Contos do Caçador de Sombras: Uma Aventura Mística que Merece uma Segunda Chance?
Passaram-se seis anos desde que Contos do Caçador de Sombras chegou aos cinemas brasileiros, em 7 de outubro de 2020. Lembro-me da expectativa em torno do lançamento, Jackie Chan em um filme de fantasia chinesa? Parecia uma fórmula imbatível. E, em parte, foi. Mas, olhando para trás, o filme, dirigido por Yan Jia, carrega uma complexidade que merece uma revisitação crítica, além daquela efêmera onda inicial de entusiasmo.
A trama, sem grandes spoilers, apresenta Pu Songling, o icônico caçador de demônios, enfrentando um novo desafio: o sequestro de jovens meninas em uma comunidade onde humanos e criaturas fantásticas coexistem. A fórmula é clássica, a ação garantida, mas a verdadeira pergunta é se o filme consegue transcender o previsível.
A direção de Yan Jia, por vezes, brilha na construção de cenários exuberantes e sequências de ação vibrantes, típicas do cinema de artes marciais. Jackie Chan, apesar da idade, ainda demonstra sua maestria nas lutas coreografadas, entregando cenas memoráveis que soam como uma retrospectiva carinhosa de sua carreira. Entretanto, há momentos em que a direção se perde em um ritmo irregular, com alguns cortes abruptos que prejudicam o fluxo narrativo.
Atributo | Detalhe |
---|---|
Diretor | Yan Jia |
Roteirista | Boham Liu |
Produtor | Kiefer Liu |
Elenco Principal | Jackie Chan, 钟楚曦, 阮經天, 林柏宏, 喬杉 |
Gênero | Ação, Fantasia, Família, Aventura |
Ano de Lançamento | 2019 |
Produtoras | Golden Shore Films & Television, Sparkle Roll Media, iQiyi Motion Pictures, Golden Network Asia |
O roteiro, assinado por Boham Liu, apresenta uma premissa interessante, explorando a rica mitologia chinesa com criaturas fantásticas e um toque de magia. A dinâmica entre os personagens, interpretados por um elenco talentoso que inclui 钟楚曦 (Nie Xiaoqian), 阮經天 (Yan Chixia/Ning Caichen), 林柏宏 (Yan Fei) e 乔杉 (Liu Quanzhen), funciona em alguns momentos, gerando humor e momentos emocionais. Porém, o desenvolvimento de alguns personagens fica superficial, faltando profundidade para tornar a experiência mais envolvente. O roteiro aposta na fórmula de aventura familiar, mas a transição entre os tons de humor, drama e ação nem sempre é suave.
A atuação de Jackie Chan é, como esperado, um ponto forte. Seu carisma inegável sustenta boa parte do filme, mesmo com o roteiro apresentando algumas falhas. Os demais atores cumprem seus papéis de forma competente, mas nenhum se destaca com uma performance memorável além do próprio peso da narrativa.
Entre os pontos fortes, a estética visual se destaca, com cenários belíssimos e figurinos que transportam o espectador para um mundo mágico e vibrante. A ação, apesar das inconsistências de ritmo, é bem executada, oferecendo momentos de pura diversão. Por outro lado, o filme peca pela previsibilidade da trama, o que compromete o elemento surpresa. A profundidade emocional dos personagens, como mencionado, também deixa a desejar.
Em termos de tema, o filme aborda a importância da preservação da paz e da harmonia entre diferentes mundos, um tema que ressoa de forma sutil, mas presente. Há uma mensagem subjacente sobre a importância da família e da proteção dos inocentes, valores universais que funcionam como um apelo para um público familiar.
Ao final da projeção, a sensação é de que Contos do Caçador de Sombras foi uma oportunidade perdida. Um filme com um elenco estelar e uma premissa promissora, mas que acabou preso em uma execução mediana. Não é um filme ruim, mas não chega a ser extraordinário. Recomendo a sua exibição somente se você for fã de Jackie Chan e apreciar filmes de fantasia chinesa com ação leve e um toque de humor familiar, sem se preocupar muito com a profundidade da narrativa. Caso contrário, talvez seja melhor investir seu tempo em outros títulos. A produção, envolvendo grandes estúdios como Golden Shore Films & Television e iQiyi Motion Pictures, teve uma recepção discreta, o que reforça a impressão de que o filme não conseguiu atingir seu potencial máximo.