, particularmente no final, podem dividir opiniões.
Ao concluir essa jornada nostálgica – e crítica – por Underworld: Evolution, 19 anos após seu lançamento, a minha recomendação é clara: assista. Apesar de suas falhas, o filme é uma obra singular, que apresenta uma visão única e altamente estilizada do gênero de fantasia sombria. A experiência, disponível em diversas plataformas de streaming, vale a pena para quem aprecia ação visceral, mitologias complexas e uma estética gótica que resiste ao tempo. Não espere um filme perfeito, mas sim uma experiência cinematográfica que, apesar de suas imperfeições, continua a me fascinar, um verdadeiro deleite para os amantes do gênero. E talvez, apenas talvez, essa seja a minha opinião mais controversa: Underworld: Evolution é superior ao primeiro filme.