Assalto sobre Trilhos (Money Train): Um Trem-Bala de Incoerências e Carisma
Trinta anos se passaram desde que, em 1995, Assalto sobre Trilhos chegou aos cinemas. Em 2025, revisitar esse filme de ação e comédia, estrelado por um elenco de peso – Wesley Snipes, Woody Harrelson e Jennifer Lopez em seus anos de ascensão – é uma experiência curiosa, um passeio nostálgico salpicado de frustrações. A trama, sem muitos spoilers, gira em torno de dois policiais do metrô de Nova York, John e Charlie, amigos e rivais apaixonados pela mesma mulher, Grace. Quando Charlie, após uma série de reveses na vida, planeja um audacioso roubo do dinheiro arrecadado nas bilheterias do metrô, John se vê dividido entre impedir seu amigo e se juntar à aventura.
A direção de Joseph Ruben, embora competente em criar sequências de ação dinâmicas – algumas delas ainda impressionantes para os padrões de 1995 – demonstra uma incapacidade flagrante de controlar o tom. O filme oscila descontroladamente entre a comédia pastelão, o drama policial sombrio e o thriller de suspense, sem nunca encontrar um equilíbrio satisfatório. Essa incoerência narrativa se reflete no roteiro de Doug Richardson, que tenta encaixar diversas tramas paralelas – a rivalidade entre John e Charlie, o romance com Grace, o plano do roubo, uma conspiração dentro do departamento de polícia – resultando num amontoado confuso de ideias, sem a devida profundidade em qualquer uma delas.
O elenco, no entanto, salva a pele. Wesley Snipes e Woody Harrelson têm uma química palpável na tela, suas interpretações carregadas de um carisma indiscutível que sustenta o filme em seus momentos mais fracos. A presença de Jennifer Lopez, embora menor, adiciona um toque de glamour à produção. Robert Blake e Chris Cooper, nos papéis coadjuvantes, cumprem seus papéis com profissionalismo, embora seus personagens fiquem um pouco no limbo da narrativa.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Joseph Ruben |
| Roteirista | Doug Richardson |
| Produtores | Jon Peters, Neil Canton, Christine Forsyth-Peters |
| Elenco Principal | Wesley Snipes, Woody Harrelson, Jennifer Lopez, Robert Blake, Chris Cooper |
| Gênero | Ação, Comédia, Crime |
| Ano de Lançamento | 1995 |
| Produtoras | Columbia Pictures, Peters Entertainment |
O maior trunfo de Assalto sobre Trilhos reside, paradoxalmente, em sua maior fraqueza: seu ecletismo. A falta de foco, o desejo de ser tudo ao mesmo tempo, acaba por resultar em alguns momentos hilários e inesperados. É um filme que sabe – ou talvez apenas tem a sorte de – tropeçar em cenas de ação memoráveis, diálogos espirituosos e personagens tão falhos quanto encantadores.
Por outro lado, o roteiro, como já mencionado, é um verdadeiro labirinto narrativo. A trama principal do assalto é pouco elaborada, previsível e sofre de uma falta crível de complexidade. A subtrama do serial killer, que supostamente adicionaria um elemento de suspense, é superficial e pouco integrada com o resto da história. O final, então, é uma decepção, apressado e anti-climático, como se o filme estivesse ansioso para acabar logo.
Em termos temáticos, Assalto sobre Trilhos aborda superficialmente a amizade, a ambição e a corrupção, sem aprofundar-se significativamente em qualquer um desses temas. A mensagem, se é que existe uma, é bastante confusa e se perde na frenética movimentação da trama.
Em 2025, Assalto sobre Trilhos não é um filme que eu recomendaria para aqueles que buscam uma narrativa coesa e bem estruturada. No entanto, para quem aprecia filmes de ação com pitadas de comédia, com um delicioso sabor retrô e a presença de grandes nomes do cinema, este longa-metragem pode oferecer uma experiência de entretenimento razoável – uma diversão culposa, para ser mais preciso. É um filme que, apesar de seus muitos defeitos, possui um certo charme peculiar, uma energia que o torna, se não um clássico, pelo menos um curioso artefato de uma época do cinema mais despretensiosa. Para ser justo, o filme também previu a obsessão da mídia por serial killers que se tornaria tão difundida nas décadas subsequentes. Mas o filme deve ser apreciado por seu carisma, não por sua inteligência. Procure-o nas plataformas digitais; talvez encontre nele uma pequena joia escondida num mar de inconsistências.
