Anônimo 2

Ah, Anônimo 2. Quem diria, hein? Lembro-me claramente da sensação de choque e deleite que o primeiro “Anônimo” me causou. Um filme que pegou o Bob Odenkirk, o Saul Goodman, o cara que a gente associava mais a advogados pilantras e professores de química doentes, e o transformou numa máquina de matar cansada da vida suburbana. Era algo tão inesperado que, no fundo do meu coração cinéfilo, eu torcia por uma sequência. E cá estamos nós, outubro de 2025, com o barulho de ossos quebrando e a poeira de mais um filme de ação descendo.

Quando soube que Timo Tjahjanto assumiria a direção, meu queixo quase caiu. Tjahjanto, o mestre do gore estilizado, do caos coreografado, daquele tipo de violência que te faz rir e encolher os ombros ao mesmo tempo, elevando a barra que Derek Kolstad (o roteirista que nos deu John Wick) já havia estabelecido. A promessa era de que Hutch Mansell voltaria, e não seria apenas um replay. Não senhor.

Se você, como eu, achava que a vida de Hutch Mansell, o ex-assassino letal que só queria ser um pai de família comum, tinha finalmente encontrado um fiapo de paz, o filme logo te lembra que não é bem assim que as coisas funcionam para caras como ele. A sinopse já entrega: uma invasão domiciliar, de novo. Mas o que começa como um gatilho para Hutch voltar ao seu passado violento se desdobra numa trama que joga luz sobre os segredos de sua esposa, Becca. E é aí que a coisa fica interessante. Não é só Hutch que tem um histórico, tá ligado? Essa revelação sobre Becca (a sempre excelente Connie Nielsen, que traz uma dignidade e uma força silenciosa à personagem) adiciona uma camada de complexidade que o primeiro filme apenas arranhava. É um movimento inteligente, transformando o que poderia ser uma mera repetição em algo com um peso emocional maior, uma jornada de descobrimento para o casal.

O que me fisgou de novo em Anônimo 2 é a forma como ele abraça seu próprio absurdo com um sorriso maroto. Não espere um estudo profundo da psique humana aqui. Este é um filme de ação, puro e simples, daquele tipo que te faz prender a respiração, rir em momentos impróprios e às vezes até soltar um “ai!” quando um golpe parece real demais. Timo Tjahjanto, com sua assinatura visual, entrega sequências de luta que são um balé brutal e implacável. Odenkirk, por sua vez, carrega o peso de Hutch com uma mistura de cansaço existencial e uma eficiência letal que é quase assustadora. Ele não é o herói musculoso e invencível de outros filmes; ele é um homem que preferia estar assistindo TV com a família, mas que, quando empurrado para o canto, se transforma num “one man army” desolador.

AtributoDetalhe
DiretorTimo Tjahjanto
RoteiristasDerek Kolstad, Aaron Rabin
ProdutoresKelly McCormick, David Leitch, Bob Odenkirk, Marc Provissiero, Braden Aftergood
Elenco PrincipalBob Odenkirk, Connie Nielsen, John Ortiz, Colin Hanks, RZA
GêneroAção, Thriller
Ano de Lançamento2025
ProdutorasUniversal Pictures, 87North Productions, OPE Partners, Eighty Two Films

A dinâmica com o elenco de apoio continua sendo um ponto forte. John Ortiz, como Wyatt Martin, e RZA, como Harry Mansell, trazem um carisma peculiar que equilibra a seriedade sombria de Hutch. E a presença de Colin Hanks como o Xerife Abel, tentando entender o que diabos está acontecendo nessa cidade suburbana, adiciona um toque de comédia de humor negro que alivia a tensão e a “hard” violência. A verdade é que a química do elenco, sob a direção segura de Tjahjanto, faz com que até os diálogos mais banais ganhem vida, e o ritmo, que alterna entre o sufocante e o hilário, nunca deixa a peteca cair.

O filme se aprofunda no tema da vingança, mas também na inevitabilidade do passado. Hutch tenta fugir de quem ele é, mas o mundo insiste em puxá-lo de volta para as sombras onde ele era um assassino temido. A premissa de uma “family vacation” que vira um inferno é um clichê divertido, e aqui, a forma como os elementos da máfia russa (sempre eles!) se entrelaçam com a jornada de Becca e Hutch é bem orquestrada, mantendo um tom que flerta constantemente com a “dark comedy”. Há uma certa ironia amarga na forma como o casal Mansell lida com ameaças mortais como se estivessem discutindo qual filme assistir.

Anônimo 2 não é o filme que vai revolucionar o gênero de ação, e os críticos que dizem que ele não estará nas listas de “melhores do ano” provavelmente estão certos. Mas, e isso é um grande “mas”, ele cumpre exatamente o que promete e vai além, entregando uma experiência de cinema que é pura adrenalina e diversão insana. É aquele tipo de filme que você assiste com um sorriso meio “disdainful”, porque sabe que é uma violência gratuita, mas a execução é tão boa, tão estilizada e tão bem atuada, que é impossil resistir. É uma sequência que respeita o original, expande sua mitologia de forma orgânica e nos lembra que, às vezes, tudo o que precisamos é ver um cara quebrado lidar com um bando de bandidos de formas inesperadamente criativas. E Bob Odenkirk, amigos, continua sendo o mestre nisso. Prepare-se para mais uma dose de caos controlado e explosões, porque Hutch Mansell tá de volta, e ele não tá pra brincadeira.

Trailer

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