Compulsion: Um thriller que te prende, mas não te conquista totalmente
Neil Marshall, nome que ecoa em meus ouvidos com a força de um rugido de criatura mitológica (pensem em Dog Soldiers e The Descent), entregou em 2024 o longa-metragem Compulsion. Um ano depois, ainda me pego pensando nesse thriller de terror que, apesar de suas promessas iniciais e momentos brilhantes, se perde em um labirinto de potencial desperdiçado.
A trama acompanha Evie Kawalska (uma Anna-Maria Sieklucka que, digamos, está longe de seu desempenho em 365 Dias), envolvida em uma teia de suspense e perigo após um encontro fatídico. O que se segue é uma jornada carregada de mistério, reviravoltas e uma atmosfera carregada de suspense. Não posso dizer muito mais sem entregar os principais plot twists, mas posso afirmar que a premissa é bastante instigante.
A direção de Marshall, normalmente impecável na construção de tensão, aqui oscila. Há momentos de real maestria, cenas filmadas com uma precisão cirúrgica que te prendem à tela com unhas e dentes. A fotografia, por exemplo, contribui muito para isso, explorando a escuridão e os jogos de luz e sombra com extrema habilidade. Porém, a narrativa, escrita pelo próprio Marshall, apresenta alguns buracos e escolhas narrativas que me deixaram um tanto frustrado. Certos elementos são introduzidos com grande pompa e circunstância, apenas para serem deixados de lado sem uma resolução satisfatória.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Neil Marshall |
Roteirista | Neil Marshall |
Produtor | Kristyna Sellnerova |
Elenco Principal | Anna-Maria Sieklucka, Charlotte Kirk, Zach McGowan, Giulia Elettra Gorietti, Harvey Dean |
Gênero | Thriller, Terror |
Ano de Lançamento | 2024 |
O elenco, no geral, faz o que pode com o material que lhe é dado. Sieklucka demonstra um esforço evidente, mas sua personagem permanece superficial, impedindo uma conexão emocional mais profunda com o público. Charlotte Kirk, como Diana Shaw, consegue momentos de brilho, e o sempre confiável Zach McGowan cumpre seu papel com competência. No entanto, é o roteiro, infelizmente, que trava as performances.
Os pontos fortes de Compulsion residem em sua atmosfera claustrofóbica e na capacidade de manter a tensão em alguns momentos específicos. A trilha sonora, com suas nuances sombrias e tensas, contribui significativamente para criar uma experiência imersiva. Entretanto, o filme peca pela falta de coesão narrativa e pela subutilização de seu elenco. A construção da trama é, em partes, previsível e as reviravoltas, embora presentes, não conseguem surpreender completamente.
O filme toca em temas interessantes, explorando a fragilidade da psique humana em situações extremas e a complexidade das relações humanas. Há, porém, uma certa superficialidade na abordagem desses temas, impedindo que Compulsion alcance seu pleno potencial. A mensagem, se é que existe uma mensagem central, fica diluída em meio à trama sinuosa e, em alguns momentos, desorganizada.
Em suma, Compulsion é uma experiência cinematográfica irregular. Um thriller que promete muito, mas não consegue entregar plenamente. Se você é fã de Neil Marshall e aguenta uma trama um tanto desorganizada, vale a pena assistir. Mas, se você espera um thriller psicológico coeso e impecavelmente escrito, pode ficar decepcionado. A recomendação é condicionada: assista somente se você estiver preparado para um filme que brilha em momentos específicos, mas que se perde em outros. No final, para mim, ficou a sensação de um enorme potencial desperdiçado, o que é ainda mais doloroso considerando o talento do diretor. De todo modo, fica a espera por um próximo projeto que restaure a minha fé em sua capacidade. A expectativa é grande.