Aqueles Que Me Desejam a Morte: Angelina Jolie em meio às chamas da redenção
Quatro anos se passaram desde que testemunhei o incêndio cinematográfico – em todos os sentidos – de Aqueles Que Me Desejam a Morte. E, apesar do tempo, a imagem de Angelina Jolie lutando contra chamas e traumas permanece vívida em minha mente. O filme, um thriller de ação dirigido por Taylor Sheridan, acompanha Connor, um garoto de 12 anos que presencia o assassinato brutal dos pais e se vê fugindo de dois assassinos implacáveis. Ele encontra refúgio com Hannah Faber, uma bombeira assombrada por uma tragédia passada, em uma cabana isolada no meio da natureza selvagem de Montana. A partir daí, uma luta pela sobrevivência se inicia, permeada por uma relação complexa e inesperada entre os dois personagens.
Sheridan, conhecido por seu talento para criar cenários tensos e personagens complexos, entrega aqui um roteiro que oscila entre momentos de puro suspense e outros de desenvolvimento mais introspectivo. A trama, embora linear, é eficiente em nos manter na ponta da cadeira. A perseguição implacável dos assassinos, interpretados com frieza por Nicholas Hoult e Aidan Gillen, contrasta com a fragilidade e força interior de Hannah e Connor. A dinâmica entre Jolie e o jovem Finn Little, que interpreta Connor, é o coração do filme. A relação que se forma entre eles, inicialmente marcada pela desconfiança, evolui para uma conexão profunda e tocante, num desenvolvimento orgânico que supera a arquetípica figura da “mulher salva a criança”. É uma relação complexa, que ecoa os traumas de ambos.
A atuação de Angelina Jolie, longe de ser apenas “em seu elemento”, como sugerem alguns críticos, é excepcional. Ela consegue transmitir a força e a fragilidade de Hannah com uma nuance e sutileza impressionantes. O peso de seu passado, e como ele molda seu presente, está nos seus olhos, nos seus gestos hesitantes. Finn Little também entrega uma performance convincente, transmitindo a resiliência e o medo de uma criança que precisa superar a adversidade. A fotografia, que capta a beleza imponente e o perigo latente da natureza montanhosa, é outro ponto forte. As cenas de incêndio são viscerais e impactantes, contribuindo para a atmosfera tensa do filme.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Taylor Sheridan |
Roteiristas | Charles Leavitt, Michael Koryta, Taylor Sheridan |
Produtores | Steven Zaillian, Aaron L. Gilbert, Garrett Basch, Taylor Sheridan, Kevin Turen |
Elenco Principal | Angelina Jolie, Finn Little, Jon Bernthal, Nicholas Hoult, Aidan Gillen |
Gênero | Thriller, Ação |
Ano de Lançamento | 2021 |
Produtoras | Bron Studios, New Line Cinema, Bosque Ranch Productions, Film Rites |
No entanto, o filme não está isento de falhas. Certos elementos do roteiro, como o desenvolvimento dos vilões, poderiam ter sido aprofundados. Embora a atuação de Hoult e Gillen seja competente, seus personagens carecem de uma motivação mais palpável, deixando a trama um pouco superficial em alguns aspectos. Além disso, a exploração do passado traumático de Hannah, embora seja central para sua caracterização, poderia ter sido mais equilibrada, evitando o risco de cair em um melodrama excessivo.
Aqueles Que Me Desejam a Morte é um thriller competente, que entrega uma boa dose de adrenalina e explora temas interessantes como trauma, perda, redenção e a força dos laços humanos. A combinação de ação, suspense psicológico e drama humano, tudo emoldurado pela beleza quase poética de Montana, cria uma experiência cinematográfica envolvente, que, apesar de algumas imperfeições, vale a pena ser assistida. Recomendo o filme para quem aprecia thrillers de ação com um toque dramático e atuações de alto nível, principalmente para aqueles que apreciam a força de uma Angelina Jolie em estado de graça. A sensação de catástrofe iminente e a força da natureza implacável, combinadas com o drama humano, o deixam memorável. Embora não seja uma obra-prima do gênero, Aqueles Que Me Desejam a Morte certamente deixa sua marca.