Counterpunch

Counterpunch: Um Soco na Cara da Indústria, ou Apenas Mais um Soco no Ar?

Doze anos se passaram desde que Kenneth Castillo nos presenteou com Counterpunch, e, cá entre nós, a memória coletiva parece ter poupado esse filme do seu devido lugar na história do cinema de ação. Talvez seja a falta de um grande estúdio por trás, talvez seja a ausência de um nome estrondoso no elenco (embora Danny Trejo, sempre impecável, esteja lá para nos lembrar que a força não precisa vir em pacotes hollywoodianos). Seja qual for a razão, Counterpunch, de 2013, merece uma segunda chance, uma reavaliação, se você me permite usar uma linguagem mais contemporânea, um revival – e é isso que este texto pretende ser.

O longa-metragem acompanha Manny Navarro (Trejo), um ex-boxeador que se vê envolvido num perigoso jogo de vingança e traição. Sua trajetória se cruza com a de outros personagens complexos, envolvidos numa trama de crimes internacionais e disputas de poder, num clima denso e carregado de tensão que te prende à tela. O roteiro, escrito pelo próprio Castillo, não se esmera em sutilezas: é direto, cru, um tapa na cara, no melhor sentido da palavra, se você curte essa estética pulp de ação visceral.

A direção de Castillo é, digamos, honesta. Não há pretensão de arte cinematográfica, mas há uma competência técnica razoável, capaz de sustentar a ação frenética e as sequências de luta, que são, sim, o ponto alto do filme. A câmera acompanha a violência com certa brutalidade, sem fugir do impacto dos golpes, num estilo que lembra os clássicos filmes de ação dos anos 80, mas com uma sensibilidade moderna. As locações, por exemplo, contribuem significativamente para a atmosfera carregada do filme.

E as atuações? Danny Trejo, como sempre, é um monstro sagrado. Sua atuação é contida, mas carregada de uma força silenciosa que o torna incrivelmente crível no papel do ex-boxeador marcado pelo passado. Steven Bauer e Alvaro Orlando o acompanham com performances sólidas, dando peso e profundidade aos seus personagens, mesmo quando a trama se mostra um tanto previsível. Camila Banus e Oscar Torre, apesar do menor tempo em tela, contribuem para enriquecer o universo do filme.

Porém, Counterpunch não é perfeito. O roteiro, apesar de direto, peca em alguns momentos pela simplicidade e previsibilidade. A trama, embora envolvente, não escapa de alguns clichês do gênero. Os diálogos, em alguns momentos, poderiam ser mais inspirados. Não podemos esquecer também que, em 2025, alguns aspectos técnicos do filme se mostram datados, especialmente comparado com as produções atuais em termos de efeitos visuais e edição de cenas de ação, que, apesar da competência, não estão no mesmo patamar dos filmes do gênero que foram produzidos recentemente.

Apesar de seus defeitos, Counterpunch transcende o simples entretenimento. O filme explora, de forma sucinta, mas eficaz, temas como lealdade, vingança e a busca por redenção, tudo dentro de um universo masculino bastante específico, o que acaba por se tornar um de seus pontos de destaque: a narrativa focada, mesmo que um tanto estereotipada, no universo masculino. A mensagem, embora não seja declarada explicitamente, é clara: a violência é um ciclo vicioso que precisa ser quebrado.

Em resumo, Counterpunch é um filme de ação honesto, com um elenco competente e uma trama envolvente, mesmo que previsível. Não é uma obra-prima, mas é um exemplar exemplarmente competente do gênero que agrada quem procura um filme sem firulas, sem pretensões, direto ao ponto. Se você busca um longa-metragem repleto de explosões, tiroteios e socos certeiros, sem grandes pretensões narrativas, que busca na visceralidade do confronto físico sua principal força, então Counterpunch pode te agradar bastante. Recomendado para fãs do gênero que buscam um filme sem grandes pretensões artísticas, mas com ação de qualidade. Você pode encontrá-lo em diversas plataformas digitais, então, dê uma chance para este filme quase esquecido. Você pode se surpreender.