Boston Blue

Ah, Boston Blue. A gente já viu um monte de séries policiais, né? As ruas de Los Angeles, os becos de Nova York, a densidade de Chicago… Mas confesso que, quando o trailer começou a pipocar na minha tela, uma pulguinha da curiosidade me picou de um jeito diferente. Não era só mais uma daquelas produções que prometem desvendar o crime da semana com uma equipe de investigadores impecáveis. Tinha algo no ar, uma sugestão de que talvez, só talvez, esta aqui trouxesse um tempero a mais. E, olha, que bom que eu resolvi dar uma chance.

O que me fisgou de cara, pra ser bem sincero, foi o elenco. E aí, vamos direto ao elefante na sala: Donnie Wahlberg de novo como um detetive chamado Danny Reagan? Sério, eu soltei uma risada. É um aceno tão descarado, tão metalinguístico com o que ele já entregou em Blue Bloods, que a gente quase espera que ele olhe pra câmera e pisque. Mas o gênio de Boston Blue, criado pelos astutos Brandon Margolis e Brandon Sonnier (que, veja bem, nos deram muito do que amamos em The Blacklist), está justamente em subverter essa expectativa. Não é uma cópia, é uma evolução, um mergulho ainda mais profundo na alma de um homem que vive à beira do precipício moral, usando um distintivo pra tentar segurar o caos.

Wahlberg, nesse papel, não está apenas interpretando; ele está sangrando. Seus olhos, que antes mostravam a teimosia de um policial durão, agora revelam uma camada de exaustão e uma complexidade de culpa que te faz prender a respiração. A Boston que ele navega não é um cartão postal brilhante, mas uma cidade de cicatrizes profundas, onde a linha entre o certo e o errado é mais fluida que a maré. E é nesse cenário que surge a Detetive Lena Silver, interpretada com uma elegância e uma força silenciosa por Sonequa Martin-Green.

Eu preciso falar dessa dupla. Lena é o contraponto perfeito para o Danny. Onde ele é impulsivo, ela é metódica. Onde ele pisa no acelerador, ela te convida a olhar para os detalhes, para a verdade que se esconde nas sombras. A química entre os dois não é daquelas óbvias, cheia de farpas românticas; é uma conexão de respeito mútuo, de dois profissionais que, apesar de abordagens distintas, compartilham um objetivo comum e um cansaço similar diante da brutalidade humana. É fascinante observar como um olhar de Lena pode desarmar a fúria de Danny, ou como a sua calma inabalável serve de âncora para a tempestade que ele carrega. A gente não precisa que eles digam que se importam um com o outro; a forma como se protegem nas operações, o jeito como um segura a barra do outro, já fala por si.

AtributoDetalhe
CriadoresBrandon Margolis, Brandon Sonnier
Elenco PrincipalDonnie Wahlberg, Sonequa Martin-Green, Ernie Hudson, Maggie Lawson, Gloria Reuben
GêneroCrime, Drama
Ano de Lançamento2025
ProdutorasCBS Studios, Jerry Bruckheimer Television

Mas Boston Blue não se contenta em ser apenas mais uma série de detetives com uma boa dupla. Não, ela mergulha na estrutura de poder de uma forma que poucas produções conseguem. O que dizer da família Silver? Sonequa Martin-Green como Det. Lena Silver, Maggie Lawson como a Supt. Sarah Silver e Gloria Reuben como a DA Mae Silver. É um trio de mulheres poderosas, cada uma em um degrau diferente da escada da justiça, mas todas conectadas por laços sanguíneos e por um sobrenome que, por si só, já evoca uma linhagem. Você consegue imaginar o jantar de Natal na casa delas? As tensões, as divergências de opinião sobre um caso que uma está investigando, outra está supervisionando e a terceira terá que processar? Essa dinâmica familiar entre as “mulheres da lei” é o pulso vital da série, infundindo dramas pessoais nas reviravoltas criminais de uma forma que te faz sentir na pele as pressões e os sacrifícios que elas enfrentam. Não é só um crime a ser resolvido; é um legado a ser mantido, uma reputação familiar em jogo.

E não posso deixar de mencionar a presença de Ernie Hudson como o Reverendo Edwin Peters. Ele não é apenas um personagem secundário; ele é a bússola moral de Boston, a voz da comunidade que muitas vezes se sente esquecida pelo sistema. Suas cenas com Donnie Wahlberg são um show à parte, diálogos que poderiam facilmente virar monólogos teatrais, onde fé e fatalismo se chocam, e a gente é convidado a refletir sobre a redenção e a justiça divina versus a justiça dos homens. O Reverendo Peters é aquele lembrete sutil de que, por trás de cada sirene e cada algema, existem pessoas reais com fé, família e medos.

A produção da CBS Studios e Jerry Bruckheimer Television é visível em cada quadro. A fotografia é crua, mas com uma beleza sombria, capturando o clima de Boston de um jeito que a cidade se torna um personagem ativo, quase respirando junto com os dramas. O ritmo da narrativa não é apressado, mas constante, como o tic-tac de um relógio que se aproxima de uma verdade inevitável. Os roteiros, ah, os roteiros! Margolis e Sonnier evitam a tentação de soluções fáceis. Eles preferem a ambiguidade, os tons de cinza. Há momentos em que você se pega pensando: “Será que foi a coisa certa a fazer? Mesmo que a lei diga o contrário?” É essa nuance que eleva Boston Blue de uma simples série policial para um drama humano profundo.

Eu, que já assisti a tantos dramas criminais que mal me lembro dos detalhes, achei em Boston Blue uma razão para me importar de novo. É uma série que não te oferece respostas prontas, mas te convida a fazer as perguntas mais difíceis sobre justiça, família e o que significa ser humano em um mundo imperfeito. A gente pode até começar a assistir pela curiosidade de ver Donnie Wahlberg de novo como um detetive de Boston, mas a gente fica mesmo pela profundidade dos personagens, pela trama intrincada e pela paixão que transborda da tela. E, pra mim, isso já é mais do que suficiente para garantir um lugar especial na minha lista de séries favoritas. É uma joia, tá? Uma joia azul, bem no coração de Boston.

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