Chefes de Estado

Chefes de Estado: Uma Comédia de Ação que Explode (e Depois Esfria)

Chegou em 2 de julho de 2025, e já passou, o frenético e, admito, às vezes cansativo, Chefes de Estado. O filme promete a improbable parceria entre o Presidente dos EUA (John Cena) e o Primeiro-Ministro do Reino Unido (Idris Elba), dois líderes com uma rivalidade pública explosiva, obrigados a se unir contra um inimigo comum e embarcar numa fuga internacional de tirar o fôlego. A brilhante agente do MI6, Noel (Priyanka Chopra Jonas), completa o trio, e o resultado é uma mistura de ação, comédia e thriller que, por mais que não reinvente a roda, entrega algumas boas risadas e sequências de ação bem coreografadas.

A direção de Илья Найшуллер, conhecido por seu estilo visual visceral em Hardcore Henry, é, em Chefes de Estado, mais contida. A câmera acompanha a ação com eficiência, mas sem a mesma loucura frenética de seu trabalho anterior. Isso, paradoxalmente, tanto ajuda quanto prejudica o longa. A ação fica mais clara e fácil de acompanhar, mas perde um pouco daquela energia única que tornou Hardcore Henry tão memorável. O roteiro de Josh Appelbaum, André Nemec e Harrison Query, por sua vez, oscila entre momentos brilhantes de humor e diálogos um tanto cansativos. Há uma tentativa clara de criar uma dinâmica divertida entre Cena e Elba, e em alguns pontos eles conseguem, mas outras vezes a piada se arrasta demais, perdendo a graça.

Cena e Elba carregam o filme em seus ombros, e ambos entregam atuações sólidas, embora um pouco previsíveis. Cena, como sempre, compensa sua falta de sutileza com carisma, enquanto Elba demonstra mais uma vez sua capacidade de ser charmoso e ameaçador ao mesmo tempo. Priyanka Chopra Jonas, infelizmente, fica um pouco relegada a um segundo plano, mesmo com seu personagem sendo crucial para a trama. Paddy Considine como o vilão, Viktor Gradov, é eficaz, criando uma ameaça real sem cair em caricaturas. Carla Gugino, como a vice-presidente Elizabeth Kirk, adiciona um toque de seriedade e poder que equilibra a comédia.

A maior força do filme é, sem dúvida, a sua sequência de ação. As cenas de perseguição e tiroteio são bem elaboradas e editadas, mantendo o espectador na ponta da cadeira. Mas aqui reside também sua maior fraqueza. O excesso de diálogos em detrimento de mais ação, conforme mencionado em uma das críticas que li (e com a qual concordo, parcialmente), prejudica o ritmo do filme. Senti, em vários momentos, que a narrativa poderia ser mais concisa e direta. Apesar de uma tentativa de explorar o tema da aliança transatlântica e as tensões entre os dois países, o roteiro não aprofunda suficientemente esses aspectos, deixando-os como pano de fundo para a trama principal. A intenção de criar uma comédia leve, no entanto, é bem sucedida em várias ocasiões, oferecendo momentos hilários e inesperados.

Chefes de Estado, lançado em 2025, não é um filme para a posteridade, mas funciona como um entretenimento leve e divertido. Ele entrega o que promete: ação, comédia e um pouco de suspense. Se você está procurando uma produção intelectualmente estimulante, procure outro filme. Mas se quer apenas desligar o cérebro e se divertir com duas grandes estrelas de Hollywood numa aventura global, vale a pena dar uma olhada, principalmente em plataformas digitais após sua passagem pelos cinemas. A recepção da crítica tem sido mista, mas eu diria que a experiência de assistir Chefes de Estado é similar à de comer um ótimo lanche de fast-food: você sabe que não é algo excepcionalmente saudável, mas você come e se diverte enquanto dura. E, nesse caso, o “dura” é relativamente curto – algo que, pensando bem, pode até ser considerado um ponto positivo.

Em resumo: Uma comédia de ação divertida, mas superficial. Recomendo para os fãs de Cena e Elba e para aqueles que apreciam filmes de ação sem pretensões artísticas elevadas.