Centauro: Uma Corrida Perigosa na Areia Movediça do Crime
Três anos depois de sua estreia nos cinemas brasileiros, em 15 de junho de 2022, ainda me pego pensando em Centauro. Não foi um filme que me deixou indiferente. Confesso: esperava mais, muito mais, considerando o elenco e o diretor envolvidos. Mas, como toda boa corrida, Centauro teve seus momentos de adrenalina pura, intercalados com quedas dolorosas que me deixaram com um gosto amargo na boca.
O filme acompanha Rafa, um piloto de moto talentoso, que se vê obrigado a entrar no mundo do tráfico de drogas para pagar a dívida da mãe de seu filho. A trama se desenvolve numa espiral descendente, mostrando a luta de Rafa entre sua paixão pelo motociclismo e a necessidade desesperada de salvar sua família, pondo em risco tudo o que ele conquistou. Essa sinopse, sem spoilers, já entrega a essência do conflito central: a escolha entre a vida honesta e a sobrevivência em um ambiente brutal.
A direção de Daniel Calparsoro, conhecido por seus thrillers contundentes, é competente na construção da atmosfera tensa. As cenas de perseguição em alta velocidade são visceralmente filmadas, transmitindo a energia frenética do mundo clandestino. Porém, a narrativa peca em alguns momentos por se perder em excessos, numa tentativa talvez de emular o ritmo frenético dos filmes de ação americanos, sem conseguir alcançar a mesma sofisticação. A montagem, em alguns pontos, é acelerada demais, obscurecendo nuances importantes da trama.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Daniel Calparsoro |
| Roteiristas | Gemma Ventura, Gael Nouaille |
| Elenco Principal | Àlex Monner, Begoña Vargas, Abraham Pérez Fernández, Édgar Vittorino, Carlos Bardem |
| Gênero | Ação, Crime, Thriller |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtora | Borsalino Productions |
O roteiro, assinado por Gemma Ventura e Gael Nouaille, apresenta personagens interessantes, mas falha em explorá-los completamente. Rafa, interpretado com vigor por Àlex Monner, é um personagem complexo, dividido entre a lealdade e a ambição, mas a sua jornada interna poderia ter sido mais aprofundada. Begoña Vargas, como Natalia, apresenta uma performance convincente, mas seu papel poderia ter sido melhor integrado à trama principal, sem se sentir como um mero elemento de apoio. Já Abraham Pérez Fernández e Édgar Vittorino cumprem seus papéis de forma adequada, mas não se destacam. A presença de Carlos Bardem, um ator respeitado, adiciona peso ao filme, embora seu personagem, Boro, pareça um pouco caricato.
A fotografia, por outro lado, é um ponto alto. A ambientação escura e sombria reflete perfeitamente o universo subterrâneo do crime organizado, potencializando a tensão em cada cena.
O maior ponto fraco de Centauro reside na sua previsibilidade. A trama segue caminhos bastante convencionais, sem grandes surpresas ou reviravoltas que nos prendam até o fim. Apesar da ação frenética, o filme carece de uma substância mais densa, de uma reflexão mais profunda sobre os temas abordados, que são explorados de forma superficial.
O filme aborda a temática do crime organizado e da difícil realidade socioeconômica que força muitas pessoas a tomar decisões extremas para sobreviver. Entretanto, o filme não vai além da superfície, apresentando esses temas de maneira bastante óbvia e sem profundidade. A exploração da moralidade ambígua de Rafa, ainda que presente, poderia ter sido muito mais contundente.
Em suma, Centauro é um thriller de ação mediano. A direção eficiente e as cenas de ação eletrizantes compensam parcialmente a narrativa previsível e a exploração rasa dos temas. Se você procura um filme leve para assistir em uma noite de domingo, Centauro pode servir, mas se espera uma obra cinematográfica memorável, provavelmente sairá decepcionado. Minha recomendação? Assistam com baixas expectativas, aproveitando a adrenalina, mas sem esperar grandes revelações. Acho que é mais provável que você o encontre em plataformas de streaming do que em locadoras.




