Um Grito de Apocalipse e um Voo de Esperança: Revisitando Superman & Batman: Apocalipse
Meus caros leitores e aficcionados por capas e poderes, há algo de especial em revisitar certas obras que, com o tempo, revelam camadas ainda mais profundas ou simplesmente solidificam seu lugar como marcos inesperados. Hoje, meu olhar crítico se volta para um longa-metragem animado de 2010, uma joia da Warner Bros. Animation que, há mais de uma década, ousou fazer algo um tanto… peculiar. Refiro-me, é claro, a Superman & Batman: Apocalipse.
À primeira vista, o título nos promete um épico centrado na dupla dinâmica da DC, o que, convenhamos, é um chamariz e tanto. Mas, e aqui reside um dos pontos mais fascinantes e, para alguns, até controversos do filme, a história que se desenrola tem uma heroína central muito específica: Kara Zor-El, a Supergirl. E isso, por si só, já me rende um sorriso de canto. Em 2010, em meio a um cenário que ainda engatinhava para abraçar protagonistas femininas com a devida proeminência no universo dos super-heróis em outras mídias, Apocalipse já entregava um enredo onde a recém-chegada kryptoniana não era um mero adereço, mas o coração pulsante da narrativa.
A Chegada e o Caos: A Trama por Trás dos Titãs
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretora | Lauren Montgomery |
| Roteirista | Tab Murphy |
| Produtoras | Lauren Montgomery, Bobbie Page |
| Elenco Principal | Tim Daly, Kevin Conroy, Summer Glau, Andre Braugher, Susan Eisenberg |
| Gênero | Ficção científica, Ação, Aventura, Animação |
| Ano de Lançamento | 2010 |
| Produtoras | Warner Premiere, Warner Bros. Animation, DC |
A premissa do filme nos joga semanas após os eventos tumultuados que viram Lex Luthor deposto da presidência e Batman, mais uma vez, salvando o mundo de um meteoro iminente. É nesse cenário de relativa calmaria pós-crise que uma nave espacial faz uma entrada dramática na Baía de Gotham City. A bordo, uma jovem adolescente com super-poderes idênticos aos do Superman emerge, causando pânico e confusão. Esta é Kara Zor-El, prima do Homem de Aço, e sua chegada desencadeia uma série de eventos que testarão os limites de nossos heróis mais conhecidos.
O que se segue é uma jornada de descoberta para Kara, que se vê de repente em um mundo estranho, com habilidades extraordinárias e o olhar atento – e muitas vezes paternalista – de Superman, o ceticismo protetor de Batman, e a orientação firme da Mulher-Maravilha. Não é apenas uma história de origem para a Supergirl, mas também um conto sobre a responsabilidade do poder e a busca por um lugar no universo.
Um Elenco de Vozes Estelar e uma Direção Determinada
O que realmente eleva Apocalipse são as performances vocais. Ter Tim Daly e Kevin Conroy reprisando seus papéis icônicos como Superman e Batman, respectivamente, já é meio caminho andado para o sucesso em qualquer produção animada da DC. Eles trazem uma familiaridade e uma gravitas que ancoram o filme. A voz inconfundível de Susan Eisenberg como Mulher-Maravilha complementa o trio, adicionando a força e a sabedoria que esperamos da Amazona.
No entanto, o destaque inegável vai para Summer Glau no papel de Kara Zor-El/Supergirl. Sua interpretação capta perfeitamente a vulnerabilidade, a confusão e, eventualmente, a força avassaladora da jovem kryptoniana. Glau dá à Kara uma voz que é ao mesmo tempo inocente e capaz de uma raiva poderosa, uma gama de emoções essencial para a jornada da personagem. E como não mencionar a voz imponente e aterrorizante de Andre Braugher como Darkseid? Sua presença vocal é um espetáculo à parte, exalando poder e tirania a cada sílaba.
A direção de Lauren Montgomery, que também atuou como produtora, é um dos pontos mais brilhantes. Ela consegue orquestrar sequências de ação impressionantes, que são tanto brutais quanto visualmente deslumbrantes, mantendo a escala épica que a história exige. A animação, para um filme de 2010, ainda se mantém robusta e fluida, com um design de personagens que respeita o estilo clássico, mas que não teme experimentar em momentos de maior intensidade. Montgomery demonstra uma capacidade notável de equilibrar a grandiosidade dos confrontos com os momentos mais íntimos e emocionais da Supergirl.
O roteiro de Tab Murphy, por sua vez, navega com habilidade pela complexidade de introduzir uma personagem tão importante em um universo já estabelecido. Ele constrói a narrativa em torno de Kara, usando Superman e Batman como pilares de apoio, o que me leva de volta ao ponto inicial.
Pontos Fortes e Fraquezas: Uma Reflexão Necessária
O grande ponto forte, como já mencionei, é a coragem de focar em Kara. A crítica de outrora que apontava a “estranha decisão” de titular o filme com Superman/Batman quando o protagonismo era feminino tem sua lógica, mas, a meu ver, é também o que torna o filme tão especial. É uma subversão inteligente das expectativas. O título serve como um atrativo familiar, mas o conteúdo entrega uma nova e empolgante história.
Além disso, a exploração dos temas de família, identidade e pertencimento é feita com sensibilidade. Kara busca seu lugar, e a forma como ela é protegida – e disputada – por diferentes facções é um motor narrativo poderoso. A tensão entre Superman, que quer protegê-la, e Batman, que desconfia de sua inexperiência e potencial ameaça, cria um dinamismo interessante.
Se há uma fraqueza, talvez seja a condensação de uma trama potencialmente mais extensa em um tempo de tela limitado. Algumas nuances poderiam ter sido exploradas com mais profundidade, especialmente no desenvolvimento de certos antagonistas secundários. No entanto, o ritmo acelerado é também o que o torna um filme de ação tão cativante, não permitindo momentos de tédio.
Uma Conclusão e uma Recomendação sem Apocalipse
Quinze anos após seu lançamento original, Superman & Batman: Apocalipse permanece um dos destaques do vasto e querido universo animado da DC. Ele prova que um filme pode ser um espetáculo de ação de ficção científica, uma aventura eletrizante e, ao mesmo tempo, uma história profundamente pessoal sobre a busca de uma jovem por sua própria identidade.
Para quem busca uma animação de super-heróis com ação impecável, um elenco de vozes lendário e uma narrativa que se atreve a colocar uma personagem feminina no centro das atenções, este filme é uma escolha excelente. Ele está disponível nas plataformas digitais e merece ser redescoberto ou apreciado pela primeira vez. Não se deixem enganar pelo título; a estrela deste apocalipse é, de fato, a Supergirl, e sua jornada é um testemunho da capacidade de superação e da força inabalável do espírito heroico. Altamente recomendado.




