Novembro Criminoso: Um Thriller Adolescente Que Te Assombra Muito Depois dos Créditos
Oito anos se passaram desde que “Novembro Criminoso” chegou aos cinemas brasileiros em 7 de novembro de 2017, e até hoje, a imagem de Ansel Elgort como o atormentado Addison me assombra de vez em quando. Não se trata de um filme perfeito, longe disso, mas carrega uma atmosfera tão densa e uma história tão visceralmente humana que se tornou um daqueles filmes que grudam na memória, mesmo com suas imperfeições. A sinopse oficial já entrega o básico: Addison, um jovem de 18 anos, envolvido com drogas e em constante conflito com o mundo ao seu redor, se vê numa investigação pessoal após a morte de um colega de classe. Mas a sinopse não consegue capturar a força bruta da jornada emocional que o filme proporciona.
Direção, Roteiro e Atuações: Um Trio de Forças Opostas
Sacha Gervasi, na direção, imprime uma estética sombria e visceral, que reflete perfeitamente o estado mental de Addison. A fotografia é escura, quase claustrofóbica, espelhando a angústia interna do personagem. O roteiro, assinado por Steven Knight e Gervasi, é um misto de acertos e erros. Há momentos de tensão palpável, sequências brilhantes que te prendem à cadeira, mas também alguns desvios narrativos que poderiam ter sido melhor explorados ou, quem sabe, simplesmente cortados. O diálogo, em alguns momentos, soa um pouco artificial, mas isso acaba sendo compensado pelas atuações excepcionais do elenco.
Elgort, longe da imagem “bonzinho” que alguns papéis anteriores lhe renderam, entrega uma performance crua e intensa. Ele é Addison: sua raiva, sua insegurança, sua fragilidade e sua busca desesperada por justiça são palpáveis. Chloë Grace Moretz, como Phoebe, a amiga de Addison, contribui com uma atuação equilibrada e complementa perfeitamente a energia de Elgort. David Strathairn e Catherine Keener, em papéis menores, mas cruciais, adicionam camadas de complexidade à narrativa. A química entre o elenco é inegável e funciona como um elo essencial para prender o público a essa história tão perturbadora.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Sacha Gervasi |
| Roteiristas | Steven Knight, Sacha Gervasi |
| Produtores | Beth O'Neil, Erika Olde, Ara Keshishian, Marc Bienstock |
| Elenco Principal | Ansel Elgort, Chloë Grace Moretz, David Strathairn, Catherine Keener, Terry Kinney |
| Gênero | Crime, Drama, Mistério, Thriller |
| Ano de Lançamento | 2017 |
| Produtoras | Black Bicycle Entertainment, Lotus Entertainment, Stage 6 Films, Ingenious Media, Olfactory Productions, Treetop Pictures, B.I.G. |
Forças e Fraquezas: A Dualidade do Filme
A maior força de “Novembro Criminoso” reside na sua capacidade de nos apresentar um personagem complexo, cheio de nuances e contradições. Addison não é um herói, nem um vilão. Ele é um jovem perdido, lutando contra seus próprios demônios e tentando encontrar seu lugar no mundo. A atmosfera opressiva e a crescente tensão são outras qualidades indiscutíveis do filme. Porém, alguns elementos da trama ficam um pouco soltos, faltando um pouco de coesão em alguns momentos, o que poderia afetar a imersão de alguns espectadores. A própria investigação de Addison, por vezes, parece atropelar algumas pistas ou se perder em detalhes desnecessários. Apesar disso, o conjunto da obra consegue transcender essas falhas, principalmente pela força de seu núcleo emocional.
Temas e Mensagens: A Busca por Justiça e o Peso da Perda
A morte de Kevin, o assassinato que desencadeia a trama, funciona como um catalisador para que Addison enfrente seus próprios traumas, principalmente a perda recente de sua mãe. O filme explora temas como luto, vingança, justiça e a busca por significado numa sociedade que, para muitos jovens, parece indiferente e hostil. A fragilidade da vida, a perda precoce, a dificuldade da adolescência e a busca pela justiça se fundem de maneira convincente, criando uma narrativa sombria que, ao mesmo tempo, consegue ser profundamente comovente.
Conclusão: Um Filme que Fica com Você
“Novembro Criminoso” não é um filme para todos. Sua atmosfera densa e sua abordagem crua podem afastar alguns espectadores. Mas para aqueles que se dispuserem a mergulhar na complexidade de Addison e no universo sombrio que o cerca, a experiência será recompensadora. Apesar de suas imperfeições narrativas, o filme entrega uma experiência cinematográfica memorável, impulsionada pelas atuações excepcionais e pela direção visceral. No fim das contas, é um thriller que te acompanha muito depois que os créditos finais rolam, e isso, em si, já é uma conquista e tanto. Recomendo a todos que curtem thrillers com uma pegada mais independente e que buscam algo além do óbvio em plataformas de streaming. A jornada de Addison vale a pena.




