Crescer Não é Brincadeira: Uma Comédia Familiar que Acerta e Erra no Caminho
Confesso que cheguei a Crescer Não é Brincadeira com um certo ceticismo. Mais um filme familiar polonês? A sinopse, com sua fórmula “gamer mimado aprende lições de vida”, não me enchia de entusiasmo. Mas três anos após sua estreia no Brasil (em 18/07/2022), aqui estou, refletindo sobre uma experiência que, apesar de seus tropeços, me surpreendeu positivamente em alguns pontos. O longa acompanha Waldek Banaś, um gamer obcecado por um torneio crucial, cujo mundo cuidadosamente construído desaba com a doença da mãe e a chegada inesperada de uma tia excêntrica. A jornada dele, entre telas brilhantes e a dura realidade da vida, é o cerne da narrativa.
Direção, Roteiro e Atuações: Um Balanço Precário
Kristoffer Rus, na direção, opta por uma abordagem segura, sem grandes riscos estéticos. A fotografia é competente, sem ser memorável, servindo bem à história sem se destacar. O roteiro de Agnieszka Dąbrowska, por sua vez, é onde o filme oscila entre o acerto e o erro. Há momentos de genuína emoção, especialmente nas cenas que exploram a relação de Waldek com a mãe, interpretada com sensibilidade por Dorota Kolak. A química entre ela e Maciej Karaś, no papel do protagonista, é palpável e carregada de um afeto crível que salva algumas cenas mais previsíveis.
No entanto, o roteiro peca pela previsibilidade em outros momentos. A trajetória de Waldek é bastante linear, e alguns personagens, como a tia excêntrica interpretada por Karolina Gruszka, caem em arquétipos manjados. Embora a atuação de Gruszka tenha momentos de brilho, o personagem em si poderia ter sido explorado com maior profundidade e originalidade. Patryk Siemek, como Staszek, o amigo de Waldek, cumpre seu papel, mas sem grandes destaques. Já Amelia Fijałkowska como Delfina, apresenta uma personagem mais interessante e com potencial que, infelizmente, não é totalmente explorado.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Kristoffer Rus |
| Roteirista | Agnieszka Dąbrowska |
| Produtor | Mikołaj Pokromski |
| Elenco Principal | Maciej Karaś, Amelia Fijałkowska, Patryk Siemek, Dorota Kolak, Karolina Gruszka |
| Gênero | Família, Comédia |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtoras | Pokromski Studio, Mazowiecki i Warszawski Fundusz Filmowy, Mazowiecki Instytut Kultury |
Pontos Fortes e Fracos: Uma Balança Desequilibrada
O maior trunfo de Crescer Não é Brincadeira reside em sua capacidade de abordar temas importantes com leveza, sem cair no sentimentalismo excessivo. A doença da mãe, o medo da perda, a importância da família, são temas difíceis, mas tratados com sensibilidade e respeito. A comédia, embora às vezes previsível, funciona como um contraponto eficiente aos momentos mais dramáticos.
Porém, a previsibilidade da trama é seu calcanhar de Aquiles. Sabemos para onde a história se dirige desde o início, e a falta de reviravoltas significativas diminui o impacto emocional em momentos-chave. A construção de alguns personagens secundários também deixa a desejar. Eles existem para servir à narrativa central, mas faltam nuances que os tornassem mais memoráveis e complexos.
Temas e Mensagens: Lições de Vida Embrulhadas em Comédia
A mensagem central do filme é clara: crescer exige renúncias, mas também traz recompensas inestimáveis. Waldek precisa aprender que a vida vai além dos videogames e que a família é o seu maior tesouro. Essa mensagem, embora simples, é eficaz e ressoa, principalmente, para um público jovem. A obra explora a complexidade das relações familiares e a importância do apoio mútuo em momentos de dificuldade.
Conclusão: Vale a Pena Assistir?
Apesar de suas falhas, Crescer Não é Brincadeira consegue ser um filme agradável e com momentos sinceros. A atuação de Dorota Kolak e a química entre ela e Maciej Karaś valem o ingresso, principalmente para quem busca uma comédia familiar leve e sem grandes pretensões. Não espere uma obra-prima cinematográfica, mas sim uma história honesta e de fácil digestão, perfeita para uma sessão à tarde em família. Recomendo para quem procura um filme para assistir com as crianças – talvez até mais para elas do que para os adultos – mas não espere um filme que irá redefinir o gênero. Para os amantes do cinema polonês, a produção vale a pena, especialmente considerando a produção da Pokromski Studio e o apoio dos fundos de cinema polacos. A ausência de uma maior repercussão após o seu lançamento em 2022, no entanto, pode ser um indicativo de que a obra não atingiu seu pleno potencial. Vale a pena conferir, mas com expectativas gerenciadas.




