Águas Turvas: Um mergulho profundo no passado (e no presente) de Van Damme e Lundgren
Sete anos se passaram desde que Black Water: Perigo no Oceano chegou às telas brasileiras em 18 de outubro de 2018, e a verdade é que o filme continua a me assombrar, não pela qualidade cinematográfica em si, mas pela curiosa expectativa que gerou e, em parte, frustrou. A promessa de ver Jean-Claude Van Damme e Dolph Lundgren juntos novamente, em um thriller de ação subaquático, era tentadora demais para ignorar. A realidade, porém, se mostrou um pouco mais turva do que o título sugere.
O longa acompanha um agente infiltrado da CIA que acorda preso dentro de um submarino, sem memória dos eventos que o levaram até ali. Com a ajuda de um misterioso companheiro de cativeiro e uma agente externa (ainda mais misteriosa), ele precisa escapar da armadilha e desvendar uma conspiração. A premissa é instigante, prometendo uma aventura claustrofóbica e cheia de reviravoltas.
A direção de Pasha Patriki, embora competente em criar uma atmosfera tensa nos espaços confinados do submarino, peca pela falta de originalidade. As cenas de ação, ponto central de um filme com este elenco, são previsíveis e mal coreografadas, um desperdício considerável de dois nomes tão importantes na história das artes marciais no cinema. O roteiro de Chad Law, por sua vez, tropeça em clichês de roteiro de espionagem, oferecendo poucos momentos de surpresa e diálogos que raramente transcendem o básico.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Pasha Patriki |
| Roteirista | Chad Law |
| Produtores | Jason Cherubini, Alexander Ferguson, Tyler W. Konney, Richard Switzer |
| Elenco Principal | Jean-Claude Van Damme, Dolph Lundgren, Patrick Kilpatrick, Al Sapienza, Jasmine Waltz |
| Gênero | Ação, Thriller |
| Ano de Lançamento | 2018 |
| Produtoras | Dawn's Light, Rodin Entertainment, Underdogg Entertainment |
A atuação… ah, a atuação. Aqui, a nostalgia nos pega. Ver Van Damme e Lundgren juntos na tela é um deleite para os fãs de filmes de ação dos anos 80 e 90, mesmo que suas performances aqui não estejam entre as melhores de suas carreiras. Van Damme, o protagonista, carrega o peso do filme nos ombros, entregando um trabalho decente, considerando o material com que trabalhou. Já Lundgren, como bem apontou um crítico contemporâneo ao lançamento, aparece apenas em alguns momentos do filme. O restante do elenco cumpre seu papel sem grandes destaques.
O filme tem seus pontos fortes, principalmente no design de produção do submarino, que consegue criar uma sensação de clausura e perigo palpável. A fotografia, em alguns momentos, também se destaca, transmitindo a escuridão e o isolamento do ambiente subaquático. Mas são lampejos em meio a um mar de problemas. Os efeitos visuais, em contraponto, são bastante datados para 2018.
Apesar das deficiências, “Black Water” não é um desastre absoluto. Ele explora, ainda que superficialmente, temas como a traição, a busca pela verdade e o preço da lealdade em ambientes de alta tensão, temas recorrentes em filmes de espionagem. Mas a execução desses temas é mediana, e a falta de profundidade na narrativa deixa a desejar.
Em última análise, Black Water: Perigo no Oceano é um filme que provavelmente será lembrado mais pelo seu elenco histórico do que por sua qualidade intrínseca. É um deleite nostálgico para fãs de Van Damme e Lundgren, que se contentarão em vê-los juntos em uma aventura, mesmo que esta seja abaixo do padrão que ambos, em seus melhores momentos, nos acostumaram. Para o espectador casual, no entanto, ele não se justifica em meio a um oceano de bons filmes de ação disponíveis em plataformas digitais. Se você está procurando um thriller subaquático com ação de tirar o fôlego e uma trama inteligente, procure em outro lugar. Se o apelo nostálgico supera a busca pela excelência cinematográfica, talvez valha a pena um mergulho. Mas prepare-se para águas turvas.
