Bastardoz: Zumbis, Guerra Civil Espanhola e uma pitada de… Absurdo?
Cinco anos se passaram desde que vi Bastardoz (2020), e ainda hoje o filme me persegue – não de forma assustadora, mas como um amigo inconveniente que insiste em te contar a mesma piada, mesmo depois de você ter demonstrado claramente que ela já não te faz rir. É um filme complicado, Bastardoz. Um coquetel explosivo de zumbis, Guerra Civil Espanhola e nazismo, salpicado com uma generosa dose de comédia que, na minha humilde opinião, às vezes acerta o alvo, mas em outras, simplesmente se perde no próprio exagero.
A sinopse é simples: durante a Guerra Civil Espanhola, republicanos e nacionalistas se unem, contra a sua própria vontade, para combater uma horda de mortos-vivos gerada por experimentos nazistas. Não esperem sutileza. Este não é um filme que busca metáforas rebuscadas ou interpretações profundas. Bastardoz é o que é: um filme B, descarado e divertido, em sua própria e peculiar forma.
A direção de Alberto de Toro e Javier Ruiz Caldera é, como o resto do filme, irregular. Há momentos de real tensão, cenas que te prendem à tela com a promessa de horror genuíno, seguidas por outras que parecem ter saído de uma comédia pastelão, muitas vezes quebrando a imersão e arrancando um sorriso involuntário – ou um suspiro de frustração, dependendo da sua tolerância à comédia nonsense. A fotografia, contudo, merece elogios: o clima opressivo da guerra civil é bem captado, contrastando com os momentos mais leves, e contribuindo para a atmosfera bizarra do filme.
Atributo | Detalhe |
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Diretores | Alberto de Toro, Javier Ruiz Caldera |
Roteiristas | Manuel Martín Ferreras, Cristian Conti, Jaime Marques |
Produtores | Álvaro Augustin, Cristian Conti |
Elenco Principal | Aura Garrido, Miki Esparbé, Luis Callejo, Álvaro Cervantes, Jesús Carroza |
Gênero | Comédia, Terror, Guerra |
Ano de Lançamento | 2020 |
Produtoras | Ikiru Films, La Terraza Films, Cactus Flower, Mogambo Films, Telecinco Cinema |
O roteiro, assinado por Manuel Martín Ferreras, Cristian Conti e Jaime Marques, é um caso à parte. Apresenta diálogos muitas vezes hilários e outros, francamente, fracos, como se diferentes roteiristas tivessem trabalhado em seções distintas do filme sem nenhuma comunicação entre si. A premissa, por si só, é intrigante – a combinação de zumbis e Guerra Civil Espanhola é, de fato, original –, mas a execução poderia ter sido mais polida, mais coesa. A crítica que mencionei em meus trechos iniciais, acerca do trope do “nazistas criando zumbis”, é válida. O filme não se esforça para reinventar a roda, e esse aspecto, apesar de não ser um problema fatal, poderia ter sido explorado com mais criatividade.
As atuações, porém, são um ponto forte. Aura Garrido, Miki Esparbé, Luis Callejo, Álvaro Cervantes e Jesús Carroza entregam performances convincentes, mesmo diante de um roteiro tão…particular. Conseguem equilibrar o tom dramático com o cômico, dando vida a personagens que, apesar de estereotipados, são memoráveis.
O filme não se priva de mostrar os horrores da guerra e a brutalidade dos zumbis, mas esses elementos, na minha opinião, ficam constantemente ofuscados pelo tom de comédia exagerada. O que começa como uma promissora exploração da loucura da guerra, transforma-se em uma sucessão de cenas de ação, algumas bem filmadas e outras desajeitadas, e piadas nem sempre bem-humoradas. A mensagem é confusa: é uma sátira da guerra e do absurdo? Ou simplesmente um filme de zumbis com um cenário histórico? A resposta, infelizmente, é um vago talvez.
Conclusão:
Bastardoz é um filme que eu não recomendaria para todos. Se você busca um filme de terror sério e bem-feito, este não é o seu filme. Mas se você estiver procurando um longa-metragem leve e divertido, que não se leva muito a sério, e não se importa com algumas falhas narrativas e comédia às vezes forçada, então Bastardoz pode lhe proporcionar algumas boas gargalhadas – e alguns sustos, é claro. Cinco anos depois do lançamento, eu ainda não consigo decidir se o adoro ou o odeio. Mas, talvez isso seja, em si, o seu maior charme. Em plataformas de streaming, ele ocupa um espaço peculiar, uma mistura curiosa de gêneros e tons que vale a pena conhecer, se você estiver disposto a encarar a experiência, apesar de suas imperfeições.