Crush à Altura 2

Crush à Altura 2: O peso da popularidade

Três anos se passaram desde que Jodi Kreyman conquistou nossos corações (e a atenção de Jack) em “Crush à Altura”. Em 2022, o longa-metragem chegou aos cinemas brasileiros, prometendo mais do mesmo, e, em parte, entregou. A sinopse oficial nos garante uma continuação da jornada de Jodi: após o sucesso do baile e a consolidação de sua popularidade, ela precisa lidar com a pressão da nova vida e as complexidades de relacionamentos em um mundo que, de repente, parece muito menor. Novas amizades surgem, enquanto outras são colocadas à prova, e a máscara da felicidade começa a rachar, revelando as inseguranças que persistem, mesmo sob os holofotes.

A diretora Emily Ting, novamente, assume as rédeas da produção, e apesar de não ter reinventado a roda, conseguiu conduzir a narrativa com uma destreza que, em alguns momentos, se aproxima da sensibilidade de um filme independente, e em outros, da previsibilidade de um filme para adolescentes da Disney Channel. A direção é competente, mas não chega a ser brilhante. O ritmo, embora às vezes um pouco arrastado, funciona de forma coerente com o desenvolvimento da trama, permitindo que as emoções se instalem e que a personagem principal, magistralmente interpretada por Ava Michelle, se torne ainda mais cativante.

O roteiro de Sam Wolfson, porém, é onde reside o maior ponto de divergência. Enquanto o primeiro filme possuía um charme singelo e uma premissa original, a continuação sofre com uma certa falta de ousadia, recorrendo a clichês do gênero teen movie. A trama se desenrola de forma previsível, os conflitos são facilmente solucionáveis, e a sensação de genuína ameaça ao status quo de Jodi é sutilmente abafada. Isso não quer dizer que Crush à Altura 2 não tenha seus momentos de brilhantismo. Algumas cenas, em especial aquelas que exploram as nuances da relação de Jodi com sua irmã, Harper (Sabrina Carpenter), são verdadeiros acertos, revelando uma profundidade emocional que surpreende pela sua sutileza.

As atuações, em sua grande maioria, são admiráveis. Ava Michelle continua sendo a estrela principal, carregando o filme em seus ombros com uma performance sensível e convincente. Griffin Gluck, como Jack, também entrega uma atuação sólida, apesar do personagem em si não ter a complexidade necessária para explorar todas as potencialidades do ator. O elenco de apoio, formado por talentos como Clara Wilsey e Angela Kinsey, contribui para a dinâmica geral do filme, mesmo com seus papéis um pouco estereotipados.

O ponto forte indiscutível do longa é sua abordagem sensível à pressão da popularidade e da construção da identidade na adolescência. O filme explora as inseguranças que podem permear até mesmo as vidas aparentemente perfeitas, evidenciando a importância da autenticidade e da aceitação de si mesmo. Porém, esse tema, embora bem explorado, fica sufocado pela previsibilidade da trama, que se torna, em muitos momentos, rasa. Esse é o seu maior ponto fraco: a falta de inovação.

Em resumo, Crush à Altura 2 é um filme agradável, mas que não consegue transcender as expectativas criadas pelo seu antecessor. Enquanto entrega mais momentos de comédia romântica e dramas adolescentes, falta-lhe a coragem para abraçar a sua própria originalidade. Se você é um fã incondicional do primeiro filme, provavelmente irá curtir essa continuação, especialmente pelas ótimas performances e pela abordagem honesta dos temas abordados. Entretanto, para aqueles que procuram um filme inovador e imprevisível, talvez seja melhor procurar outras opções em plataformas digitais. A produção da Wonderland Sound and Vision, embora competente, não conseguiu criar um filme que impactasse a crítica ou o público com a mesma força do original. Por fim, recomendo Crush à Altura 2 com ressalvas: uma boa sessão de cinema para uma tarde tranquila, mas não uma obra-prima do gênero.