Ardente Paciência: Um postal de paixão e poesia, entregue três anos atrasados
Três anos depois de sua estreia em 2022, finalmente consegui assistir a Ardente Paciência, e devo dizer, a espera valeu (quase) a pena. Este longa-metragem chileno, dirigido por Rodrigo Sepúlveda e baseado no roteiro de Guillermo Calderón, conta a história de Mario, um jovem carteiro que se torna entregador pessoal de Pablo Neruda, mergulhando num universo de poesia, amor e descobertas pessoais. A sinopse, embora simples, promete uma jornada intensa, e em grande parte, cumpre o que promete.
Uma carta escrita com sutileza
Sepúlveda, com uma mão firme e delicada, conduz a narrativa. A direção é elegante, quase poética, espelhando a própria natureza do conteúdo. Não há excessos, e a câmera, muitas vezes observadora, permite que as emoções se desenvolvam organicamente. A escolha estética, porém, pode ser um tanto polarizadora. Alguns podem achar o ritmo lento, e de fato, há momentos em que a história parece arrastar-se levemente. A construção da atmosfera, contudo, é meticulosa, e é gratificante ver como cada cena contribui para a construção do clima geral. O roteiro, por sua vez, é inteligente e sofisticado, tecendo uma narrativa que transita suavemente entre o romance, o drama e uma certa dose de humor sutil.
As atuações são, em sua maioria, impecáveis. Andrew Bargsted, como Mario, entrega uma performance sensível e crível, transmitindo a confusão e a crescente autodescoberta do personagem com naturalidade. Vivianne Dietz, como Beatriz, a musa inspiradora, é igualmente convincente, representando a mulher independente e complexa com uma força contida e fascinante. Claudio Arredondo, no papel de Neruda, é a cereja no topo do bolo. Embora não seja o foco principal, sua presença imponente e carismática adiciona um peso significativo à trama.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Rodrigo Sepúlveda |
| Roteirista | Guillermo Calderón |
| Elenco Principal | Andrew Bargsted, Vivianne Dietz, Claudio Arredondo, Paola Giannini, Amalia Kassai |
| Gênero | Romance, Drama |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtora | Fabula |
Pontos Altos e Baixos de uma Mensagem Forte
Um dos grandes trunfos de Ardente Paciência é sua exploração dos temas centrais: a busca pela identidade, a força inspiradora do amor e a transformação pessoal através da arte. A influência de Neruda sobre Mario é retratada com delicadeza, mostrando como a poesia pode ser catalisadora de mudanças profundas. O filme, no entanto, peca um pouco na construção de alguns personagens secundários, que, embora relevantes, não recebem o mesmo desenvolvimento que Mario e Beatriz. A transição entre alguns momentos-chave também poderia ser mais fluída.
Outro ponto que merece destaque é a produção impecável da Fabula. A fotografia e a trilha sonora complementam a narrativa de forma magnífica, criando um ambiente envolvente e memorável.
Um postal três anos atrasado: Vale a pena a leitura?
Apesar de suas pequenas imperfeições, Ardente Paciência é um filme que me tocou profundamente. É uma história sobre a busca pela paixão e pelo autoconhecimento, contada com sensibilidade e elegância. A recepção crítica em 2022, se bem me recordo, foi bastante positiva, mas acredito que o filme mereceu, e ainda merece, mais reconhecimento. Recomendo a sua visualização a todos que apreciam filmes de romance e drama com um toque poético e reflexivo. Se você busca uma experiência cinematográfica que te envolva emocionalmente, mas sem apelar para exageros, este longa-metragem é uma excelente escolha. Apenas tenha paciência, pois a entrega da mensagem, assim como a entrega das cartas de Neruda, pode exigir um tempo a mais.




