Chicago P.D.: Uma Ode à Fúria e à Frustração, Onze Anos Depois
Onze anos. Onze anos desde que o Distrito 21 invadiu nossas telas, prometendo um mergulho visceral no submundo criminal de Chicago. Em 2014, o universo Law & Order expandia seus tentáculos com essa série policial que, apesar de suas inegáveis imperfeições, se tornou um gigante da TV, alcançando em 2025 sua décima primeira temporada. E, cá entre nós, depois de tantos anos, a pergunta que fica é: será que a chama ainda arde forte?
A premissa é simples, mas eficaz: acompanhamos a rotina frenética dos policiais do Distrito 21, divididos entre as patrulhas de rua e a Unidade de Inteligência, liderada pelo enigmático e moralmente ambíguo Hank Voight (Jason Beghe). Drama, perseguições, tiroteios, investigações complexas – o pacote completo do gênero policial, temperado com doses generosas de tensão e violência, que não poupa nem os próprios heróis. A série nunca se esquivou da complexidade moral, apresentando personagens cheios de defeitos, capazes de atos questionáveis em nome da “justiça”.
A direção, ao longo das temporadas, teve seus altos e baixos. Houve momentos de pura maestria cinematográfica, cenas de ação impecáveis que prendiam o espectador à tela, e outras em que a narrativa parecia se perder em um mar de clichês. O roteiro, muitas vezes, tropeça em si mesmo, optando pelo melodrama gratuito em detrimento de um desenvolvimento mais orgânico dos personagens. A dependência de arcos narrativos longos e tortuosos, às vezes, se torna cansativa, mesmo para os fãs mais devotos.
Atributo | Detalhe |
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Criadores | Dick Wolf, Matt Olmstead |
Elenco Principal | Jason Beghe, Marina Squerciati, Patrick John Flueger, LaRoyce Hawkins, Benjamin Levy Aguilar |
Gênero | Crime, Drama |
Ano de Lançamento | 2014 |
Produtoras | Universal Television, Wolf Entertainment |
Mas é no elenco que Chicago P.D. encontra seu maior trunfo. Jason Beghe, como Voight, entrega uma performance memorável, construindo um personagem fascinante e multifacetado. Sua ambiguidade moral é o que torna o personagem tão cativante, mesmo quando seus métodos beira a ilegalidade. A química entre os membros da equipe também é um ponto forte. A relação entre Ruzek (Patrick John Flueger) e Burgess (Marina Squerciati), por exemplo, evoluiu ao longo dos anos, oferecendo uma camada de humanidade e afeto que contrasta com a brutalidade do dia a dia policial. A chegada de personagens como o Dante Torres (Benjamin Levy Aguilar) trouxe um frescor à dinâmica do grupo, injetando novas perspectivas e conflitos.
O que Chicago P.D. faz bem é explorar temas relevantes e complexos. A corrupção policial, a violência urbana, a desigualdade social – a série não se esquiva de retratar a dura realidade das ruas de Chicago. Porém, a abordagem nem sempre é sutil, e o apelo emocional, por vezes, se sobrepõe à nuance, resultando em alguns momentos de pura manipulação sentimental. Essa é, talvez, a maior fraqueza da série: a linha tênue entre o drama visceral e a dramatização gratuita muitas vezes é ultrapassada.
No fim das contas, Chicago P.D. é uma série polarizadora. A recepção da crítica tem sido dividida desde o lançamento, com alguns elogiando sua intensidade e outros criticando sua previsibilidade e excesso de melodrama. Para mim, Chicago P.D. se tornou um guilty pleasure, uma montanha-russa emocional que, apesar de seus defeitos, me prende à tela semana após semana. Se você procura uma série policial realista e sem papas na língua, cheia de ação e personagens complexos, Chicago P.D. pode ser a escolha certa. Mas esteja preparado para momentos de pura frustração e para algumas reviravoltas previsíveis. A recomendação é: assista, mas não espere uma obra-prima. É um entretenimento sólido, mas imperfeito, que encontra sua força na química do elenco e na coragem de abordar temas difíceis. Se você já está a bordo desde 2014, bem vindo ao clube. Se você está pensando em embarcar agora, em setembro de 2025, prepare-se para uma longa e, às vezes, cansativa, jornada.