As Trapaceiras: Uma Comédia que Decepciona, Apesar do Brilho de Hathaway e Wilson
Lançado em 25 de julho de 2019 no Brasil, As Trapaceiras prometia uma farra de golpes, elegância e humor ácido na Riviera Francesa, protagonizada por duas estrelas de peso: Anne Hathaway e Rebel Wilson. A premissa era simples: duas estelionatárias, uma sofisticada e a outra… menos, se unem (ou se enfrentam?) em um golpe milionário contra um jovem prodígio da tecnologia. A sinopse, concisa, esconde a decepção que, infelizmente, se encontra por trás do brilho superficial.
O filme tenta ser uma atualização moderna da comédia clássica “Uma Linda Armação”, mas, a meu ver, fracassa em alcançar a sutileza e a graça do original. A direção de Chris Addison, embora competente, não consegue imprimir ritmo e energia suficientes para sustentar o enredo por quase duas horas. A narrativa se arrasta em alguns momentos, e as piadas, que poderiam ser hilárias, caem num mar de previsibilidade e clichês. O roteiro, assinado por Paul Henning, Jac Schaeffer, Dale Launer e Stanley Shapiro, sofre de uma grave falta de originalidade, optando por uma sucessão de situações estereotipadas em vez de apostar numa narrativa mais inteligente e surpreendente.
A atuação de Anne Hathaway é, sem dúvida, o ponto alto do filme. A atriz equilibra com maestria a elegância fria e calculada de Josephine com seus momentos de vulnerabilidade. Já Rebel Wilson, embora entregue a um papel mais caricato, consegue arrancar algumas risadas com sua performance desinibida, embora um tanto exagerada. A química entre as duas, no entanto, não é tão explosiva quanto se esperaria, prejudicando a dinâmica central da trama. O restante do elenco cumpre seu papel sem grandes destaques.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Chris Addison |
Roteiristas | Paul Henning, Jac Schaeffer, Dale Launer, Stanley Shapiro |
Produtores | Roger Birnbaum, Rebel Wilson |
Elenco Principal | Rebel Wilson, Anne Hathaway, Kumud Pant, Alex Sharp, Ingrid Oliver |
Gênero | Comédia, Crime |
Ano de Lançamento | 2019 |
Produtoras | Pin High, Metro-Goldwyn-Mayer, Cave 76 Productions, Camp Sugar, Palma Pictures |
Em relação aos pontos fortes, devo mencionar a beleza da Riviera Francesa, que serve como cenário deslumbrante para as tramoias das protagonistas. A fotografia é primorosa, e as locações, de tirar o fôlego. Por outro lado, a fraqueza do roteiro é, sem dúvida, o principal problema de As Trapaceiras. A falta de originalidade, o humor batido e a previsibilidade da trama tornam o filme uma experiência pouco envolvente. A tentativa de criar uma rivalidade entre as personagens, que deveria ser o motor narrativo, não funciona totalmente, culminando numa resolução anticlimática.
O filme, em sua essência, tenta explorar a competição e a manipulação como temas centrais. No entanto, estas temáticas são exploradas de forma superficial, sem profundidade ou nuances. As personagens, apesar da carisma de Hathaway e Wilson, são pouco desenvolvidas, e seus motivos não são totalmente convincentes. Há um esforço para inserir um comentário sarcástico sobre o mundo dos ricos e poderosos, mas ele se perde em meio aos gags previsíveis.
Em 2025, olhando retrospectivamente para As Trapaceiras, a minha impressão continua a ser de decepção. O filme falha em se destacar no competitivo cenário das comédias, não conseguindo superar a sombra de seu predecessor espiritual. Embora a atuação de Anne Hathaway mereça destaque, não é suficiente para salvar o longa-metragem de um destino merecido no esquecimento. Concordo com algumas críticas que apontam a falta de inovação e humor fraco. Diferentemente de alguns críticos, porém, eu não diria que a atuação de Hathaway foi ruim, mas sim presa a um roteiro medíocre.
Recomendo As Trapaceiras apenas para aqueles que buscam uma distração leve e despretensiosa, sem grandes expectativas. Para quem aprecia comédias mais inteligentes e originais, sugiro procurar outras opções nas plataformas de streaming. Afinal, existem muitos filmes que oferecem melhor qualidade e originalidade, sem recorrer a fórmulas desgastadas.