Belzebuth

Belzebuth: Um Exorcismo Mexicano que Assombra (e Fascina)

Seis anos se passaram desde que Emilio Portes nos presenteou com Belzebuth, e a lembrança desse filme mexicano de terror sobrenatural continua a me assombrar, não de forma desagradável, mas de uma maneira que me força a revisitá-lo em minhas memórias. Lançado em 2019, Belzebuth não foi um sucesso estrondoso de bilheteria, mas deixou sua marca, e não apenas pelo elenco que reúne talentos como Joaquín Cosío e Tobin Bell. Sua trama, que envolve um detetive investigando uma série de assassinatos brutais que parecem ligados a rituais satânicos em um contexto de massacre escolar no México, é simplesmente inquietante.

A sinopse, sem grandes revelações, nos apresenta Emmanuel Ritter (Cosío), um detetive que tenta desvendar uma série de mortes horríveis, enquanto se debate com seus próprios demônios, tanto internos quanto externos. A investigação o leva a um confronto aterrador com forças sobrenaturais e um padre exorcista (Bell, magistral em sua interpretação), revelando uma conspiração complexa e antiga que ameaça mergulhar o país em um caos infernal. A trama se desenvolve numa atmosfera de suspense crescente, combinando elementos de investigação policial com o terror sobrenatural, numa mistura que, apesar de algumas imperfeições, funciona surpreendentemente bem.

A direção de Portes é segura e eficiente, criando uma atmosfera opressiva e carregada de suspense. Ele utiliza a fotografia com maestria, explorando as sombras e a escuridão para realçar a natureza sinistra dos eventos. O roteiro, escrito em parceria com Luis Carlos Fuentes, apresenta algumas reviravoltas interessantes, embora apresente, em alguns momentos, uma narrativa um tanto previsível em sua construção de suspense. Em compensação, as atuações são impecáveis. Joaquín Cosío, como sempre, entrega uma performance marcante, transmitindo a fragilidade e a força interior de seu personagem com uma nuance impressionante. Tobin Bell, conhecido por seu papel icônico em Jogos Mortais, oferece aqui uma atuação contida e poderosa, acrescentando uma aura de mistério e experiência ao padre Vasilio.

A maior força de Belzebuth reside, sem dúvida, em sua atmosfera. A ambientação no México, com suas paisagens áridas e a cultura local sutilmente entremeada na narrativa, confere ao filme uma identidade única. A fotografia sombria e a trilha sonora inquietante contribuem para criar uma experiência visceral que prende o espectador do início ao fim. Por outro lado, o ritmo narrativo pode oscilar entre momentos de intenso suspense e outros de desenvolvimento mais lento, o que, para alguns espectadores, pode parecer um pouco cansativo. A exploração dos temas de fé, culpa e a luta contra os próprios demônios é bastante explorada, porém, sem se aprofundar demais.

Em resumo, Belzebuth é um filme de terror que consegue equilibrar, com relativo sucesso, elementos de investigação policial e sobrenatural. Apresenta algumas falhas, como o ritmo um pouco irregular e previsibilidade em alguns momentos da trama, mas compensa com uma atmosfera opressiva, excelentes atuações e uma direção competente. Recomendo Belzebuth a todos os fãs do gênero que buscam um filme mexicano de terror com uma atmosfera densa e uma história intrigante. Não espere um filme revolucionário, mas certamente uma experiência cinematográfica que vai te deixar com aquele gostinho de “quero mais”, mesmo com suas imperfeições. Se você apreciou filmes como O Exorcista e busca um toque latino-americano em seus sustos, procure por Belzebuth nas plataformas digitais – será uma experiência memorável, garantido.