Competição Oficial: Uma Comédia Amarga com Toques de Genialidade
Confesso, cheguei a “Competição Oficial” com certa desconfiança. Mais uma comédia sobre egos inflados em Hollywood? Já vi isso antes, pensei. Mas, a sinopse me instigou: um bilionário excêntrico quer deixar sua marca no mundo com um filme, e para isso, contrata uma diretora visionária e dois astros com egos gigantescos para uma competição nada amistosa. A combinação de Antonio Banderas, Penélope Cruz e Oscar Martínez já era quase garantia de um bom entretenimento, e, felizmente, o longa-metragem entregou muito mais do que eu esperava.
O filme, lançado originalmente em 2021 e chegando aos cinemas brasileiros em 2022, acompanha a produção de um filme dentro do filme, um meta-cinema inteligente e divertido. Sem revelar muito, acompanhamos a jornada tortuosa de Félix Rivero (Banderas), um astro de Hollywood com um ego inabalável, e Iván Torres (Martínez), um ator de teatro experimental e igualmente vaidoso. Ambos competem pelo papel principal no filme do bilionário Suárez (José Luis Gómez), sob a direção da excêntrica Lola Cuevas (Cruz). As provas impostas por Lola para testar os atores são o coração da narrativa, uma sucessão de esquetes bizarras e hilariantes que servem como um espelho para as personalidades complexas dos personagens.
A direção de Gastón Duprat e Mariano Cohn é impecável. A dupla argentina demonstra um domínio magistral da comédia, equilibrando o humor ácido com momentos de verdadeira dramaticidade. O roteiro, escrito por eles mesmos e Andrés Duprat, é afiado e inteligente, cheio de diálogos espirituosos e reviravoltas inesperadas. A construção dos personagens é notável, principalmente a construção da rivalidade, ao mesmo tempo cômica e profundamente humana, entre Banderas e Martínez. Ambos entregam performances de tirar o fôlego, explorando as nuances de seus personagens com maestria. Penélope Cruz, como a diretora, é a força motriz do filme, conduzindo a narrativa com carisma e um toque de loucura deliciosa. A química entre os três atores principais é palpável, carregando a narrativa com uma energia contagiante.
Atributo | Detalhe |
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Diretores | Gastón Duprat, Mariano Cohn |
Roteiristas | Mariano Cohn, Andrés Duprat, Gastón Duprat |
Produtor | Jaume Roures |
Elenco Principal | Antonio Banderas, Penélope Cruz, Oscar Martínez, José Luis Gómez, Manolo Solo |
Gênero | Comédia, Drama |
Ano de Lançamento | 2021 |
Produtoras | The Mediapro Studio, TV3, Orange, TVE |
Apesar dos seus méritos, o longa-metragem não está isento de críticas. Em alguns momentos, o humor pode parecer um pouco exagerado para alguns espectadores. A construção da narrativa, baseada em sketches, pode se mostrar inconsistente para outros. Há uma certa previsibilidade em alguns arcos narrativos, mas isso não desmerece o talento envolvido e o brilhante trabalho como um todo.
“Competição Oficial” explora temas como a busca pela imortalidade, a vaidade artística e a natureza efêmera da fama. Através da lente do humor, o filme nos faz refletir sobre a fragilidade do ego e a importância de reconhecer nossas próprias limitações. A mensagem final, embora implícita, é poderosa: o legado verdadeiro não se encontra na glória passageira, mas na autenticidade da experiência humana.
Em 2025, olhando para trás, percebo que “Competição Oficial” não foi apenas uma comédia divertida, mas uma obra inteligente e perspicaz, com atuações memoráveis que cativam o espectador e proporcionam reflexões profundas. Apesar das pequenas imperfeições, recomendo fortemente este filme a todos que apreciam uma boa comédia com uma pitada de drama existencial. A combinação de humor ácido, atuações impecáveis e uma direção precisa faz com que o filme se destaque na multidão de produções que chegam às plataformas digitais a cada dia. É um filme que vale a pena ser visto e apreciado, uma verdadeira pérola do cinema contemporâneo.